ter, 13 junho 2023 11:04
Do Ceará para o Mundo: Egressa compartilha experiência profissional em hospital americano
Graduada em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza, Renata Firmeza trabalha no centro hospitalar Cleveland Clinic, nos Estados Unidos

Sonhos, acredite neles. Apesar de clichê pelo seu uso constante ao longo das últimas décadas, a frase do pensador russo Vladimir Lenin (1870-1924) cabe como luva na trajetória de vida e profissional da cearense Renata Firmeza Heyka.
Desde criança, ela sempre nutriu o sonho de um dia não só de se tornar enfermeira, mas também de exercer a profissão nos Estados Unidos (EUA). O desejo foi se concretizando inicialmente no colégio e, depois, no curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz.
Até que, finalmente, conseguiu realizá-lo 13 anos atrás. Foi quando começou a trabalhar em Cleveland Clinic, centro hospitalar localizado em Ohio, nos EUA, e referência internacional nas áreas de cardiologia, neurologia, gastroenterologia, endocrinologia, ginecologia, nefrologia, ortopedia, pneumologia, reumatologia e urologia.
Renata conta que o sonho da enfermagem surgiu a partir da junção de duas paixões: o senso de compaixão e a ânsia de ajudar os outros. “Mas essa vontade só aumentou ao ouvir os comentários do pai médico de uma amiga minha sobre a enfermeira-chefe dele ser essencial e seu braço direito para promover sempre o melhor aos pacientes”, revela.
Mesmo antes da Colação de Grau na Unifor, ela levava essas duas virtudes para o estágio supervisionado e, já graduada, para um hospital de Fortaleza, onde atuou por um ano e meio. E foi exatamente nessa época que ela concluiu que era chegado o momento de dar um salto na carreira, rumo ao tão sonhado intercâmbio internacional.
Caminhos para o sucesso internacional
Ela relata que a escolha por trabalhar no centro hospitalar ocorreu meio por acaso, apesar de considerar que o destino também teve lá suas influências. Em seu período de intercâmbio nos EUA, a família com a qual morava e tinha boa sintonia vivia em Cleveland, no estado de Ohio.
“Quando fiz uma pesquisa sobre a cidade, fiquei bastante surpresa ao descobrir que um dos melhores hospitais do país se encontrava justamente lá. Tudo se enquadrou perfeitamente, pois assim eu tentaria trabalhar na Cleveland Clinic após adquirir a licença para exercer a minha profissão nos Estados Unidos”, conta.
Renata realizou seu sonho de ser profissional de enfermagem nos Estados Unidos quando entrou para o Cleveland Clinic (Foto: Arquivo pessoal)
Hoje Renata revela que trabalha full time e que, apesar da jornada dupla enquanto mãe de dois filhos e enfermeira, não trocaria por nada a vida que leva. Realizada profissionalmente, ela ressalta que o centro hospitalar oferece anualmente múltiplos cursos de educação continuada para os enfermeiros continuarem se especializando e aperfeiçoando profissionalmente.
“Também temos cursos online obrigatórios para serem feitos anualmente. A Cleveland Clinic é, sem dúvida, um dos melhores hospitais para se trabalhar, não só por ter os melhores profissionais de saúde, mas por ter um ambiente de trabalho muito profissional, sempre proporcionando o melhor aos pacientes”, complementa.
Saudades da Unifor
No entanto, ela viaja 18 anos no tempo e lembra, com carinho, os momentos que viveu na Universidade. Destaca, em particular, o “imenso campus” e a “biblioteca maravilhosa, com acesso fácil para as pesquisas” e cita a saudade dos amigos que fez e dos momentos que tinham no intervalo entre as aulas, sentados nos bancos.
— Renata Firmeza, egressa do curso de Enfermagem da Unifor
Renata pontua que umas das maiores dificuldades de adaptação no outro país foi a distância física da família e dos amigos no Brasil. Segundo ela, no início, a pessoa fica distraída com as novidades que traz o fato de estar em outro lugar, explorando o lado turístico e fazendo novas amizades.
“Depois de um período, começamos a sentir muita falta de tê-los [amigos e familiares] por perto. Mas, com o avanço da tecnologia e o uso de computadores, a facilidade de fazer chamadas de voz e vídeo ajudou muito durante esses períodos de saudades”, salienta.
Renata construiu uma família com seu marido no Canadá, onde cria seus dois filhos e trabalha como enfermeira (Foto: Arquivo pessoal)
Com relação às maiores dificuldades de adaptação profissional, a enfermeira cita a familiarização com os termos médicos/clínicos em inglês e a adaptação ao uso dos equipamentos hospitalares utilizados. “Mas eu encontrei por conta própria uma aula online que me ajudou muito com os termos, e isso foi muito útil para a minha adaptação”, afirma.
Dicas para dar um boost na carreira
Sobre dicas para quem está ainda cursando Enfermagem, Renata aconselha que usufrua ao máximo todos os recursos e oportunidades oferecidos pela Universidade: “Aprenda e pratique bastante durante as aulas práticas. Quanto mais experiência adquirir, melhor será para o início da sua carreira”.
Já para os enfermeiros que estão entrando no mercado, a egressa recomenda o trabalho como técnico de enfermagem. Ela lembra que, durante um ano e meio, atuou nessa função nos EUA e que foi uma das melhores experiências que teve logo que pisou em solo americano. “Aprendi muito trabalhando ao lado de profissionais experientes antes de me tornar uma enfermeira aqui”, diz.
Durante o período de transferência de créditos para o reconhecimento do diploma, a egressa conta que todas as disciplinas da Unifor foram válidas e equivalentes aos créditos nas faculdades de enfermagem nos EUA (Foto: Arquivo pessoal)
Ela também recomenda a participação em programas de intercâmbio internacional para quem deseja trabalhar em outros países. “Isso realmente me ajudou a aperfeiçoar a língua inglesa e a me integrar na cultura americana. Depois de dois anos de experiência e desenvolver fluência no inglês, iniciei o processo de credenciamento e reconhecimento do meu diploma”, ressalta.
No caso de Renata, esse processo constou do envio de documentos da Unifor para ser reconhecido/acreditado por meio da Commission on Graduates of Foreign Nursing Schools (CGFNS), a realização de um teste de enfermagem em nível superior no National Council Licensure Examination (NCLEX) e um teste de língua estrangeira (Toefl) para comprovar a sua fluência em inglês.