Evali: nova doença pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico

Uma doença pulmonar relacionada ao uso do cigarro eletrônico ganhou nome: Evali, sigla em inglês para doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury). A denominação surgiu em 2019 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês). 

Apesar de ser um produto de comercialização proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tem sido cada vez mais comum entre os jovens o uso do cigarro eletrônico. De acordo com dados obtidos pelo The Intercept, por meio da Lei de Acesso à Informação, até agosto de 2020 a Anvisa havia notificado sete casos de Evali no Brasil. 

O vape é um dispositivo que produz vapor, que ocorre no seu interior a partir da queima e vaporização de um líquido aromatizado. O vapor causa uma sensação agradável e, em alguns casos, essa sensação é causada justamente pela nicotina composta nos líquidos que são utilizados no aparelho.  

O que é Evali ? 

De acordo com Daniela Chiesa, médica clínica e pneumologista, professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), Evali é uma lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, sendo descrita pela primeira vez em 2019, nos Estados Unidos, em usuários de vaping. Acredita-se que tenha relação com um diluente utilizado nesses dispositivos que afetam o pulmão, causando um tipo de reação inflamatória no órgão. 

Em um estudo publicado no periódico Thorax, foi revelado que o vapor emitido por cigarros eletrônicos pode ser responsável por desativar as principais células do sistema imunológico no pulmão e aumentar as inflamações no organismo.


Professora Daniela Chiesa, médica clínica e pneumologista, docente do curso de Medicina da Unifor

Principais sintomas 

Conforme a pneumologista Daniela Chiesa, os principais sintomas apresentados nos casos de Evali são: tosse, falta de ar e dor no peito. Sendo comum também dores na barriga, vômitos e diarreias, além de febre, calafrios e perda de peso, podendo facilmente ser confundida apenas com um quadro gripal. 

 A Evali pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e chegar à insuficiência respiratória, levando o paciente a necessitar de internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), afirma a fisioterapeuta Thaís Lôbo. 

Uso constante de vaping 

Os cigarros eletrônicos contêm nicotina e vários outros produtos químicos potencialmente tóxicos. A nicotina aumenta o risco de infarto agudo do miocárdio e de doenças respiratórias como asma. Várias substâncias presentes nos cigarros eletrônicos são comprovadamente cancerígenas para pulmão, bexiga, esôfago e estômago; havendo também o risco de explosões e intoxicação, principalmente por crianças, pelo contato com o líquido, ressalta a professora Daniela Chiesa. 

Tratamento

O principal tratamento é a suspensão do uso do cigarro eletrônico. A maioria dos casos necessita de internação para suporte clínico, e muitos pacientes precisam de oxigênio. Em casos mais graves pode haver a necessidade de ventilação mecânica, destaca a médica Daniela Chiesa. 

No tratamento da doença, há também um profissional que se faz essencial e que pode ajudar bastante: o fisioterapeuta.

"O fisioterapeuta no tratamento de doenças respiratórias tem como função manter a funcionalidade do órgão. Para isso, existem algumas propriedades que são avaliadas, como a musculatura respiratória. Se a musculatura inspiratória e expiratória é adequada, se o órgão está fazendo capacidade e volume adequados. O fisioterapeuta é responsável por essa mecânica e com tudo isso funcionando, ocorre uma melhora na oxigenação do corpo. Então, a função que o profissional exerce nessas doenças é trabalhar essas capacidades em cima dos fatores que interferem no bom funcionamento do órgão", explica a fisioterapeuta Lorenna Almeida. 

De forma geral, o fisioterapeuta vai avaliar a necessidade de suporte ventilatório não invasivo ou invasivo, ajustar e adequar o suporte a fim de evitar uma lesão pulmonar, além de melhorar a capacidade respiratória, sempre levando em consideração a funcionalidade do paciente para que ele possa retornar o mais rápido possível às suas atividade com o mínimo de sequelas possível.

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