Paternidade tardia: saiba o que é e quais são as consequências
Aos 79 anos, o ator e cineasta Robert De Niro confirmou, em entrevista recente, ter sido pai pela sétima vez, notícia que gerou discussões acerca da paternidade tardia. Nas redes sociais, internautas questionaram as implicações da idade do genitor na saúde do feto, assim como no desenvolvimento da criança.
Marcelo Cavalcante, especialista em fertilidade e reprodução humana e docente da graduação em Medicina da Universidade de Fortaleza — mantida pela Fundação Edson Queiroz —, explica que não há uma deliberação clara na literatura médica do que seja considerada idade paterna avançada.
No entanto, alguns autores definem a paternidade tardia quando o homem é pai após os 45 anos. Já para outros pesquisadores, esse corte de faixa etária acontece ainda mais cedo, aos 40 anos.
O professor diz que, ao contrário do que acontece no corpo da mulher — em que todos os óvulos já nascem com ela e são liberados conforme o tempo — os gametas masculinos continuam sendo produzidos ao longo da vida. No entanto, com o avançar da idade, a qualidade dos espermatozoides gerados piora consideravelmente.
“Estudos demonstram que a idade paterna tardia eleva o risco de infertilidade conjugal, de abortamento espontâneo e de complicações na gravidez, tais como prematuridade, baixo peso ao nascer e malformações fetais”, alerta.
O docente enfatiza também que estudos sugerem elevação no risco de problemas de saúde nos futuros filhos, como doenças genéticas, alguns tipos de câncer e alterações do desenvolvimento neuropsicomotor.
Mudança comportamental e cuidados com a saúde reprodutiva
A decisão de adiar a paternidade reflete uma mudança no perfil reprodutivo do homem. Segundo o professor Marcelo, no Brasil, a idade paterna média passou de 30,6 anos para 31,9 anos entre 2010 e 2021. “O maior acesso a métodos contraceptivos, a busca por uma boa formação profissional e estabilidade financeira são alguns dos motivos para esse adiamento”, declara.
Atividade física regular é um dos hábitos que pode reduzir o impacto da idade paterna na saúde reprodutiva (Foto: Getty Images).
Apesar das possíveis complicações que acompanham o avanço da idade, é possível minimizar esses efeitos na saúde reprodutiva masculina por meio da aquisição de hábitos saudáveis, conforme detalha o professor Marcelo.
“Estilo de vida saudável, dieta adequada, controle do peso, atividade física regular, não consumir drogas e fazer uso de medicações sob orientação médica melhoram a qualidade dos espermatozoides, podendo reduzir o impacto negativo da idade paterna tardia na saúde dos gametas masculinos”, conclui.