sex, 4 julho 2025 10:38
Bolsas de valores no Brasil e Estados Unidos registram performance positiva em junho

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.
Mercado de Capitais Internacional
Nos Estados Unidos, o PIB recuou 0,5% no 1º trimestre, contração mais intensa que a estimativa anterior (-0,2%), refletindo o impacto das tarifas comerciais e o consumo fraco das famílias (+0,5%). Dados recentes indicam leve recuperação, com melhora nos pedidos de bens duráveis e flexibilização parcial das tarifas com a China. A inflação segue sob controle: o CPI subiu 0,1% em maio (12 meses: +2,4%) e o núcleo ficou em 2,8%, ambos abaixo das expectativas. O desemprego permaneceu em 4,2%, e os salários surpreenderam positivamente (+0,42%). Apesar de revisões baixistas no payroll, o mercado de trabalho mantém resiliência. Diante desse cenário, o Fed manteve os juros entre 4,25% e 4,50%, e reforçou cautela no curto prazo, apesar da sinalização de cortes apenas em 2026.
Na Zona do Euro, o BCE reduziu a taxa básica de 2,25% para 2,00% após a inflação recuar para 2,0% em junho. O núcleo de inflação (2,3%) reflete desaceleração em energia e bens industriais, embora os serviços ainda pressionem (+3,3%). Sem sinalizar novos cortes, o BCE optou por decisões reunião a reunião. O mercado, porém, projeta ao menos mais um corte até o fim do ano. A atividade econômica na Zona do Euro cresceu 0,6% no trimestre e 1,5% na comparação anual, com destaque para exportações e investimentos. Espanha (+0,6%) e Alemanha (+0,4%) lideraram entre as maiores economias.
Na China, o PMI Caixin subiu de 48,3 para 50,4 em junho, indicando expansão industrial, impulsionada por novos pedidos e maior produção. Contudo, o emprego no setor segue enfraquecido e analistas não esperam novos estímulos significativos na próxima reunião do Politburo, em meio às incertezas.
Nos mercados globais, junho foi positivo para ativos de risco: Nasdaq (+6,6%), S&P 500 (+5,0%), Nikkei (+5,8%) e DAX alemão (+0,15%). O VIX caiu 12,1%, refletindo menor aversão ao risco entre investidores.
Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Junho/2025)
Índice/Ativo |
País/Mercado |
Variação (%) | ||
Mês |
Ano |
12 meses |
||
DJI |
EUA |
4,32 |
3,64 |
12,72 |
S&P 500 |
EUA |
4,96 |
5,50 |
13,63 |
Nasdaq |
EUA |
6,57 |
5,48 |
14,87 |
Dólar |
Forex |
-5,07 |
-12,06 |
-2,86 |
Bitcoin |
Investing.com |
2,46 |
14,60 |
70,80 |
Fonte: Valor Data; Investing.com
Mercado de Capitais Nacional
A economia brasileira mantém ainda sinais de resiliência no segundo trimestre, com destaque para o mercado de trabalho. A taxa de desemprego caiu para 6,2% até maio, a menor desde 2014. O número de desocupados recuou para 6,8 milhões (-8,6%), enquanto a ocupação cresceu 1,2%, totalizando 103,9 milhões de pessoas. O emprego formal no setor privado bateu recorde (39,8 milhões) e a informalidade caiu para 37,8%, com aumento dos trabalhadores com CNPJ. A massa de rendimentos reais alcançou R$ 354,6 bilhões e os contribuintes da previdência chegaram a 68,3 milhões --- números recordes.
A inflação mostrou desaceleração: o IPCA-15 subiu 0,26% em junho (12 meses: 5,27%), abaixo das expectativas. Habitação foi o principal foco de pressão (+1,08%) com alta da energia elétrica (+3,29%). Combustíveis caíram 0,69% ajudando a conter o índice. Apesar da queda, a inflação permanece acima da meta. Nesse contexto, o Banco Central elevou a Taxa Selic para 15% ao ano, de maneira que o Brasil figura entre as maiores taxas reais de juros do mundo (9,53%). Esse nível elevado encarece o crédito, restringe o investimento e pressiona o orçamento público, dificultando o equilíbrio entre controle da inflação e estímulo à economia.
No mercado financeiro, o Ibovespa subiu 1,3% enquanto o dólar recuou 5,1%, acompanhando o enfraquecimento global da moeda americana (DXY -2,5%). Apesar do resultado positivo na bolsa de valores brasileira, o ambiente doméstico continua desafiador, exigindo atenção dos agentes econômicos.
Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Junho/2025)
Índice |
Variação (%) |
||
Mês | Ano | 12 meses | |
IBOV |
1,33 |
15,00 |
12,00 |
IFIX |
0,63 |
11,79 |
4,08 |
IEE |
0,77 |
30,78 |
14,73 |
SMLL |
1,04 |
26,43 |
11,31 |
ISE |
1,82 |
25,53 |
14,35 |
Fonte: Valor Data; Investing.com
Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Junho/2025)
Ação |
Ticker |
Variação |
Preço |
MRV |
MRVE3 |
20,23% |
R$ 6,36 |
Embraer |
EMBR3 |
17,59% |
R$ 77,01 |
Tim |
TIMS3 |
13,13% |
R$ 22,05 |
Engie Brasil |
EGIE3 |
10,59% |
R$ 45,41 |
Marcopolo |
POMO4 |
9,79% |
R$ 7,96 |
Fonte: Infomoney.com
Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Junho/2025)
Ação |
Ticker |
Variação |
Preço |
Usiminas |
USIM5 |
-20,77% |
R$ 4,12 |
Braskem |
BRKM5 |
-17,62% |
R$ 9,07 |
São Martinho |
SMTO3 |
-16,97% |
R$ 17,57 |
Cosan S.A |
CSAN3 |
-16,65% |
R$ 6,86 |
Grupo Vamos |
VAMO3 |
-15,90% |
R$ 4,18 |
Fonte: Infomoney.com
Ação estudada do mês: Pague Menos (PGMN3)
a) Análise fundamentalista
Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas
Indicador |
Resultado |
Índice P/L |
19,69 |
Índice P/VP |
0,78 |
DY - Dividend Yield |
7,40% |
Fonte: Status Invest
Posição: 02/07/2025
A análise fundamentalista tem como objetivo avaliar o valor intrínseco de uma empresa com base em seus fundamentos financeiros, operacionais e estratégicos. Essa abordagem busca identificar se a ação está sub ou supervalorizada, servindo de suporte à tomada de decisão por parte dos investidores.
Para a avaliação da Empreendimentos Pague Menos S.A. (PGMN3), foram considerados três indicadores relevantes:
O Índice Preço/Lucro (P/L), que representa a relação entre o preço da ação e o lucro por ação (LPA), está em 19,69, o que indica que o mercado está disposto a pagar R$19,69 para cada R$1,00 de lucro da companhia. Embora esse valor esteja acima de setores mais cíclicos, é razoável dentro do setor de varejo farmacêutico, que tende a ser mais resiliente.
O Índice Preço/Valor Patrimonial (P/VP) é de 0,78, o que indica que a ação está sendo negociada abaixo de seu valor contábil. Isso sugere um possivel desconto de mercado em relação ao valor patrimonial da empresa.
O Dividend Yield (DY) da empresa está em 7,40%, um valor elevado, o que demonstra uma política de remuneração ao acionista atrativa. Embora a margem líquida da empresa ainda seja baixa (0,82%), o payout tem garantido retornos interessantes aos investidores.
A Pague Menos é uma das maiores redes de farmácias do Brasil, fundada em 1981, com sede em Fortaleza (CE) e presença em todas as regiões do país. A empresa foi pioneira na implementação do modelo drugstore e possui um portfólio de mais de 1.000 unidades. Sua operação também inclui manipulação de medicamentos e serviços de conveniência. Em 2021, adquiriu a Extrafarma, fortalecendo ainda mais sua presença no mercado.
b) Análise técnica
Gráfico 1 – Gráfico semanal PGMN3
Posição: 02.07.2025
No médio prazo, o comportamento do ativo PGMN3 apresenta um padrão de lateralização após forte desvalorização ocorrida entre meados de 2021 e 2022. A ação vem oscilando dentro de um canal entre o suporte em R$2,18 e a resistência em R$3,78, ainda sem força suficiente para romper de forma definitiva qualquer uma dessas extremidades.
O atual patamar de preços, por volta de R$3,41, situa-se no terço superior desse canal, o que exige cautela, pois aproxima-se de uma resistência importante, testada diversas vezes desde 2023, sem rompimento sustentável.
O Índice de Força Relativa (IFR) está em torno da região neutra (entre 50 e 55), sem indicar sobrecompra nem sobrevenda, o que reforça a leitura de equilíbrio técnico e ausência de tendência clara neste momento.
O HMACD mantém leitura levemente positiva, apontando uma presença moderada da força compradora, embora sem aceleração expressiva. A ausência de divergências relevantes ou picos extremos sugere que o mercado segue aguardando um gatilho de decisão.
A ausência de rompimentos firmes indica que o papel está em compasso de espera, possivelmente acompanhando o fluxo setorial e o comportamento do varejo farmacêutico de forma mais ampla. O monitoramento do comportamento nos extremos do canal (R$2,18 - R$3,78), aliado ao volume e possíveis cruzamentos futuros de indicadores de momentum, será crucial para antecipar a próxima direção dominante.
c) Otimização de Retornos Através do Cruzamento de Médias Móveis
A estratégia de cruzamento de médias móveis é uma técnica consagrada no acompanhamento de tendências de mercado, baseada na interação entre duas médias móveis de períodos distintos: uma média curta, que capta movimentos de curto prazo, e uma média longa, que reflete tendências de médio a longo prazo. Sinais de operação, como entradas e saídas, são gerados a partir do momento em que a média móvel curta cruza a média móvel longa, indicando possíveis pontos de inflexão no comportamento do preço.
Os alunos de graduação dos cursos de Ciências Econômicas, Finanças e pós-graduação em Ciência de Dados da Universidade de Fortaleza (Unifor), aplicaram um algoritmo de Busca Exaustiva para otimizar essa estratégia, testando todas as combinações possíveis de médias móveis. A eficácia das combinações foi validada por meio de backtesting em Python, com comparações paralelas na plataforma Profitchart Pro. Cada ativo financeiro foi submetido a uma customização específica de médias móveis, com a otimização focada em maximizar a relação entre retorno, risco e a probabilidade de sucesso das operações.
Para o ativo PGMN3, a análise identificou que a combinação mais eficiente foi uma média móvel curta de 4 períodos e uma média móvel longa de 12 períodos, aplicadas em dados diários. Essa configuração apresentou uma taxa de acerto de 42,86%, com as operações lucrativas gerando um ganho médio de R$ 50,79, enquanto as operações negativas resultaram em uma perda média de R$ 18,02, considerando negociações com lotes padrão de 100 ações. Ao aplicar essa estratégia otimizada, o investidor teria alcançado um lucro bruto acumulado de R$ 1.178,00 no período entre 01/01/2020 e 01/05/2025, destacando-se como uma abordagem consistente dentro do horizonte temporal analisado.
Gráfico 2 – Retorno observado da estratégia PGMN3
Exemplo de aplicação:
Em 02 de julho de 2025, a média móvel curta de 4 períodos (linha branca) cruzou para baixo da média móvel longa de 12 períodos (linha azul), gerando um sinal de venda (Gráfico 3). De acordo com a estratégia de cruzamento de médias móveis, essa posição vendida deveria ser mantida até que as médias se cruzassem novamente em sentido contrário, indicando o momento de encerrar a operação.
Gráfico 3 – Gráfico diário PGMN3
Posição: 02.07.2025
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- As informações contidas aqui baseiam-se em simulações, e os resultados reais poderão divergir significativamente.
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Equipe de elaboração
Professores
- Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
CNPI-P – n. 8409
- Prof. Allisson David de Oliveira Martins
Economista - Corecon-Ce n. 3221
CNPI – n. 9113
- Prof. Ricardo Aquino Coimbra
Economista - Corecon-Ce n. 2575
CNPI – n. 9579
Alunos
- Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
- Filipe Barbosa Teixeira - Finanças
- José Freitas Alves Neto - Mestrado em Ciência de Dados
- José Wilker de Sousa Martins - Ciências Econômicas
- Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas
- Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas