Por que as empresas querem o meu CPF?

O mundo está em uma revolução econômica e digital. Na onda da digitalização, o segmento empresarial busca atuar de forma cada vez mais precisa e assertiva, onde a estratégia está centrada no cliente.

Na jornada de “encontrar” o cliente, as empresas sabem que no Brasil o que nos “une” -  independentemente de local, renda, preferências e gostos - é o nosso CPF, sob a tutela da Receita Federal do Brasil.

O Cadastro de Pessoa Física (CPF), originado no final da década de 1960, é constituído de 11 dígitos. Para você caro(a) leitor(a), uma curiosidade sobre o seu CPF: há grande chance de o seu documento conter o número 3 antes do dígito final. Ou seja, neste padrão: XXX.XXX.XX3-XX.

Isso é mágica? Não. Isso é o poder da informação! Caso seu CPF não contenha o número 3, explicarei na sequência.

Os CPFs emitidos no Ceará, Piauí e Maranhão têm o padrão de constar o número 3 antes do dígito. Aqui é apenas o ponto de partida das empresas, onde - por padrão de segurança - as lojas de e-commerce podem, por exemplo, fazer verificações mais detalhadas. 

Ao se deparar com um cliente que deseja realizar compras utilizando CPF nesse padrão numérico (XXX.XXX.XX3-XX), mas que a pessoa não reside em nenhum dos estados da lista, as empresas podem, a partir do documento, verificar outras informações, como a primeira compra na loja, o vencimento do cartão de crédito, etc.

O CPF ganha relevância ainda maior quando se trata de empresas do segmento financeiro. Atualmente, estamos em fase de implementação do PIX, sistema de pagamento brasileiro; muito em breve, teremos o open banking, que será uma revolução na oferta de empréstimos e financiamentos. Instituições financeiras estão realizando promoções de registro do CPF em seus sistemas, os chamados “registros de chave”, que chegam a dar prêmios que ultrapassam milhões de reais. 

E o porquê dessa corrida? 

Com o CPF, as empresas financeiras conseguem estabelecer padrões de gastos, nível de renda e preferências de consumo. Assim, elas conseguem fazer um “raio X” quase perfeito, possibilitando diminuir o risco financeiro, e também oferecer produtos ou serviços que sejam interessantes ao perfil de cada cliente. Por consequência, as empresas ganham em fidelidade, previsibilidade e, sobretudo, rentabilidade.

Lembre-se: o seu CPF é a sua chave de ouro, portanto, cuide bem dele, use-o de forma
responsável, inteligente e segura.

*Artigo produzido pelo professor e coordenador do curso de Economia da Universidade de Fortaleza,  Allisson Martins.