null Cinco anos após o transplante, Ariele vive infância saudável e feliz ao lado da família

Qui, 2 Setembro 2021 11:54

Cinco anos após o transplante, Ariele vive infância saudável e feliz ao lado da família

Aos três meses de vida, ela foi a paciente mais jovem a passar por um transplante cardíaco no Ceará, em 2016. Hoje, desfruta da infância como qualquer outra criança ao lado da irmã gêmea Adriely e da mãe Mirian


Ariele Vitória Rocha Silva foi diagnosticada com uma anomalia congênita e a família soube, apenas 15 dias após o nascimento, que a menina precisaria receber outro coração (Foto: Ares Soares)
Ariele Vitória Rocha Silva foi diagnosticada com uma anomalia congênita e a família soube, apenas 15 dias após o nascimento, que a menina precisaria receber outro coração (Foto: Ares Soares)

O ano era 2016, quando nasceram as gêmeas Adriely e Ariele. Elas são de Paraú, Rio Grande do Norte, a cerca de 330 quilômetros de Fortaleza. E o que seria o dia mais feliz para a mãe de primeira viagem, Mirian da Silva Rocha, tornou-se o prelúdio de uma temporada de incertezas. Logo após o parto, mãe e filhas foram separadas sem previsão do tão sonhado encontro devido às condições delicadas de saúde de Ariele e de Mirian.

“Eu fiquei internada 22 dias na UTI porque tive a síndrome de Hellp (grave hemorragia). Quando saí do hospital, vi Adriely primeiro. Ela estava em casa, no Rio Grande do Norte. Só um mês depois, vi Ariele, que estava em Fortaleza”, conta Mirian.

Ariele foi transferida para o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart, em Fortaleza, aos 15 dias de nascida. Ela havia sido diagnosticada com a síndrome do coração esquerdo hipoplásico, uma anomalia congênita grave, devido ao subdesenvolvimento do lado esquerdo do coração, que compromete a circulação do sangue. A menina foi indicada ao transplante e, aos dois meses, incluída na fila de espera

Mirian, mãe de Ariele Vitória, lembra com emoção o sim da família doadora que trouxe nova chance para a filha (Foto: Ares Soares)

“Com três dias, apareceu um coração. Só que a família não doou”, relembra a mãe. De acordo com Mirian, o tão esperado “sim” para doar um coração à sua filha só aconteceu 15 dias depois. “Eu não sabia o que fazer, só agradeci a Deus e pedi para dar tudo certo. Em nenhum momento perdi a esperança. Eu dizia ‘quanto maior a luta, maior a vitória’”.

Ariele Vitória Rocha Silva tinha três meses de vida ao receber o novo coração. Ela foi a paciente mais jovem a passar por um transplante cardíaco no Ceará. Hoje, com cinco anos, desfruta normalmente da infância como qualquer outra criança. “Tem mais energia do que todo mundo. Ela pinta, assiste televisão, vai ao parquinho de bicicleta. Leva uma vida normal, sem hipertensão, não tem nada. Ela está fazendo jiu-jitsu”, comemora Mirian.

Doe órgão, doe vida

Atualmente, há mais de mil pessoas na fila de espera por um transplante no Ceará, de acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado. E para ser um potencial doador de órgãos e tecidos, basta comunicar à família o desejo de doação. A decisão pode ser dada aos médicos, ao hospital ou à Central de Transplantes mais próxima. 

“As pessoas não sabem o que você está sentindo, elas só sabem quando estão passando. Conheço muita gente que diz que não doaria, acha que uma pessoa com morte cerebral volta. A gente tem que explicar que tem vários testes, não é só diagnosticar e pronto. Falta mais informação”, desabafa Mirian Rocha.

A  morte encefálica é a parada definitiva e irreversível do encéfalo, que é o cérebro e o tronco cerebral, provocando em poucos minutos a falência de todo o organismo. É a morte propriamente dita. No diagnóstico de morte encefálica, primeiro são feitos testes neurológicos clínicos, que são repetidos seis horas depois. Após essas avaliações, é realizado um exame complementar (um eletroencefalograma ou uma arteriografia). 

Já o transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de órgãos ou tecidos de uma pessoa doente. É um tratamento que pode salvar e melhorar a qualidade de vida de quem está à espera de uma nova chance. E um dos principais motivos para  a não doação de um órgão é a negativa familiar. Por isso é importante falar sobre a vontade de doar, conversar com familiares e amigos a respeito do assunto, pois ajuda na compreensão do tema.

Após uma recusa, Mirian viu a esperança renascer quando a segunda oportunidade surgiu para Ariele. Agora, ela e suas filhas Adriely e Ariele celebram juntas e unem-se ao Movimento Doe de Coração para sensibilizar a população à doação de órgãos e tecidos. “Doe órgão, doe vida. Faça uma boa ação”, conclui Mirian.

Tira-dúvidas sobre a doação de órgãos

O Movimento Doe de Coração, realizado anualmente pela Universidade de Fortaleza (Unifor), instituição da Fundação Edson Queiroz, disponibiliza para a população um guia de tira-dúvidas sobre a doação de órgãos e tecidos. Para conferir, clique aqui