qui, 12 setembro 2019 15:32
História de um recomeço
Há sete anos, José Orteghan renasceu. Após uma longa jornada de luta com um coração que teimava em falhar, ele passou por um transplante e hoje leva uma vida normal
Aos 67 anos, o ex-caminhoneiro José Orteghan Vieira completa neste dia 12 de setembro de 2019, sete anos de renascimento. Em 2012, ele recebeu um novo coração e ganhou a chance de continuar a viver. O transplante realizado no Hospital do Coração de Messejana, em Fortaleza, pôs fim a uma longa jornada de luta pela vida, que vinha se agravando desde os seus 25 anos de idade, quando sofreu o primeiro infarto.
Filho de pai e mãe cardiopatas, obeso e fumante, José Orteghan contou com a mocidade para se recuperar rápido do primeiro susto. Mas aos 33 anos, um novo infarto. Mais cirurgias, stents e a vida seguiu, mais debilitada, mas ainda na ativa. Até que em 2001, veio o terceiro infarto e José foi aposentado por invalidez.
Após o terceiro episódio, o coração foi ficando cada vez mais frágil e a autonomia do corpo foi se acabando. Atividades do cotidiano como se deslocar dentro de casa e pentear o cabelo foram ficando cada dia mais difíceis. "Teve uma época que eu estava tão fraco que não tinha força nem para comer sozinho, era minha esposa que me dava comida na boca", conta.
Não bastassem os três infartos, o restante do corpo começou a reagir ao coração que não funcionava bem e o estado de saúde de José foi agravado com três acidentes vasculares cerebrais (AVC). Agora. a única esperança para o ex-caminhoneiro era o transplante de coração. Ele entrou na fila e passou cerca de um mês aguardando até que a primeira família dissesse sim à doação de órgãos de um ente querido recém-falecido. "Apareceram para mim 23 corações, mas a rejeição do meu corpo era de 94% e nenhum dava certo", lembra.
Após realizar cinco plasmafereses (procedimento que faz a troca do plasma, componente do sangue onde se encontram os anticorpos responsáveis pela rejeição), o índice caiu para 6% e, finalmente, o 24º coração chegou a José Orteghan e o fez renascer. "Hoje eu só não dirijo mais, mas o resto eu faço tudo. Ando de muleta por causa da sequela do AVC, mas no coração não sinto mais nada", explica José, depois de chegar sozinho andando ao terminal do Papicu, onde o movimento Doe de Coração realizava ação na última quinta-feira.
Sobre a doação que salvou sua vida, ele se emociona. "Não existe ato de amor maior do que essa doação porque é uma hora de dor, então a pessoa ter cabeça para doar na hora da dor é uma coisa muito linda", ressalta. "Meu sentimento é de gratidão à família que doou que eu não conheço, mas rezo todos os dias por eles", completa.