null Violência de gênero é tema de colóquio realizado pela Pós-Unifor

Seg, 31 Outubro 2022 10:29

Violência de gênero é tema de colóquio realizado pela Pós-Unifor

Em novembro, a Pós-Unifor realiza colóquio sobre o assunto, onde professores e especialistas se juntam para debater sobre a problemática


Em 25 de novembro é comemorado o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. A data visa incentivar as pessoas a refletir sobre as agressões sofridas por mulheres ao redor do mundo (Foto: Getty Images)
Em 25 de novembro é comemorado o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. A data visa incentivar as pessoas a refletir sobre as agressões sofridas por mulheres ao redor do mundo (Foto: Getty Images)

Entre ataques físicos, verbais e/ou psicológicos, a violência de gênero pode se manifestar de diversas maneiras: no ambiente doméstico, relacionada ao patrimônio, na falta de igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, entre outras. Essa forma de agressão atinge mulheres, membros da comunidade LGBTQIA+, e até mesmo filhos desses indivíduos, que sofrem muitas vezes os respingos dos abusos. 

Em relação à violência de gênero contra mulheres, o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de feminicídios, conforme o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). No Ceará, os números também são alarmantes. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o estado registrou 7.568 casos de violência contra a mulher entre os meses de janeiro e maio de 2022. 

Dados como estes mostram que, apesar da Lei Maria da Penha - legislação cujo principal objetivo é “criar mecanismos para proibir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher” - esse tipo de agressão só cresce no país. Assim, a contínua elaboração de políticas de igualdade de gênero se torna cada vez mais necessária no combate à violência contra a mulher e na diminuição desses casos de agressão.

Ana Cláudia Coelho Brito, psicóloga e professora do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, explica que a violência de gênero, em específico contra a mulher, é um problema que só passou a ser reconhecido pela sociedade recentemente, embora a população feminina sempre tenha vivido situações de opressão. 


“A violência contra a mulher sempre existiu em toda classe social, em toda cultura. Mas, é principalmente a partir do movimento feminista e das políticas públicas conquistadas por ele, que começa a surgir uma preocupação em tratar, em olhar, em tirar essa questão da ordem da invisibilidade, e se começa a discutir e a pensar sobre essa problemática” - Ana Cláudia Brito, docente do curso de Psicologia da Unifor

Leonardo Danziato, também docente da graduação, concorda com a afirmativa da colega e acrescenta que esse tipo de violência sempre foi muito tolerada e invisível. “As instituições sociais, como as instituições jurídicas e o próprio Estado, devido a uma tradição patriarcal e machista, são extremamente tolerantes com relação a essa violência”, reforça.

Espaço de divulgação e discussão 

Na Unifor, o Laboratório de Estudos Sobre Psicanálise, Cultura e Subjetividade (LAEpCUS), estuda a temática da violência contra as mulheres desde o início da pandemia da Covid-19, quando se percebeu aumento significativo dos casos de violência doméstica. A célula é coordenada por Danziato e pela professora Leônia Teixeira, ambos docentes da Pós-Unifor e do curso de Psicologia da instituição. 

O coordenador aponta que o LAEpCUS é um dos poucos laboratórios de psicanálise existentes na cidade de Fortaleza, com papel muito preponderante na sociedade e na comunidade acadêmica. Em virtude das pesquisas e atividades realizadas no setor, ele tem se constituído com espaço fundamental de divulgação e de discussão desse tema.  

Em meio ao contexto pandêmico, o laboratório prestou atendimento on-line a mulheres vítimas de violência doméstica, por meio de uma escuta psicanalítica. “A partir dessa escuta, pôde-se entender mais sobre esse sofrimento que essa mulher vivenciava e pensava acerca da natureza do vínculo construído dentro dessa relação de opressão”, explica Ana Cláudia, integrante do LAEpCUS. 

Essa ação resultou na produção de dois livros, formulados por integrantes do laboratório e estudiosos da área: “Violência de Gênero e Ódio ao feminino” e “Violência de Gênero - Aportes Conceituais e Estratégias de Enfrentamento”. O primeiro traz uma base teórica e fundamenta os conceitos abordados; já o segundo traz um pensamento voltado para as questões das intervenções, seja a partir das políticas de assistência social, de saúde ou de justiça. 

Colóquio "Violência de Gênero: pesquisas e intervenções no Ceará"

Com o intuito de promover debates mais aprofundados acerca da temática, o Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da Unifor realiza o colóquio "Violência de Gênero: pesquisas e intervenções no Ceará" no dia 11 de novembro, no auditório da Biblioteca Central. O evento é promovido pelo Laboratório de Estudos Sobre Psicanálise, Cultura e Subjetividade (LAEpCUS), do PPGP, aberto ao público e os interessados em participar podem se inscrever por meio deste link.

A programação inclui mesas-redondas com profissionais especialistas no assunto e conferência virtual com o professor Jean-Luc Gaspard, psicanalista da Universidade de Rennes 2, localizada na França. Além disso, o LAEpCUS realizará também o lançamento de dois ebooks sobre violência de gênero, frutos de pesquisas realizadas no laboratório e organizados pelos professores Leonardo Danziato, Leônia Cavalcante Teixeira e Jean-Luc Gaspard. 

+ Clique aqui e confira a programação completa 

Ana Cláudia, professora integrante do laboratório, afirma que iniciativas como essa são fundamentais para evidenciar, por meio de pesquisas e possibilidades de intervenção, a importância da temática e como ela pode ser combatida no estado do Ceará. “É necessário tirar essa questão da violência do âmbito privado, como se fosse algo de uma responsabilidade individual, quando é, na realidade, coletiva e social”, pontua. 

No evento, serão debatidos assuntos relacionados à violência contra a mulher e às agressões sofridas pela população LGBTQIA+, também vítima da violência de gênero, e como a Universidade pode atuar diretamente na luta contra essas formas de opressão. “É importantíssimo que a gente reserve um espaço para esse tipo de evento na academia, para promover o debate sobre violência de gênero dentro e fora dela”, afirma Danziato.

Serviço

Colóquio "Violência de Gênero: pesquisas e intervenções no Ceará" 
Data: 11 de novembro
Horário: 8h às 17h
Local: Auditório da Biblioteca Central
Clique aqui e participe