Saiba como deve ser a aplicação correta da vacina contra Covid-19
A vacinação contra a Covid-19 vem acontecendo em várias partes do Brasil. No Ceará, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), mais de 214 mil pessoas - dos grupos prioritários - já foram vacinadas até o momento.
Apesar da esperança e alívio que a imunização traz, denúncias de falsa vacinação vêm deixando a população em alerta. Vídeos gravados por acompanhantes de idosos mostram profissionais de saúde aplicando o imunizante de forma incorreta.
Em Goiânia (GO), uma idosa de 88 anos não teria recebido a vacina contra a Covid-19 na primeira aplicação. No vídeo divulgado pelo portal de notícias G1, a profissional aparece inserindo a agulha no braço da idosa, mas não pressiona o êmbolo. Segundo a denúncia da família, a paciente só foi devidamente imunizada após a filha perceber que o líquido na seringa não havia sido aplicado e questionou a profissional. Ao ser confrontada, ela pediu desculpas e disse que não tinha percebido.
Em Maceió, situação idêntica. Uma funcionária da Prefeitura da capital alagoana chegou a ser afastada depois de ser flagrada inserindo agulha, mas sem injetar a vacina. A atitude levou o Ministério Público a pedir investigação para apurar o caso.
No Ceará, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-CE) afirma que ainda não recebeu denúncia com esse teor, mas o órgão possui um documento que normatiza como deve ocorrer a vacinação.
Como é feita a aplicação de uma vacina
Sandra Valéria, que atua no setor de imunização do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da Unifor, explica que “a equipe de enfermagem deve estar capacitada para os procedimentos de manuseio, conservação, preparo, administração, registro e descarte dos resíduos resultantes das ações de vacinação”. Ela acrescenta cinco itens principais que devem ser respeitados:
1 - A ampola deve ser mostrada ao paciente ou responsável, no caso de solicitação, antes da aplicação;
2 - Ao conferir os dados, o paciente deve ficar atento à data de validade e ao lote do produto;
3 - Seringa e agulha devem ser descartáveis e abertas somente no momento da aplicação;
4 - A aspiração pela seringa da dose é feita na hora. Nunca aceite seringas preparadas;
5 - O paciente deve exigir que os dados que identificam a vacina sejam colados ou escritos na caderneta de vacinação para a eventualidade de aparecer alguma reação adversa.
"Na situação de clara infração, o usuário deve fazer denúncia ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e levar o caso à Justiça", ressalta Sandra Valéria. Segundo a enfermeira, são previstas penalidades que vão desde advertência verbal, multa, suspensão do exercício profissional e a mais grave de todas, a cassação do direito ao exercício profissional.
Orientações do Ministério da Saúde
Na aplicação de vacina contra a Covid-19, as recomendações do Ministério da Saúde aos profissionais são as seguintes:
1 - Registrar as informações referentes às vacinas aplicadas no cartão de vacinação e no sistema de informação definido pelo Ministério da Saúde;
2 - Manter no serviço, acessíveis à autoridade sanitária, documentos que comprovem a origem das vacinas utilizadas;
3 - Notificar a ocorrência de eventos adversos pós-vacinação (EAPV) conforme determinações do Ministério da Saúde;
4 - Notificar a ocorrência de erros de vacinação no sistema de notificação da Anvisa;
5 - Investigar incidentes e falhas em seus processos que podem ter contribuído para a ocorrência de erros de vacinação.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, no cartão de vacinação deverão constar, de forma legível, no mínimo as seguintes informações:
- Dados do vacinado (nome completo, documento de identificação, data de nascimento);
- Nome da vacina;
- Dose aplicada;
- Data da vacinação;
- Número do lote da vacina;
- Nome do fabricante;
- Identificação do estabelecimento;
- Identificação do vacinador;
- Data da próxima dose, quando aplicável.
Sandra Valéria lembra que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) estabeleceu como meta vacinar ao menos 90% da população alvo de cada grupo, pois uma pequena parcela da população pode apresentar contraindicações à vacinação.
“A vacinação é um pacto coletivo, que há décadas tem salvado milhões de pessoas de serem contagiadas e morrerem por doenças virais. Isso significa que quanto mais pessoas tomarem a vacina, menos o vírus circula no ambiente, evitando que aquelas que - por algum motivo - não podem ser vacinadas sejam contaminadas”, alerta a enfermeira.