qui, 5 outubro 2023 16:52
Egresso da Pós-Unifor desenvolve pesquisa sobre o uso da tecnologia no manejo das águas pluviais
Diego Paim, ex-aluno do Mestrado Profissional em Ciências da Cidade, propõe soluções para redução dos impactos socioambientais decorrentes de inundações e alagamentos

O crescimento desordenado das cidades traz como consequência inúmeros impactos sociais, especialmente para quem reside em áreas de maior adensamento populacional. Um dos problemas gerados consiste em inundações e alagamentos causados pelas águas da chuva. Diante desse cenário, o arquiteto Diego Paim desenvolveu pesquisa acerca da questão do sistema de drenagem das águas pluviais e as melhores práticas para seu manejo.
O estudo foi tema do seu trabalho de conclusão do Mestrado Profissional em Ciências da Cidade, cursado na Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz. Diego concluiu o mestrado em 2019 apresentando a dissertação “Drenagem pluvial urbana adaptativa para o planejamento inteligente da paisagem: design do software kaleidoscopic urban drainage".
Em sua pesquisa, Diego alerta para a questão emergencial da crise hídrica. “As cidades estão cada vez mais vulneráveis aos impactos e desastres vinculados com a água”, sublinha. Assim, seu estudo aborda essa mudança de paradigmas na gestão das águas pluviais em territórios adensados e remete ao termo Infraestrutura Verde, que seria um conjunto final das melhores práticas de manejo, área aprofundada quando entrou em contato com o professor Newton Becker, especialista e doutor no tema.
Seu trabalho abrangeu o desenvolvimento de um programa de software, o "kaleidoscopic urban drainage", que consiste em uma ferramenta computacional facilitadora da modelagem de informação a partir de imagens de satélite do Google, dados de índices pluviométricos e legislação viária. Diego salienta que sua pesquisa sobre as Melhores Práticas de Manejo (MPM) são uma “solução tecnológica e medida compensatória de controle de enchentes na fonte ou na jusante nas cidades, e faz parte da corrida mundial para refrear os impactos socioambientais decorrentes de inundações e alagamentos”.
Por que cursar o Mestrado Profissional em Ciências da Cidade da Unifor?
Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Unifor com experiência no setor moveleiro, Diego Paim possui especialização em Projeto Bioclimático Sustentável. Interessado na relação entre construções e cidades, ele optou por cursar o Mestrado Profissional em Ciências da Cidade da Unifor para estudar mais sobre a relação entre construções e cidades.
“Eu vim da arquitetura, depois fui para a arquitetura bioclimática, e estudar a cidade nada mais é do que dar continuidade a entender tudo que a gente aprende tanto na graduação, como na especialização, numa escala macro”, evidencia Diego.
Como já tinha seu escritório de arquitetura, o formato da Pós-Unifor de Mestrado Profissional foi mais um atrativo pela praticidade. “A gente tem uma liberdade maior. Ele (curso) potencializou essa possibilidade de acelerar e de começar a estudar”, afirma. O MPCC tem duração de 24 meses e uma matriz curricular variada e adaptável.
Durante a especialização, os estudos transitaram entre disciplinas que envolviam o debate da edificação, dos resíduos, da física e, conforme Diego, com professores também muito bons, que têm domínio e conhecimento do conteúdo e de como tem sido debatido atualmente.
Como essenciais em seu processo, o arquiteto destaca as disciplinas “Estratégias para a Cidade do Futuro”, com o professor Newton Becker, convidado a participar de sua banca, e “Cidade de Dados”, em que desenvolveu os estudos iniciais para a elaboração de seu produto, com a professora Clarissa Ribeiro, que veio a ser sua orientadora.
“Ao longo do curso, são discutidas também questões acerca da cidade como um organismo vivo e pulsante, que está sendo cada vez mais fragilizado, em prol da produção de um espaço com o discurso de disponibilizar moradia, infraestrutura também são discutidas ao longo do curso” - Diego Paim, arquiteto e mestre em Ciências da Cidade
Sobre a importância do debate de como a produção do espaço urbano tem causado uma desconfiguração da base natural, Diego faz ainda um alerta. “Vemos que a gente tá saindo perdendo, né? Por isso, precisamos entender melhor essa dinâmica e propor soluções que sejam multifuncionais, bem como melhores práticas de manejo”, aponta o agora Mestre em Ciências da Cidade.
Para além do conhecimento
O Mestrado Profissional em Ciências da Cidade proporcionou para Diego um momento que muito contribuiu para sua formação. Por orientação do professor Newton Becker, ele enviou um projeto para um dos maiores eventos que aborda a paisagem em nível mundial, a International Federation of Landscape Architects (IFLA), uma organização que representa a profissão de arquiteto paisagista no mundo. Selecionado, o arquiteto viajou para Cingapura, no continente Asiático, para apresentar seu trabalho.
“Participei desse congresso que trouxe nomes mundiais da área do paisagismo. Essa parte da drenagem pluvial está sendo muito discutida lá, tanto com o pessoal do planejamento urbano como os profissionais da arquitetura da paisagem”, relata. Segundo o Diego, a região é uma das referências dentro da gestão das águas pluviais e os profissionais são bastante ativos e implantam ações de instalações das melhores práticas de manejo, por isso, o laboratório foi uma grande oportunidade.
Diego Paim apresentou projeto na International Federation of Landscape Architects (Foto: Acervo pessoal)
Dar aulas era outro interesse de Diego e o mestrado foi como um primeiro passo para que ele ingressasse no ramo do ensino, uma vez que, ao longo do curso, ele teve a oportunidade de compartilhar conhecimento e vivenciar a sala de aula.
Atualmente, Diego é professor universitário ministrando disciplinas que exploram as conexões entre estratégias de projeto arquitetônico e urbanístico com foco em princípios da auto-organização e metodologias experimentais. “O MPCC foi o que me possibilitou de fato estar apto para atuar nas grandes universidades. Hoje ministro em duas instituições e sou muito feliz com isso”, conclui.