Segundo números divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH), um levantamento sobre a violência doméstica, durante o mês de abril, período em que o isolamento social imposto pela pandemia durava mais de um mês, o número de denúncias de violência contra a mulher feitas pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 cresceu cerca de 40% em relação ao mesmo período de 2019.

Os números preocupantes levaram pesquisadores da Universidade de Fortaleza, apoiados pela Fundação Edson Queiroz, por meio da Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPDI), a buscarem alternativas para minimizar os impactos causados pelo problema.

Foi a partir desse contexto que surgiu o projeto “Violência de gênero no isolamento social da pandemia da Covid-19: Uma proposta de intervenção em urgência subjetiva com mulheres em situação de vulnerabilidade e risco”. O estudo é um trabalho de intervenção em urgência subjetiva para mulheres que estão submetidas à situação de vulnerabilidade e risco de violência na pandemia do novo coronavírus. O projeto tem o objetivo de oferecer apoio psicológico a mulheres vítimas de violência doméstica, em parceria com o Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem), da Defensoria Pública do Ceará.

As vítimas serão atendidas por meio de atendimento psicológico online ou por telefone, em uma situação de acolhimento para que possam falar do seu sofrimento e da sua angústia. Os atendimentos terão início ainda neste mês de agosto e serão feitos pela equipe da pesquisa, composta por professores da Unifor e psicólogas voluntárias.

Os casos serão encaminhados pelo Nudem ao grupo de pesquisa, que fará o atendimento psicológico com as vítimas via internet ou por ligação.

Leonardo Danziato, professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unifor e coordenador do projeto, afirma que, caso seja necessário, será disponibilizado um chip de celular para que as mulheres não precisem arcar com as despesas de uma ligação telefônica durante o atendimento psicológico.

Ligue 180

A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.

O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.

A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher.