Mais de mil pessoas esperam por transplantes no Ceará

ter, 13 setembro 2022 10:45

Mais de mil pessoas esperam por transplantes no Ceará

Atualmente, 1.107 pessoas estão na fila de espera por transplantes de órgãos e tecidos no estado; dentre elas está Kelly Malheiros, que aguarda há dois anos por um rim


O Estado já registra mais de 900 transplantes de órgãos e tecidos em 2022 (Foto: Getty Images)
O Estado já registra mais de 900 transplantes de órgãos e tecidos em 2022 (Foto: Getty Images)

Todas as pessoas são potenciais doadoras, desde que a família autorize. Falar sobre a vontade de doar, conversar com familiares e amigos a respeito do assunto, ajuda na compreensão do tema. O movimento Doe de Coração, iniciativa da Fundação Edson Queiroz – mantenedora da Universidade de Fortaleza –, tem o importante papel de orientar, informar e sensibilizar a população sobre a doação de órgãos e tecidos.

O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de órgãos ou tecidos de uma pessoa doente, que receberá o órgão e/ou tecido de um doador vivo ou falecido. É um tratamento que pode salvar e melhorar a qualidade de vida de quem está à espera de uma nova chance.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará, atualmente, 1.107 pessoas estão na fila de espera por transplantes no estado. Uma delas é a palestrante e mentora de carreiras Kelly Malheiros, 51, que aguarda um transplante de rim há dois anos. Ela foi diagnosticada com insuficiência renal crônica decorrente da síndrome dos rins policísticos. Ao contrair covid-19, seu quadro se agravou e hoje ela e mais 951 pessoas estão aguardando um transplante renal no Ceará.


Kelly conta com o apoio de seu marido, Paulo Scolfaro, 47, durante o período de espera do transplante (Foto: Arquivo pessoal)

“Primeiro, eu recebi a notícia que ia fazer hemodiálise. E quando eu recebi a notícia, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Como é que eu vou fazer, como é que eu vou continuar a trabalhar’? Dois meses depois, os médicos começaram a falar sobre o transplante”, relembra.

Com o irmão transplantado há cinco anos e o pai, há 20 anos, a situação era familiar para Kelly. “Já era uma pauta conhecida para mim. Eles vivem como qualquer pessoa normal. Os dois fizeram transplante de rim”, diz. 

Com o passar do tempo, sua esperança tem se fortalecido, apesar de haver dias em que a tristeza e os questionamentos internos surgem, de vez em quando. Mas nada a ponto de abalar seu otimismo e fé de que logo receberá a notícia da chegada de um rim compatível.

"O ambiente que a gente vive na clínica de hemodiálise é de muitas histórias tristes. Eu costumo dizer que, como estou na fila esperando um órgão, é como se estivesse sentada, em um ponto de ônibus, aguardando sem saber quando ele vai passar. Não sei quem é o motorista, só sei que ele vai trazer o rim. Eu só não sei quando e nem como."
Kelly Malheiros, mentora de carreiras que aguarda transplante há dois anos


“Tenho um lema: ‘Faça a vida valer a pena!’”, diz Kelly. Mote este que ela e seu esposo Paulo Scolfaro têm tatuado nos braços (Foto: Arquivo pessoal)

Transplantes em números

O Ceará já registra mais de 900 transplantes de órgãos e tecidos este ano. Desse total, 113 são rins de doadores falecidos e oito de doadores vivos. De acordo com o secretário da Saúde do Ceará, Carlos Hilton Soares, desde 2017, o Estado tem realizado entre 1.500 e 1.600 transplantes por ano. Ele destaca a importância da doação de órgãos e tecidos através da sensibilização e a conscientização ininterrupta da população.

“Nesse contexto, a doação de órgãos é imprescindível para a manutenção da vida dessas pessoas. O gesto de doar é o principal elemento dessa equação, que também envolve articulações institucionais, pesquisa, investimento, capacitação profissional e estrutura dos hospitais que realizam os transplantes. Entretanto, a sensibilização e a conscientização da população devem ser constantes para que mais vidas possam ser salvas ou melhoradas”, ressalta Carlos.

Doe de Coração

Setembro é mês da conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. As atividades da 20ª edição da campanha Doe de Coração iniciaram no último dia 5 e ocorrerão até o fim do mês. 

Ciclo de palestras, ações em espaços públicos – como Avenida Beira-Mar e o Parque Estadual do Cocó –, sorteio de camisas, distribuição de folders, cartazes e outros materiais informativos para a população são algumas das ações programadas.

Na próxima quarta-feira, 14, será realizada uma palestra sobre o papel da enfermagem no pré e pós-operatório de transplantados, com a coordenadora da Residência Multiprofissional em Transplantes do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Dra. Mônica Studart. O evento iniciará às 9h30, na videoteca do Centro de Convivência da Unifor.

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