Cantores e instrumentistas falam sobre a escolha pela arte musical como profissão

Conheça iniciativas da Universidade de Fortaleza e Fundação Edson Queiroz que promovem aprendizado musical e aperfeiçoamento de musicistas. (Foto: Julia Donato)

“A escolha pela música é algo especialíssimo que envolve a vontade, os sentidos e a expressão que temos a oferecer por meio do som”. Com essa reflexão, Marcus Vinícius Cardoso, coordenador da Camerata da Universidade de Fortaleza — instituição da Fundação Edson Queiroz —, descreve as forças que impulsionam alguém a se dedicar à música pessoal e profissionalmente.

O mestre em Arte da Música pela Campbellsville University (Kentucky, EUA) é um dos fundadores da Camerata, onde atua desde 1996. Ele acredita que os grupos de arte de música da Universidade têm caráter aglutinador de talentos e aguçam a percepção da arte em todos os ouvintes.

“Para quem trilha ou deseja trilhar a carreira musical, eles são excelentes laboratórios de lideranças, ideias e produções de peças musicais e apresentações ligadas à comunidade e ao ambiente universitário”, observa Marcus Vinicius.

O som que conecta academia e sociedade 

Desde sua fundação, a Universidade promove manifestações artísticas em múltiplas vertentes. Quando se fala em música, as iniciativas são várias e alcançam tanto a comunidade acadêmica quanto a sociedade de forma geral. 




“Tive o privilégio de ser um dos músicos fundadores da Camerata na época em que era estudante do curso de Direito da Unifor. A oportunidade surgiu em uma apresentação no Encontro de Iniciação à Pesquisa em setembro de 1996, e a partir dali houve o interesse do chanceler Airton Queiroz de criar a Camerata.” —
Marcus Vinícius Cardoso, coordenador da Camerata e professor de violino da Escola Yolanda Queiroz


A instituição mantém a Camerata, o Coral e a Big Band, além de grupos infantis de sanfona, flauta, violino e coral, ligados à Escola de Aplicação Yolanda Queiroz. Todo ano, no mês de julho, acontece no campus o Festival Eleazar de Carvalho, com aulas e recitais diários de música clássica. Além disso, o Teatro Celina Queiroz frequentemente apresenta eventos musicais abrangendo diversos estilos, da música popular à erudita.

Thiago Braga, coordenador da Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária (Virex), reforça que todas as iniciativas de arte e cultura da Unifor, inclusive as de música, são voltadas à comunidade acadêmica e ao público em geral. Segundo ele, isso gera uma aproximação entre Universidade e sociedade.

“Nessas realizações, a música é promovida nas perspectivas da fruição e da educação, uma vez que se busca a formação de plateia e se realizam projetos de formação e aperfeiçoamento de músicos, assim como se abre espaço para suas apresentações”, pontua. 

Impacto na formação pessoal

“Além de ser a mais democrática e acessível forma de arte, [a música] é um alimento e bálsamo para nosso espírito”, afirma João Porfírio, integrante do Coral da Unifor desde 2016.

Segundo ele, a escolha de dedicar a vida profissional à música é, além de uma satisfação pessoal, uma grande responsabilidade: “Como toda ciência, o aprendizado desta arte, para além do deleite, necessita de disciplina, persistência, ensaios e constância de propósito”.


 

“Pode-se dizer que a escolha de ser profissional de música é, antes de tudo, uma forma de auto amor e amor ao próximo. É um misto de uma séria responsabilidade social com o deleite de se viver-arte.” — João Porfírio, integrante do Coral Unifor

 


Também egresso da Unifor, o advogado entende que a convivência com essa forma de arte repercute de maneira efetiva e positiva na educação, responsabilidade social e cidadania de quem a escolhe como rota ou bússola para pautar a caminhada pessoal.

O coralista ressalta ainda a influência da música em todas as etapas de aprendizagem. Segundo ele, quando as diretrizes de ensino infantil, fundamental, médio e superior incorporam a música como disciplina, ocorre uma evolução e quebra de paradigmas no aprender e na forma de se portar no mundo.

“Se uma instituição de ensino investe no aprendizado musical — possuindo grupos como Coral, Camerata, Big Band, Teatro, Dança e demais expressões artísticas —, ela prima pela excelência e evolução pessoal de seus alunos, possibilitando-os, com tal acesso, experienciar o positivo impacto e conexões lúdico-lógicas que somente a arte proporciona na abertura de horizontes profissionais e pessoais”, analisa Porfírio.

Escolhidos pela música

Imaginar a vida sem música não é tarefa fácil para Robson Lima. Maestro da Big Band Unifor desde 2013, quando participou da seleção para a vaga, ele costuma dizer que não escolheu, mas foi escolhido pela música.

Especialista em trompa pelo Conservatório de Artes Integradas de Briançon, na França, e mestre em música pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o músico tem se dedicado, nos últimos anos, ao ensino, à música de concerto com foco na regência, à música de câmara e à performance na trompa.

“De fato a música é a relação mais íntima e importante para um profissional da área. Diferente de outras atividades profissionais, na música, o trabalho (prazer) não acaba quando se encerra o horário de expediente, não se desliga o ouvido. É algo intenso e contínuo”, relata o trompetista. 


 

“Os grupos musicais da Unifor são fantásticos, são laboratórios muito ricos. Várias pessoas já tiveram a oportunidade de passar por eles. E o mais importante é que mesmo não saindo como profissionais da música, os que tiveram, por algum momento, contato com a música, certamente serão profissionais diferenciados.” — Robson Lima, trompetista e maestro da Big Band Unifor 


Como observa o coralista João Porfírio, a música pode ser utilizada como forma de entretenimento, lazer, estudo, aprendizado, tratamento, entre outras possibilidades. Todas desaguando na questão do bem-estar e da qualidade de vida.

“Ser um profissional de música é enxergar que seu trabalho, atividade e vocação, sem sombra de dúvidas, servirá de forma efetiva para a melhoria da vida das pessoas e das coisas, ao passo que você estará transformando, evoluindo e proporcionando melhores realidades com prazer e amor”, conclui.