Unifor no DNA
É dentro da imensidão azul da piscina semiolímpica do Parque Desportivo da Universidade de Fortaleza (Unifor) que a memória do empresário André Montenegro de Holanda mergulha quando ele se vê provocado a relembrar a época de estudante universitário. Aos 60 anos, o hoje Engenheiro Civil faz questão de reafirmar que foi na universidade que ele tomou gosto pela natação e outros esportes, aderindo também à prática da corrida, tudo entre uma aula e outra da primeira turma do então Curso de Informática da Unifor, da qual fez parte. Ao longo de três anos em que conciliou estudos com o início da vida empresarial e o nascimento dos primeiros filhos, André procurou aproveitar ao máximo o que o campus superestruturado já lhe oferecia, sem prever que, por motivos diversos, jamais se desligaria dele.
“Como comecei a trabalhar cedo e logo fui pai, fiquei sem tempo para concluir o Curso de Informática na Unifor. Não fui até o fim porque resolvi priorizar o trabalho para dar maior segurança financeira para minha família. Mas a essa altura já havia cursado Engenharia Civil numa universidade pública. E acabei voltando à Unifor para um curso de extensão em cálculo estrutural mais à frente. A partir daí, não parei de criar vínculos com a instituição: dei palestras como presidente do Sindicato das Construtoras, firmamos convênios para treinamentos em parceria, fiz parte do Conselho Consultivo da Unifor e, como engenheiro e proprietário de uma empresa inovadora, sempre sou convidado a compartilhar minha experiência profissional com as turmas dos formandos em engenharia. Toda essa interação me transformou em um entusiasta do ensino de excelência da Unifor e, por isso, não poderia deixar de indicar aos meus filhos a instituição que conheci por dentro e sempre admirei”, relata André.
Se a prole levou a sério a indicação?
A primogênita do casal André e Vangillye, Ingrid, concluiu Medicina na Unifor. As duas filhas caçulas, Beatriz e Catarina, optaram por Arquitetura. E o filho do meio, Filipe, seguiu os passos do pai, graduando-se em Engenharia Civil. Todos ingressaram na mesma instituição que, diga-se de passagem, também formou a matriarca da família em Pedagogia. Fez-se então um movimento em ritornelo que se propagou para além do núcleo familiar.
“Meu filho, por ter pai Engenheiro, sempre atraiu seus colegas de graduação a visitarem nossas empresas. E me aproximando desses jovens em formação pela Unifor, vi neles a figura do multiprofissional que os tempos atuais exigem. Essa nova geração já sai da faculdade com essas expertises diversas e dominando as tecnologias. Muitos TCCs dos alunos da Unifor se baseiam em projetos de nossas empresas, então renovo meus conhecimentos convivendo com eles. Não à toa, estou contratando agora mesmo dois engenheiros recém-formados na Unifor para trabalhar na minha empresa. Eles vão sair de lá direto para assumir obras em curso, porque estão preparados para tal”, credencia André.
Para o patriarca da família Carvalho de Holanda, é justamente a interação empresa-universidade que dá aos concludentes um upgrade em suas formações:
“Quando teoria e prática andam juntas, agregando atividades e experiências extramuros, acho que os estudantes conseguem acompanhar melhor as mudanças de cada época ou contexto, respondendo melhor e mais rápido aos desafios do mercado de trabalho. Percebo isso nas minhas filhas e no meu filho. São profissionais que buscam estar à frente de seu tempo e têm sede de inovar e aprender mais. Assim como eles, acho que encontrei na Unifor esse estímulo à formação contínua. Saímos de lá instigados a não parar de estudar e a aprimorar os conhecimentos, permanecendo em dia com as tendências do mercado, independente da idade que temos ou da carreira profissional que seguimos”, observa.
Vale quanto pesa?
Ciente do valor de uma educação de qualidade, André comemora o feito de ter podido custear a formação superior dos quatro filhos em uma universidade que está entre as melhores do Brasil. As crias agradecem. E já colhem os frutos. É o que conta Ingrid Carvalho de Holanda, a filha de 32 anos egressa da primeira turma do Curso de Medicina da Unifor:
“Quando fiz vestibular, ainda havia aquele tabu em relação à qualidade do ensino das faculdades particulares. E meu pai mesmo chegou a dizer que o ingresso numa universidade pública seria prioridade, porque não queria arcar com mais uma despesa extra. Também pesava o fato de que eu não havia me inscrito pessoalmente para concorrer a uma vaga na Unifor. Quem me inscreveu, em segredo até, foi minha avó, que gostava muito da Unifor porque meu tio havia estudado lá, onde ela acabou fazendo muitas amizades inclusive para conseguir bons descontos. Como não fui aprovada de imediato nas universidades públicas, acabei convencida a ingressar na Unifor. E, para minha surpresa, meu pai não titubeou em pagar. Pensei que só passaria uma chuva por lá até tentar o vestibular novamente, mas acabei me encantando com o curso e com a universidade”.
O que mais encantou a estudante de Medicina, logo de início, não foi tanto a irretocável estrutura física ou o maquinário de ponta dos laboratórios da Unifor, mas projetos de extensão e responsabilidade social, como o Jovem Voluntário.
“Não esqueço os sábados à tarde em que íamos visitar as crianças internadas ou em atendimento ambulatorial no Hospital Albert Sabin, levando toda sorte de atividades lúdicas. Também atuei, logo nos primeiros semestres, junto à Comunidade do Dendê, visitando famílias e acompanhando de perto a repercussão daquela situação de vulnerabilidade social nas Unidades Básicas de Saúde. Isso a Unifor nos proporciona ao longo de toda a formação, em diferentes módulos e com o acompanhamento atento dos professores e orientadores. Atender no NAMI e ter toda aquela estrutura hospitalar como laboratório, funcionando pra valer, é outra experiência valiosa só vivenciada naquele campus. Eu também sempre procurei ser muito participativa. Então corri atrás de bolsa de iniciação à pesquisa logo cedo e vivi os oito primeiros semestres dedicada quase que integralmente à Unifor. Meu pai me ligava às dez da noite e eu ainda estava na biblioteca estudando, era a última a sair, justamente porque ali eu encontrava todos os recursos e instrumentos necessários para estudar, além de uma super biblioteca propícia à leitura concentrada”, recupera Ingrid.
O gosto pelos estudos, ela acredita, vem mesmo de berço. “Tanto meu pai quanto minha mãe sempre cobraram boas notas e acompanharam nossa formação. Meu pai gostava de nos arguir de supetão, quase todas as noites, e minha mãe, pedagoga, exigia que não só fizéssemos as tarefas indicadas pelos professores como as complementares que ela mesmo elaborava. Além disso, exigia que tivéssemos uma boa caligrafia. Ou seja, na minha casa o nível era alto, e nota abaixo de 9,0 não se aceitava. Não que houvesse algum tipo de castigo. Mas bastava meu pai anunciar que queria ter uma conversinha conosco que o recado estava dado. Assim, ao modo dele, fez questão de acompanhar a nossa rotina de estudos e vibrar a cada avanço, o que hoje também se aplica ao trabalho. Mesmo tendo se separado de minha mãe, não tem semana que não ligue para saber como andam os atendimentos. É um interesse que também vem carregado de admiração. E ela é recíproca”, ri-se a médica-radiologista.
Pedagogia do afeto
Um círculo virtuoso familiar. Para a mãe, Vangillye Carvalho Pereira, 54, todo o esforço de seus pais - e posteriormente do ex-marido - para que ela própria se graduasse em Pedagogia na Unifor foi sofregamente aproveitado. Tanto assim que nem a primeira e nem a última gravidez, ambas vividas durante a faculdade, foram capazes de retirá-la de sala de aula.
“Lembro que saía da aula e ia comprar roupinha de bebê com minhas amigas. Aliás, no curso de Pedagogia havia muitas grávidas precoces como eu, e nós não víamos aquilo como problema ou impedimento para nada. Ao contrário, achávamos o máximo estarmos nos preparando para sermos mães enquanto estudávamos justamente desenvolvimento infantil e método Piaget de ensino. O curso era 100% feminino e trocávamos muitas ideias entre nós e com nossas professoras também, todas elas muito cultas e viajadas. Então, foi uma formação valiosa em muitos sentidos e, ao final, ainda tive a alegria de ver minhas filhas estudando com os filhos de minhas colegas de faculdade, o que só fortaleceu nosso elo de amizade. Hoje, temos um grupo de WhatsApp das pedagogas formadas na Unifor que se encontram só para rir dessa época de frescor das ideias. Um tempo, que, para mim, tem inclusive cheiro de eucalipto, aquele vindo do maravilhoso e incomparável jardim do campus”, suspira.
Com o canudo na mão, segundo Vangillye, educar e orientar a filharada também acabou ficando mais fácil.
“A formação humanista que tive na Unifor certamente contribuiu muito com a educação que dei às minhas filhas e filho, porque cedo entendi o poder da empatia no ato de ensinar. Então acho que usei muito de diálogo e respeito para passar para elas e ele o hábito da leitura e o gosto pelo conhecimento. Hoje olho para cada um e vejo que fizeram boas escolhas e são admiráveis nas carreiras profissionais que decidiram seguir, porque também levam consigo essa marca do compromisso com o outro que vejo na formação dada na Unifor. E há um detalhe que me satisfaz duplamente: quando jovem, eu sonhava em cursar Arquitetura e até fiz vestibular, mas infelizmente não fui bem na prova de desenho. Só que hoje tenho duas filhas arquitetas, ambas formadas na Unifor. Então, aquele meu gosto por decoração, que vem de menina e até hoje carrego, se vê plenamente realizado nelas, que agora ingressam muito bem preparadas no mercado de trabalho”, regozija-se.
Tal mãe, tal filhas: construindo sonhos
Aos 24 e 23 anos, respectivamente, Beatriz e Catarina Carvalho de Holanda, as “pupilas” de régua e compasso da mãe-coruja, garantem não ter sofrido qualquer pressão para realizar, por tabela, o sonho alheio.
“Eu sequer sabia que profissão seguir quando prestei vestibular. Tudo porque gostava de muitas áreas de estudo. Primeiro, passei para Odontologia e cheguei a cursar por uma semana. Mas vi que não era a minha e fui fazer cursinho. Nesse meio tempo é que decidi por Arquitetura, sem medo de errar. Já gostava e tinha intimidade com cálculo, por conta do pai engenheiro. E também me identificava com o talento nato de minha mãe para ambientação, que sempre gostou de decorar a nossa casa, nos fazendo inclusive participar disso. Para completar, já havia muitos artistas e arquitetos na família. Daí que, ao me decidir, só pedi uma coisa: que pudesse cursar na Unifor, porque sabia do nível de excelência da formação e da infraestrutura do campus, o que acabou sendo motivo de comemoração em família, apesar do gasto extra que representaria”, diverte-se Beatriz.
O que era expectativa se confirmou na realidade. Arborizado e propício à interação, todo o campus passou a ser sala de aula paisagística, ao mesmo tempo em que laboratórios e ateliês devidamente equipados supriam demandas relacionadas ao aprimoramento técnico.
“Maquetes, pranchetas, computadores, materiais para desenho, tudo da melhor qualidade. Não nos faltou nada. E a relação de troca sempre muito horizontal junto aos professores foi outro bônus na minha formação. Sempre tivemos muita voz na Unifor, os alunos, de fato, fazem parte da construção do curso. Outro diferencial é que temos mestres veteranos assim como jovens arquitetos em sala de aula, o que representa experiência e inovação caminhando junto. Isso me marcou positivamente, como também a total quebra de preconceito com certas especializações que poderiam ser apontadas como 'menores', como a escolhi seguir: arquitetura de interiores. Não demorei a estagiar na minha área e desde a faculdade fui estimulada a empreender. Tanto que bastou me formar, ao final de 2019, para passar a investir no meu próprio escritório”, comemora Beatriz.
O empreendimento já é familiar: foi junto com a irmã arquiteta recém-formada, Catarina, que Beatriz fez valer a Cabe Arquitetura. Juntas e contando com as redes sociais, elas já encararam as primeiras grandes reformas em apartamentos residenciais e têm como case de sucesso no portfólio a Junco, escola e loja de surf do irmão engenheiro. Nos negócios, segundo Beatriz, as jovens empresárias se completam:
“O mais curioso e positivo é que tivemos a mesma formação, mas temos perfis profissionais bem diferentes, embora complementares. Eu me identifico muito com arquitetura residencial, enquanto Catarina se interessa mais pela arquitetura comercial, as grandes intervenções. Ela estagiou com meu pai na empresa de engenharia dele. Eu nunca me interessei, apesar de sempre ter conseguido estágios para amigas minhas lá. Mas acho que por termos podido desenvolver múltiplas expertises na Unifor é que hoje podemos ampliar nosso leque de clientes, sempre buscando inovar, como nos foi ensinado”.
A filha arquiteta que, ainda estudante, optou por trabalhar nas empresas de engenharia do pai e do irmão mais novo, isso depois de passar por cinco estágios durante a faculdade e viver um intercâmbio de seis meses em Madri, na Espanha, traz na bagagem a palavra “versatilidade” como lema.
“Estudei Arquitetura apostando justamente na capacidade de fazer grandes intervenções no espaço e, com isso, intervir positivamente nas relações sociais. É pelo urbanismo e pela qualidade de vida nas grandes cidades que meu coração bate mais forte. E meu TCC não nega: o título é “Revitalização das Estruturas Urbanas Abandonadas: o caso do Aquário do Ceará” e a ideia foi propor um uso mais adequado e um novo programa de necessidades para aquela obra sem uso e cara aos cofres públicos. Na Unifor, somos estimuladas a partir de uma real problemática, a fim de apresentar soluções de impacto na cidade, então pensei na transformação do que está lá em uma praça vertical ecologicamente correta. Acho que Prefeitura e Governo poderiam se aproximar mais das universidades e conhecer diagnósticos de valor que não param de ser feitos. Posso garantir que, no Curso de Arquitetura da Unifor, o campo das ideias criativas é fértil, o que muito nos orgulha e estimula”, afirma Catarina.
Filho de peixe...
O estímulo ao empreendedorismo é outra inegável vocação da Unifor. Que o diga o engenheiro Felipe Carvalho de Holanda, 31, que, antes de optar pela mesma carreira do pai, chegou a pesar e medir a real pertinência de sua escolha. Quis tergiversar, concorrendo a uma vaga para Engenharia de Produção na Universidade Federal do Ceará (UFC), ao mesmo tempo em que concorria para Engenharia Civil na Unifor. Inconscientemente - ou não -, errou na marcação do gabarito da primeira, o que lhe levou à outra.
“Houve uma espécie de conspiração do universo a meu favor. Na Unifor, logo de início, comecei a fazer um valioso network, porque já tinha em sala de aula amigos donos de construtoras que queriam empreender, além de já estar às voltas com a empresa do meu pai. Com 21 anos, eu e um amigo da faculdade abrimos o nosso primeiro negócio e quando concluí a graduação me tornei sócio do meu pai na Próspero Engenharia. Hoje, também comando em sociedade com Artur Silva, atual campeão brasileiro de surf profissional, a Junco, escola e loja de surf que acaba de ganhar um novo projeto arquitetônico assinado por minha irmã caçula, Catarina, que por sua vez também se tornou minha sócia. Aliás, a sociedade em família não para: nos anos subsequentes, meu pai se tornou meu sócio na Próspero e eu me associei a ele na sua empresa, a More Fácil. Ou seja, todos nós aprendemos direitinho a lição de ser donos do próprio negócio, ensinamento que veio da Unifor. E devo dizer que a satisfação é geral, assim como o sentimento de gratidão que temos pela universidade que nos uniu ainda mais enquanto família empreendedora”, conclui Filipe.