Bolsas em alta no exterior e queda do desemprego no Brasil são destaques em maio

sex, 7 junho 2024 08:42

Bolsas em alta no exterior e queda do desemprego no Brasil são destaques em maio

(Imagem: Getty Images)
(Imagem: Getty Images)

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.

Mercado de Capitais Internacional

A economia norte-americana desacelerou no primeiro trimestre de 2024, com o PIB crescendo apenas 1,3%, abaixo da expectativa de 1,6%, sinalizando uma tendência de menor crescimento econômico. Além disso, em abril, os indicadores de emprego apresentaram sinais de fraqueza, com a criação de 175 mil empregos, abaixo das expectativas do mercado; e a taxa de desemprego subindo para 3,9%, superando as projeções dos analistas, indicando um mercado de trabalho menos robusto. Nos índices de preços, houve alguma moderação nos números de inflação, com o núcleo da inflação do consumo (PCE) subindo apenas 0,2% em abril e alinhado com as expectativas de 2,8% em 12 meses. Diante desse crescimento econômico mais fraco e desafios no mercado de trabalho, o mercado interpretou que há espaço para uma política monetária menos contracionista no horizonte. Neste cenário, foi possível observar nas bolsas um aumento significativo do S&P 500 em 4,8% e do Nasdaq em 6,9%, em maio, impulsionados pelas perspectivas de uma política monetária mais dovish pelo Federal Reserve (FED) nos próximos períodos. 

Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) manteve sua política monetária conservadora, em meio às pressões sobre os preços. No entanto, já houve sinais positivos, com a taxa de desemprego permanecendo estável em 6,5% em março e a inflação subjacente caindo para 2,9%, indicando uma possível redução das pressões inflacionárias. O dirigente do BCE sugeriu uma possibilidade para diminuição das taxas de juros ainda em junho, à medida que a inflação converge para a meta de 2%, embora sem um compromisso antecipado. As perspectivas de políticas monetárias menos contracionistas podem ter impulsionado o sentimento dos investidores e contribuído para o aumento do índice DAX em 3,2% durante o mês de maio. 

Apesar do robusto crescimento de 5,3% do PIB no primeiro trimestre de 2024, a economia chinesa enfrentou um revés em maio, com o índice de gerentes de compras (PMI) industrial registrando uma queda para 49,5. Isso levantou preocupações sobre uma possível desaceleração, refletindo os desafios persistentes, como a crise imobiliária e os riscos de deflação. Embora o FMI tenha elevado sua previsão de crescimento do PIB para 5% este ano, destacou a necessidade de cautela devido aos obstáculos mencionados.

Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Maio/2024)

Índice / Ativo

País / Mercado

Variação (%)

Mês

Ano

12 meses

DJI

EUA

2,30

2,64

17,56

S&P 500

EUA

4,80

10,64

26,26

Nasdaq 

EUA

6,88

11,48

29,37

Dólar

Forex

0,98

8,08

3,69

Bitcoin

Investing.com

11,90

60,70

149,60

Fonte: Valor Data; Investing.com

Mercado de Capitais Nacional

No contexto brasileiro, a manutenção dos juros nos Estados Unidos, juntamente com o persistente "barulho fiscal" devido a alterações nas metas fiscais, exerceu pressão sobre o câmbio, resultando em um aumento do dólar. 

No âmbito da inflação, o índice de abril registrou um aumento de 0,38%, impulsionado principalmente pelos setores de alimentos e bebidas, que contribuíram com 0,15 ponto percentual, e saúde e cuidados pessoais, com 0,16 ponto percentual, conforme medido pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Esses dados refletem uma desaceleração em comparação com os meses anteriores, favorecendo até então o corte de juros na última reunião do Copom, que foi realizado e resultou na redução da taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,5% ao ano. Nos últimos doze meses, o IPCA registrou 3,69%, indicando um processo contínuo de desinflação.

Paralelamente, enquanto as bolsas internacionais registram significativas altas, o Ibovespa caiu 3%, sobretudo pela frustração da redução dos juros americanos no curto prazo, além da política fiscal adotada pelo governo, e do resultado dividido do último Comitê de Política Monetária (Copom), que repercutiram na performance do mercado de renda variável. 

No mercado de trabalho, a taxa de desemprego no Brasil atingiu 7,5% no trimestre encerrado em abril de 2024, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE. Este é o menor índice para um trimestre finalizado em abril desde 2014, quando estava em 7,2%. Apesar de não apresentar variação estatisticamente significativa em comparação com o trimestre anterior, que registrava 7,6%, a queda representa um marco importante, sendo a menor taxa de desocupação em uma década.

Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Maio/2024)

Índice

Variação (%)

Mês Ano 12 meses

IBOV

-3,04

-9,00

13,00

IFIX

0,02

2,14

12,24

IEE

2,36

-8,05

5,04

SMLL

-3,38

-14,52

-4,39

ISE

-3,61

-11,12

1,45

Fonte: Valor Data; Investing.com


 

Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Maio/2024)

Ação

Ticker

Variação

Preço

JBS

JBSS3

23,04%

R$ 28,84

Marfrig

MRFG3

19,37%

R$ 11,28

Vamos

VAMO3

14,06%

R$ 8,11

BRF

BRFS3

10,07%

R$ 18,58

Engie

EGIE3

9,04%

R$ 43,34

Fonte: Infomoney.com


Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Maio/2024)

Ação

Ticker

Variação

Preço

IRB

IRBR3

-25,71%

R$ 31,56

Petz

PETZ3

-20,38%

R$ 3,75

Yduqs

YDUQ3

-17,00%

R$ 12,11

Suzano

SUZB3

-16,70%

R$ 48,70

Lojas Renner

LREN3

-14,42%

R$ 13,12

Fonte: Infomoney.com

Ação estudada do mês: GRENDENE (GRND3)

a) Análise fundamentalista

Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas

Indicador

Resultado

Índice P/L

9,71

Índice P/VP

1,55

DY - Dividend Yield

5,12%

Fonte: TradeMap 
Posição: 04.06.2024

Índice P/L é calculado a partir do preço da ação dividido pelo lucro por ação anual do ativo. Ele representa o quanto o mercado está disposto a pagar pelos ganhos de uma empresa. No caso de GRND3, o P/L é igual a 9,71.

O índice P/VP é obtido após a divisão entre o preço do ativo e o valor patrimonial da empresa. No caso de GRND3, o valor do P/VP de 1,55 indica que o preço de negociação do ativo está acima do seu valor patrimonial.

Para se obter o cálculo percentual do Dividend Yield de uma empresa deve-se dividir o valor de dividendos pagos durante um determinado período pelo preço da ação, antes da distribuição de dividendos e multiplicar por 100. Através do DY é possível entender a relação entre os dividendos que a empresa distribuiu e o preço atual da ação da companhia. O DY de GRND3 é 5,12%.

Vale ressaltar que a empresa abriu capital no 2T/2004, sendo pertencente à lista de ativos do Novo Mercado da B3, o que sugere boas práticas de governança corporativa. A companhia é uma das maiores produtoras mundiais de calçados e está em busca da expansão de seus negócios internacionais.

b) Análise técnica

Gráfico 1 – Gráfico semanal GRND3



Posição: 04.06.2024

Na última edição do BMC comentamos que o ativo tentou romper a LTB (linha amarela tracejada) e a resistência na faixa R$ 7,7 (linha vermelha grossa) mas encontrou bastante rejeição. No decorrer do segundo semestre de 2023 o preço voltou a cair e testar pela segunda vez o suporte na faixa de R$ 6,00 (linha verde grossa) encontrando força compradora o que levou a uma leve subida no preço do ativo que mais uma vez tentou superar a LTB, mas sem sucesso. 

Atualmente o preço está trabalhando entre a LTB e o suporte na faixa de R$ 6,00, formando o que os analistas técnicos chamam de triângulo descendente, cuja maior probabilidade é o rompimento do suporte e continuidade de queda nos preços. 

O HMCAD se encontra em zona neutra, mas apontando para zona positiva e o IFR se encontra em zona neutra o que pode indicar a continuidade da lateralização do preço (região de consolidação entre R$ 6,00 e R$ 7,80).

Equipe de elaboração

Professores

  • Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
    Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
    CNPI-P – n. 3122
     
  • Prof. Allisson David de Oliveira Martins
    Economista - Corecon-Ce n. 3221
    CNPI – n. 3810
     
  • Prof. Ricardo Aquino Coimbra
    Economista - Corecon-Ce n. 2575
    CNPI – n. 101/00 

Alunos

  • Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
  • Filipe Barbosa Teixeira - Finanças
  • José Wilker de Sousa Martins - Ciências Econômicas
  • Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas 
  • Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas