Entrevista Nota 10: César Fernandes e o mercado de oportunidades para a medicina veterinária

seg, 7 julho 2025 14:27

Entrevista Nota 10: César Fernandes e o mercado de oportunidades para a medicina veterinária

Novo coordenador do curso de Medicina Veterinária fala sobre o panorama do mercado no Brasil, especialmente no Ceará, e mostra os diferenciais da formação ofertada pela Unifor


Mestre e doutor em Ciências Veterinárias, César mantém um constante compromisso com a pesquisa e o aprimoramento técnico-científico (Foto: Ares Soares)
Mestre e doutor em Ciências Veterinárias, César mantém um constante compromisso com a pesquisa e o aprimoramento técnico-científico (Foto: Ares Soares)

Com a terceira maior população de animais de estimação do mundo — aumentar de 160 milhões de pets —, o Brasil tem visto o mercado veterinário crescer exponencialmente. Só de 2014 a 2024, o setor para esse público cresceu 164%, ou seja, mais do que dobrou em uma década.

Essa expansão abre caminhos não só para empreendimentos de serviços e produtos do ramo, mas principalmente para a atuação de um profissional essencial na promoção da saúde e do bem-estar animal: o médico veterinário. 

A alta oferta pode até deixar o mercado mais competitivo, mas não fechado. É o que explica o Dr. César Fernandes, mais novo coordenador da graduação em Medicina Veterinária da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz. Para quem entra no curso com seriedade e se dedica, diz ele, ainda há muitas oportunidades.

Ainda há muito espaço, especialmente para quem se prepara bem, busca qualificação constante e entende que a medicina veterinária hoje vai muito além do atendimento clínico. Tem espaço em áreas como gestão, inspeção de alimentos, pesquisa, saúde pública, reprodução, produção animal, entre outras”, aponta o professor.

Médico veterinário formado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), César é mestre e doutor em Ciências Veterinárias pela mesma instituição. Por lá, também realizou dois estágios pós-doutorais na área, mantendo um constante compromisso com a pesquisa e o aprimoramento técnico-científico.

Ao longo de sua carreira, já atuou na coordenação de cursos técnicos. Há seis anos, dedica-se ao ensino superior como professor universitário, sendo docente da Unifor há três anos. Agora, assume a missão de coordenar o curso que forma profissionais de excelência na medicina veterinária.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, César fala sobre o panorama do mercado veterinário no Brasil, especialmente no Ceará, além de mostrar os diferenciais do curso de Medicina Veterinária promovido pela Unifor.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — Além de ser uma potência pecuária mundial, o Brasil possui a terceira maior população de animais de estimação do planeta, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação. Qual a sua visão sobre o mercado veterinário hoje tanto no país como no Ceará? Existe saturação profissional ou ainda há espaço para quem busca atuar nesse ramo?

César Fernandes — O mercado veterinário no Brasil, de forma geral, ainda é bastante promissor. Vivemos em um país com uma das maiores populações de animais de produção e de companhia do mundo, o que naturalmente gera uma demanda constante por profissionais da área. No caso específico do Ceará, esse cenário não é diferente: temos uma agropecuária que, apesar dos desafios climáticos, vem se fortalecendo em algumas regiões, além de um crescimento expressivo no número de pets nas áreas urbanas e uma maior disposição e cuidados pelos tutores.

Sobre saturação, o mercado pode até estar mais competitivo, mas ele não está fechado. Ainda há muito espaço, especialmente para quem se prepara bem, busca qualificação constante e entende que a medicina veterinária hoje vai muito além do atendimento clínico. Tem espaço em áreas como gestão, inspeção de alimentos, pesquisa, saúde pública, reprodução, produção animal, entre outras. Então, para quem entra no curso com seriedade e se dedica, ainda há muitas oportunidades. 

Entrevista Nota 10 — Há uma parcela diversa do mercado que abrange animais de grande porte, exóticos e silvestres, além de nichos veterinários específicos que vêm se consolidando no setor. Quais são as principais áreas emergentes hoje? Como o médico veterinário pode aproveitar as oportunidades profissionais para além da atuação mais tradicional em consultórios?

César Fernandes — Hoje, a medicina veterinária está passando por uma ampliação de horizontes muito interessante. Além da clínica tradicional de pequenos animais, que continua forte, vemos áreas emergentes ganhando bastante espaço. Um exemplo claro é a medicina de animais silvestres e exóticos, que vem crescendo tanto em ambiente clínico como em instituições de conservação e manejo ambiental, como em zoológicos e parques públicos.

Outra área em ascensão é a atuação em saúde pública, principalmente no controle de zoonoses, vigilância sanitária e inspeção de produtos de origem animal. Com o aumento da preocupação com segurança alimentar e sustentabilidade, isso tem aberto muitas portas.

Além disso, a reprodução assistida, a nutrição animal de precisão, o bem-estar animal e até a atuação com perícia legal são nichos com muita demanda. O médico veterinário que deseja se destacar precisa olhar para essas possibilidades com atenção e buscar formação complementar.

A atuação fora do consultório, como em empresas, órgãos públicos, agroindústrias, centros de pesquisa ou startups do setor pet/agro, também é uma realidade cada vez mais presente. Em resumo: o mercado está se diversificando, e quem acompanha essa transformação consegue se posicionar muito bem profissionalmente.

Entrevista Nota 10 — Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), existem mais de 500 cursos da área ativos no Brasil, o maior número no mundo. Como a graduação em Medicina Veterinária da Universidade de Fortaleza se posiciona na educação, especialmente no Ceará, e prepara os novos profissionais para lidarem com as demandas do mercado? Quais são os principais diferenciais do curso? 

César Fernandes — De fato, o número de cursos de medicina veterinária no Brasil é expressivo, e isso traz um desafio importante: se destacar pela qualidade. E é justamente aí que a graduação da Universidade de Fortaleza se posiciona com muita solidez. A Unifor tem uma tradição de excelência no ensino superior e aplica esse mesmo padrão à Medicina Veterinária, oferecendo uma formação que alia base teórica consistente com uma vivência prática muito rica desde os primeiros semestres.

Um dos grandes diferenciais do curso é a estrutura que temos à disposição: laboratórios modernos, fazenda escola (Complexo de Medicina Veterinária), clínicas integradas, blocos de habilidades práticas. Tudo isso contribui para que o aluno desenvolva não só o conhecimento técnico, mas também a segurança necessária para atuar no mercado com responsabilidade e autonomia. Além disso, contamos com um corpo docente altamente qualificado, formado por mestres e doutores com atuação profissional em diversas áreas da medicina veterinária.

Nosso objetivo é formar um profissional ético, atualizado e consciente do seu papel social, pronto para atuar tanto nas áreas tradicionais quanto nas mais inovadoras da profissão.

Entrevista Nota 10 — O Complexo de Medicina Veterinária da Unifor, também conhecido como Centro de Treinamento, conta uma estrutura completa e diversificada para os estudantes colocarem em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. O que faz o CT se destacar na formação nessa área? Qual a sua importância para os futuros profissionais que passam por lá e para a sociedade como um todo?

César Fernandes — O Complexo de Treinamento (CT) em Medicina Veterinária da Unifor é, sem dúvida, um dos grandes diferenciais do nosso curso. Ele se destaca por oferecer uma estrutura completa, que simula de forma muito próxima os cenários reais de atuação do médico veterinário. Isso vai desde o atendimento clínico de pequenos até áreas voltadas à cirurgia, diagnóstico por imagem, reprodução, nutrição, inspeção de alimentos e manejo zootécnico.

A grande força do CT é permitir que o estudante aplique na prática, e de forma supervisionada, tudo aquilo que aprende em sala de aula. E isso faz uma diferença enorme na formação, porque dá ao aluno a oportunidade de desenvolver habilidades técnicas, senso crítico, tomada de decisão, trabalho em equipe e, claro, contato direto com os desafios da profissão.

Mas o impacto vai além da formação: o CT também cumpre um papel social importante. Por meio dos atendimentos e projetos de extensão, conseguimos oferecer serviços à comunidade e ao setor produtivo, contribuindo com a saúde e o bem-estar animal. Ou seja, é uma estrutura que beneficia tanto os nossos alunos quanto a sociedade de forma mais ampla.

Entrevista Nota 10 — A pesquisa científica também é um ramo vital no desenvolvimento da medicina veterinária tanto como profissão quanto como campo do conhecimento. De que maneira a graduação da Unifor colabora com a evolução da ciência e a inovação no campo animal? Quais as oportunidades para o aluno que busca seguir carreira científica na área?

César Fernandes — A pesquisa científica, sem dúvida, é um dos pilares do desenvolvimento da medicina veterinária, tanto no avanço das técnicas e conhecimentos quanto na formação de profissionais mais críticos e preparados. Sabemos que produzir ciência no Brasil é um grande desafio, pois exige estrutura, incentivo e, principalmente, continuidade. E mesmo sendo um curso relativamente jovem, com aproximadamente 10 anos de existência, a graduação em Medicina Veterinária da Unifor tem dado passos importantes nesse sentido.

Nos últimos anos, tivemos um aumento expressivo no número de projetos de pesquisa desenvolvidos dentro do curso, com a participação ativa dos alunos em diferentes frentes. Hoje, temos oito ligas acadêmicas/grupos de estudo atuantes, que funcionam como espaços importantes de iniciação científica, onde os estudantes têm a chance de aprofundar conhecimentos, desenvolver raciocínio investigativo e até participar de eventos e publicações.

A ideia é que esse movimento cresça cada vez mais. Estamos trabalhando para fortalecer um grupo de pesquisa sólido, que una professores e alunos em torno de temas relevantes, e que amplie parcerias com outras universidades e instituições de pesquisa, tanto locais quanto nacionais. Para o aluno que tem interesse em seguir carreira acadêmica ou científica, a Unifor oferece oportunidades reais, com apoio dos docentes, orientação qualificada e um ambiente que valoriza a produção de conhecimento.

Entrevista Nota 10 — Recentemente, você assumiu a coordenação do curso de Medicina Veterinária. Como foi receber esse convite? Quais são os planos para manter e elevar o padrão de excelência no ensino, pesquisa e extensão dentro da graduação?

César Fernandes — Receber o convite para assumir a coordenação do curso foi, sem dúvida, uma grande honra, mas também uma responsabilidade que encaro com muito compromisso. Eu já fazia parte da equipe há algum tempo, estou na Unifor há três anos, e durante o último ano atuei como assessor da coordenação, mas também já tinha sido membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE). Isso me deu a chance de conhecer bem os bastidores do curso, entender os desafios e, principalmente, as potencialidades que temos.

Assumir a coordenação foi, pra mim, uma continuidade natural de um trabalho que já vinha sendo construído em equipe. Minha missão agora é contribuir para que o curso continue crescendo, mantendo o padrão de excelência pelo qual ele já é reconhecido. Temos uma estrutura muito boa, um corpo docente altamente qualificado e alunos comprometidos.

Entre os principais planos, destaco o fortalecimento da pesquisa, com a consolidação de grupos de estudos e incentivo à iniciação científica; o aprimoramento das atividades de extensão, aproximando ainda mais o curso da comunidade e do setor produtivo; e, claro, a qualificação contínua do nosso ensino, buscando inovações metodológicas e melhorias estruturais. A ideia é trabalhar de forma integrada, valorizando o diálogo com alunos, professores e toda a instituição, para que a formação que oferecemos seja cada vez mais completa e alinhada com as exigências do mercado e da sociedade.