Apesar da crise bancária nos EUA e Europa, sistema financeiro demonstra solidez e traz alívio ao mercado

ter, 11 abril 2023 09:40

Apesar da crise bancária nos EUA e Europa, sistema financeiro demonstra solidez e traz alívio ao mercado

Na economia norte-americana, a quebra do banco Silicon Valley Bank (SVB), um grande financiador de startups, pegou os correntistas de surpresa e aumentou a volatilidade dos ativos.


A crise no setor bancário americano se propagou e impactou os bancos europeus (Foto: Getty Images)
A crise no setor bancário americano se propagou e impactou os bancos europeus (Foto: Getty Images)

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.

Mercado de Capitais Internacional

Na economia norte-americana, a quebra do banco Silicon Valley Bank (SVB), um grande financiador de startups, pegou os correntistas de surpresa e aumentou a volatilidade dos ativos. A fim de prevenir uma crise financeira similar à ocorrida em 2008, o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), órgão semelhante ao FGC no Brasil, tomou a decisão de garantir a segurança dos depósitos bancários. O FED, banco central dos Estados Unidos, através de linhas especiais de recursos, injetou dólares no mercado durante março para combater a crise financeira causada pela quebra do banco SVB. A percepção da capacidade do FED em manter a solidez do sistema financeiro, juntamente com a expectativa de corte de juros, resultou em uma alta de 3,5% no índice S&P500 e 6,7% no Nasdaq.

A crise no setor bancário americano se propagou e impactou os bancos europeus, afetando os mercados das economias mais pujantes. O Credit Suisse foi uma das instituições que sofreu forte especulação em seus papéis, em função de problemas em relação à liquidez. Neste contexto, o UBS adquiriu o Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões e acalmou momentaneamente os mercados. Apesar do episódio da crise bancária, o índice da principal bolsa europeia, o DAX, encerrou o mês de março com alta de 1,7%, impulsionado pela queda na taxa anual do índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro, que passou de 8,5% em fevereiro para 6,9% na leitura preliminar de março.

Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Março/2023)

Índice / Ativo

País / Mercado

Variação (%)

Mês

Ano

12 meses

DJI

EUA

1,89

0,38

-4,05

S&P 500

EUA

3,51

7,03

-9,29

Nasdaq 100

EUA

6,7

16,77

-14,05

Dólar

Forex

-3,31

-4,22

6,84

Bitcoin

Investing.com

23,10

72,20

-37,50

Fonte: Valor Data; Investing.com



 

Mercado de Capitais Nacional

Na economia brasileira, os primeiros números da atividade econômica começaram a ser divulgados, como a produção industrial no país, que registrou queda de 0,3% em janeiro, quando comparado ao mês de dezembro/22, segundo o IBGE. A queda da atividade industrial, em grande medida, pode ser explicada pela desaceleração da economia diante de um cenário mundial e nacional, em função dos juros altos.

Na seara corporativa, alguns pedidos de recuperação judicial ocorrem no Brasil e algumas empresas de grande porte, como o grupo Petrópolis, das cervejas Itaipava e Crystal, requerem, de forma judicial, medidas para renegociar dívidas bilionárias.

No campo inflacionário, no mês de fevereiro, a inflação acelerou no Brasil, atingindo 0,84%, segundo dados do IBGE. O resultado decorreu principalmente do setor da educação, que nessa época do ano, promove reajustes nas mensalidades.

No mercado financeiro nacional, a desconfiança em relação à capacidade do governo de implementar arcabouço fiscal tem gerado oscilações nos ativos. Na bolsa, com a permanência dos riscos fiscais e do cenário de juros, o Ibovespa acumulou uma perda de 2,9% no mês de março.

Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Março/2023)

Índice

Variação (%)

Mês Ano 12 meses

BVSP

-2,91

-7,00

-15,00

IFIX

-1,69

-3,70

-0,68

IEE

1,87

-4,90

-12,01

SMLL

-1,74

-9,51

-27,95

ISE

-1,21

-7,23

-25,96

Fonte: Valor Data; Investing.com



 

Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Março/2023)

Ação

Ticker

Variação

Preço

Azul

AZUL4

+68,72%

R$ 12,03

EcoRodovias

ECOR3

+26,34%

R$ 5,18

Embraer

EMBR3

+25,32%

R$ 20,79

Gol

GOLL4

+20,80%

R$ 6,68

CCR SA

CCRO3

+16,47%

R$ 12,80

Fonte: Infomoney.com


Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Março/2023)

Ação

Ticker

Variação

Preço

Hapvida

HAPV3

-41,65%

R$ 2,62

Qualicorp

QUAL3

-21,20%

R$ 3,68

3R Petroleum

RRP3

-19,06%

R$ 29,47

Rede D'or

RDOR3

-16,87%

R$ 21,24

Arezzo

ARZZ3

-14,87%

R$ 63,51

Fonte: Infomoney.com

Índice de Ações Cearenses (IAC)

O Índice de Ações Cearenses (IAC) no mês de março obteve baixa de 21,50%, enquanto o Ibovespa no mesmo período apresentou queda de 2,91%. No acumulado do ano o IAC apresenta baixa de 26,40%, enquanto o Ibovespa apresentou queda de 7,41%. No retorno acumulado dos últimos 12 meses, o IAC apresentou desvalorização de 56,98% enquanto o Ibovespa caiu 7,40%.

Neste mês, das nove ações que compõem o índice, grande parte apresentou desempenho negativo, com destaques para: HAPV3 com desvalorização de 41,65%, MDIA3 com desvalorização de 24,87% e ARCE com desvalorização de 15,48%. Do lado positivo, merecem atenção a GRND3 e BNBR3 com altas de 9,10% e 1,28%, respectivamente.

Veja mais sobre o IAC clicando aqui.

Ação estudada do mês: PAGUE MENOS (PGMN3)

a) Análise fundamentalista

Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas

Indicador

Resultado

Índice P/L

5,47

Índice P/VP

0,59

DY - Dividend Yield

6,10%

Fonte: TradeMap
Posição: 31.03.2023

Índice P/L é calculado a partir do preço da ação dividido pelo lucro por ação anual do ativo. Ele representa o quanto o mercado está disposto a pagar pelos ganhos de uma empresa. No caso da PGMN3, o P/L é igual a 5,47.

O índice P/VP é obtido após a divisão entre o preço do ativo e o valor patrimonial da empresa. No caso da PGMN3, o valor do P/VP de 0,59 indica que o preço de negociação do ativo está próximo de 50% do seu valor patrimonial.

Para se obter o cálculo percentual do Dividend Yield de uma empresa deve-se dividir o valor de dividendos pagos durante um determinado período pelo preço da ação, antes da distribuição de dividendos e multiplicar por 100. Através do DY é possível entender a relação entre os dividendos que a empresa distribuiu e o preço atual da ação da companhia. O DY da PGMN3 é 6,10%.

Importante ressaltar que a empresa abriu capital no segundo semestre de 2020 no segmento do Novo Mercado (nível mais alto de governança corporativa). Desde a inauguração da primeira loja em maio de 1981, a Pague Menos tornou-se a segunda maior rede de farmácias do Brasil (após aquisição da Extrafarma) em termos de número de lojas, segundo dados da ABRAFARMA. Seu modelo de negócios é baseado na venda de produtos e serviços voltados para a saúde e bem-estar dos consumidores, atuando no mercado de varejo de especialidade, seguindo o conceito de drugstore. O grande objetivo da companhia é se tornar um hub integrado de saúde, com uma proposta de valor diferenciada para seus clientes.

b) Análise técnica


 

No BMC da edição de julho de 2022 o gráfico mostrava-se em tendência de queda desde o segundo semestre de 2021, após testar máximas históricas na faixa de R$ 13,50/R$ 13,75 e tentar formar um suporte (ou fundo) na mínima em torno de R$ 4,20 (linha roxa). Este suporte foi rompido ao longo de novembro de 2022 reforçando, ainda mais, a tendência de baixa, evidenciada pela linha amarela.

Equipe de elaboração

Professores

  • Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
    Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
    CNPI-P – n. 3122
     
  • Prof. Allisson David de Oliveira Martins
    Economista - Corecon-CE n. 3221
     
  • Prof. Ricardo Aquino Coimbra
    Economista - Corecon-Ce n. 2575
    CNPI – n. 101/00

Alunos

  • Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
  • Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas
  • Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas