null Profissionais de saúde mantêm realização de transplantes mesmo em tempos de Covid-19

Ter, 7 Setembro 2021 08:00

Profissionais de saúde mantêm realização de transplantes mesmo em tempos de Covid-19

Coordenadora da Central de Transplantes do Estado do Ceará, a médica Eliana Barbosa é uma das profissionais homenageadas pelo Movimento Doe de Coração. Ela destaca a gratidão à equipe e a superação na gestão de uma crise como a pandemia


Eliana Régia Brabosa
Eliana Régia Brabosa

Ainda criança, Eliana Régia Barbosa de Almeida se encantou pela área da saúde. Nos tradicionais desfiles cívicos da escola, em comemoração à Independência do Brasil (7 de setembro), ela vestia-se como médica.

“Eu escuto minha mãe sempre falando que, desde pequena, eu queria ir na parte da saúde, como médica, nos desfiles militares. Minhas brincadeiras eram sempre com essa questão de a boneca estar doente, precisar de medicação. Eu sempre dizia: ‘eu serei médica, eu quero ajudar muita gente’”, fala a coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Ceará.

Eliana Barbosa é uma das profissionais homenageadas pelo Movimento Doe de Coração 2021, iniciativa da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz. Em sua 19ª edição, a campanha homenageia os profissionais de saúde que atuaram na área de transplantes de órgãos e tecidos em 2020.

Nefrologista, é mestre em Clínica Médica na área de nefrologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e servidora pública há 28 anos. “Toda minha trajetória sempre foi voltada para o setor público. Saí da formação acadêmica para servir às pessoas, cuidar bem do ser humano”, diz.

Em 1999, assumiu a coordenadoria estadual de transplantes. Atuava diretamente com pacientes na fila de espera, mas ainda não tinha experiência em gestão. Mesmo assim, aceitou o desafio de tornar-se coordenadora.

“Mesmo antes da residência de nefrologia, eu tive contato muito próximo dos pacientes renais crônicos. Já tinha essa sensibilidade para o sofrimento desses pacientes e sabia que o transplante era a melhor opção terapêutica, especialmente pela qualidade de vida. Então, eu fui convidada a assumir a Coordenação de Transplantes do Estado do Ceará. Aceitei, mas era ao mesmo tempo um desafio por causa da gestão”, recorda.

Pandemia da Covid-19

Gerir uma coordenadoria de cobertura estadual, lidando com profissionais, pacientes e unidades de saúde nas questões relacionadas à doação e ao transplante de órgãos e tecidos, fortaleceu ainda mais a médica Eliana Barbosa. Quando surgiu a crise sanitária da Covid-19, enfrentar a pandemia foi o maior dos desafios.

“Foi muito difícil para todos, o processo de doação e transplante também foi acometido. E o Ceará foi precocemente impactado pela Covid-19, diante da nossa posição geográfica. Houve o medo do receptor (paciente que seria transplantado), dos profissionais. Inicialmente, gerou um grande receio. Mas conseguimos manter as captações, as doações. Foi muito diálogo. As equipes diuturnamente estavam trabalhando pra gente entender melhor essa doença e continuar o programa de transplantes no Estado”, ressalta.

De acordo com a médica, o Ceará saiu na frente de outros estados ao ser o primeiro no Brasil a realizar o teste RT-PCR (exame que identifica o vírus e confirma a covid-19) dos doadores. Também assegurou os equipamentos de segurança dos profissionais de saúde. “Isso foi fundamental, dava mais segurança. Mesmo diante da dificuldade que enfrentamos, conseguimos manter a realização dos transplantes. Foi muito complicado, triste. Ao mesmo tempo, temos o sentimento de missão cumprida”, declara.

Solidariedade

Para Eliana Barbosa, fica registrada a mensagem de gratidão aos profissionais de saúde “pelo esforço contínuo”. Ela relembra o quanto foi difícil para quem tem filhos, cuida da família e precisava deixar tudo para cuidar do paciente. “O transplante não tem hora para acontecer. Às vezes, a gente está em um momento de aniversário de um filho, por exemplo, e tem que sair para atender uma chamada de transplante”, e complementa: “eu tenho grande amor pelo que realizo na Central de Transplantes, na carreira. Sou apaixonada pelo que faço”, compartilha.

Sobre a homenagem do Movimento Doe de Coração, ela reforça o quanto iniciativas como essa são importantes para o reconhecimento do profissional e como a campanha é fundamental para sensibilizar as pessoas e mobilizar o estado do Ceará. “Essa homenagem está direcionada a mim, mas vejo como uma homenagem para todos que trabalham com transplantes e também para os doadores. E a Doe de Coração é muito importante para o nosso Estado, ela faz parte do Setembro Verde do Ceará. Vai além de uma campanha, é um movimento em prol da doação, mobiliza toda a sociedade”, destaca.

Hoje, a médica nefrologista e coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, sente-se orgulhosa e grata por toda sua jornada, pela superação dos desafios e o que tem construído em sua trajetória. “São desafios de ser esposa, profissional e mãe. Sou mãe de duas lindas, estudantes de medicina. Acho que, como viram essa dedicação da mãe, acabaram indo por esse caminho”.

27 de setembro

No Dia Nacional da Doação de Órgãos, 27 de setembro, o Movimento Doe de Coração realizará a solenidade de homenagem aos profissionais de saúde que se destacaram no combate à Covid-19. O evento será transmitido, às 18 horas, nas redes sociais da Unifor e TV Unifor (181 NET).

A homenagem é um reconhecimento da Fundação Edson Queiroz e da Universidade de Fortaleza ao trabalho e à dedicação dos profissionais de saúde pela realização de transplantes, mesmo em tempos de pandemia de Covid-19. Uma comissão de professores do Centro de Ciências da Saúde da Unifor foi responsável pela escolha dos homenageados. Destaques nas áreas de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Educação Física e Farmácia.

Sobre Eliana Barbosa

Mestre em Clínica Médica, na área de nefrologia, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é graduada em Medicina, com residência em Clínica Médica e em Nefrologia pela mesma universidade. Atualmente, é coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Estado do Ceará e do Departamento de Transplante da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). É membro da Comissão da Biovigilância/Anvisas, do Grupo de Assessoramento Estratégico da Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde e da Câmara Técnica de Coordenação de Transplantes da Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde. Foi membro da diretoria da ABTO no período de 2013-2019. Em 2010, realizou um “Máster Internacional en Donación y Trasplante de Órganos, Tejidos e Células - Organização Nacional de Transplantes da Espanha”. Trabalha como médica nefrologista no Instituto Dr. José Frota (IJF).