Raphaelle Silva: a história da docente e mãe apaixonada pela Educação

O Sou+Unifor continua uma série de perfis para contar um pouco da história de quem faz a Universidade de Fortaleza. Nesta edição, vamos conhecer mais detalhes da vida da professora do curso de Engenharia Civil, Raphaelle Silva de Almeida. Mestre em Geologia, professora dedicada e apaixonada - além de uma mãe que valoriza momentos de aprendizado e diversão ao lado de seu filho - sua trajetória é marcada pelo desejo de compartilhar experiências e aventuras, evidenciando que a conexão entre a sala de aula e a vida cotidiana é fundamental para a formação de cidadãos mais conscientes e engajados.

Boa leitura!

PERFIL
Raphaelle Silva de Almeida, 37 anos.
Mãe do André.
Professora efetiva da Unifor desde 2015, onde leciona para o curso de Engenharia Civil.
Graduada em Geologia, com mestrado na mesma área e atualmente cursando doutorado em Engenharia de Transportes.


Raphaelle Silva, natural de Fortaleza/CE, cresceu estudando em escolas públicas e sonhava em ser professora desde criança. Esse desejo a levou a se formar em Geologia na Universidade Federal do Ceará e a ensinar, pela primeira vez, como professora substituta no curso de Engenharia Civil da Unifor, onde atua como efetiva desde 2015.

A docente tem se dedicado exclusivamente ao referido curso, onde ministra disciplinas como Topografia, Geologia, Mecânica dos Solos e Análise e Planejamento de Sistemas de Transporte. No semestre 2025.1, ela também é responsável pela parte prática das disciplinas de Pavimentação e Estradas e também atuando em parceria com a professora Sara Denise, em revezamento nas disciplinas da área de Infraestrutura.

“Minha entrada na Unifor ocorreu por meio de uma substituição, em 2014. Uma professora havia sofrido um acidente, e a informação chegou até mim por meio de amigos. Comecei a lecionar a disciplina de Topografia de forma temporária, inicialmente para cobrir um mês de licença médica. No entanto, minha permanência foi se estendendo: primeiro foram três meses, depois um semestre, e assim segui até o fim daquele ano”, conta Raphaelle.

Ela ressalta que, na época, a seleção para ingresso na Unifor era realizada por meio de concurso público. A universidade anunciava a abertura de vagas, publicava editais e os candidatos se inscreviam para participar do processo seletivo. Raphaelle foi aprovada e, desde então, permaneceu na instituição, lecionando as disciplinas mencionadas. 

“A Unifor surgiu na minha vida como um presente de Deus. A universidade representa uma oportunidade inesperada e valiosa. Amo dar aula aqui e, desde o início, sinto que este é o meu lugar”, enfatiza com entusiasmo a professora.

A trajetória acadêmica da docente revela uma curiosidade e paixão que a levaram da Física à Geologia. Inicialmente atraída pela Física, ela se surpreendeu ao descobrir a Geologia, uma escolha que uniu seu amor por aventura e seu desejo de explorar a natureza. “Eu sempre gostei de aventuras. Já saltei de paraquedas, fiz mergulho e amo essa adrenalina”, compartilha. 

Um momento decisivo aconteceu quando assistiu a um programa na televisão sobre um geólogo que escalava paredões de rocha para mapeamento de cavernas. “Eu pensei: ‘Gente, eu quero trabalhar com isso!”, lembra, destacando como essa experiência a inspirou a seguir esse caminho.

Em sua trajetória de vida, marcada por desafios e conquistas, Raphaelle é filha do meio em uma família de três irmãos, com uma história profundamente impactada pela perda da irmã, que faleceu de forma súbita logo após a formatura dela. “Coloquei grau na quarta-feira e, na quinta-feira seguinte, ela faleceu. Hoje, sou apenas eu e meu irmão. Cresci numa família humilde, a educação foi uma prioridade. Estudei a vida inteira em escola pública, assim como meus irmãos. Olhar para o passado e ver onde chegamos me enche de orgulho”, reflete.

Paixões além da docência

Além de sua atuação profissional, a professora Raphaelle também se envolve em atividades esportivas, destacando sua participação no grupo Movimente-se da Unifor. Ela começou a correr em 2016, incentivada por outros professores que praticavam o exercício. Em busca de uma atividade física que a mantivesse ativa, a docente rapidamente se apaixonou pelo esporte e continuou a praticar até 2019, quando a pandemia interrompeu suas atividades.


Desde criança, Raphaelle soube que sua vocação era ensinar e a paixão por aventuras a levou à Geologia.

Em 2023, a docente decidiu retomar a corrida, embora não a veja como uma atividade profissional. Sua paixão pelo esporte reflete sua busca por equilíbrio entre a vida acadêmica e o bem-estar físico, mostrando que ela valoriza a saúde e a atividade física como parte importante de sua rotina. 

“O treino para mim é como uma válvula de escape, um jeito de aliviar a cabeça e liberar endorfinas. O Pilates entrou na minha vida no ano passado, após uma queda que resultou em uma luxação. Para me manter ativa fisicamente, busquei essa prática, e desde então não consigo me imaginar sem o Pilates. É uma atividade que realmente traz consciência e bem-estar”, conta.

A facilidade de ter uma academia no campus da Unifor é um grande incentivo para a professora, que reconhece que, sem essa comodidade, seria desafiador encontrar tempo para se exercitar entre as aulas. Ela destaca a importância de programas de atividade física oferecidos pela universidade, que não só facilitam a prática esportiva, mas também promovem o bem-estar entre os docentes e alunos. 

Além disso, Raphaelle compartilha sua paixão por trilhas, mencionando sua experiência de subir o Monte Roraima, uma das formações geológicas mais antigas do Brasil. 


Raphaelle em uma pose inspirada no filme “Altas Aventuras”. Embora o filme mencione “Paraíso das Cachoeiras”, muitas cenas foram inspiradas no Monte Roraima. Curiosamente, o guia que acompanhou a equipe da Pixar era também um dos guias da professora.
 

“Desde que descobri que ele existia, sempre quis subir. Ano passado, tive a oportunidade de ir com uma amiga e fizemos uma trilha de trekking, escalando cerca de 100 km. Passamos sete dias imersos nessa jornada, podendo refletir sobre várias coisas ao longo do caminho,” relata.

Durante sua desafiadora experiência no Monte Roraima, a professora pensou sobre os limites da resistência humana. Ela destacou que a descida da montanha foi especialmente difícil e dolorosa, revelando o quanto o corpo pode se cansar em situações extremas. “Você chega a um ponto em que não há escolha: ou você desce ou fica lá para sempre”, explicou, lembrando que a única forma de resgate seria aérea, tornando a situação ainda mais crítica. 

“É muito gratificante estar aqui, nesses momentos eu consigo encontrar momentos para desacelerar. Estou sempre na sala de aula, mas a porta está aberta, as janelas permitem a entrada de ar fresco, e eu posso observar os pássaros e as árvores, o campus repleto de vida. Esses pequenos momentos são essenciais para a nossa pausa”, conta Raphaelle.

Compartilhando aventuras com a companhia certa

A vida da professora é marcada pela presença constante de seu filho, André, de 15 anos. Atleta da seleção sub-17 de vôlei do Ceará, ele é aluno do Instituto Federal do Ceará (IFCE), onde cursa o ensino médio integrado com técnico em Informática. A trajetória de mãe e filho na Unifor é uma história de crescimento mútuo, que começou há mais de uma década.

“Quando ganhei a cordinha roxa - por dez anos de serviço -, me dei conta de que, ao entrar na Unifor, André tinha apenas 4 anos”, reflete a docente. “Crescemos juntos nesse ambiente. Ele acompanhava meu trabalho e, muitas vezes, vinha ao campus aos sábados para brincar. Essa vivência marcou não só minha carreira, mas também a infância dele.”

André também é entusiasta das atividades ao ar livre, acompanha sua mãe nas trilhas. Embora ainda não tenha se juntado à mãe nas aventuras pelo Monte Roraima devido à rotina escolar, ele já demonstrou interesse em diversas atividades físicas. 

Mãe e filho compartilham também a paixão por crochê e possuem uma coleção impressionante de peças feitas à mão. “Desde os 5 anos eu faço crochê. Aprendi com minha mãe e nunca parei”, conta, com um brilho nos olhos. Recentemente, em parceria com a professora Sandra Rocha, tentou montar um grupo para promover oficinas de crochê, incentivando outros a aprender essa arte. 

“Ensinei meu filho quando tinha apenas 7 ou 8 anos, e agora nos divertimos criando juntos. O crochê não é apenas um hobby, mas uma forma de expressão e conexão com as pessoas ao nosso redor”, avalia.

Texto: Clara Soeiro
Fotos: Duda Barroso e arquivo pessoal