Dress code no trabalho: Saiba como se vestir profissionalmente

É possível aliar conforto e personalidade ao código de vestimenta das empresas

São muitas as formas de se preparar para o mercado de trabalho. Graduação, cursos de capacitação e certificações conferem ao profissional o conhecimento necessário para exercer as atividades de cada área de atuação. No entanto, outro fator também deve ser considerado no ambiente de trabalho: as roupas.

Além de comunicar traços da sua personalidade, o modo de se vestir também é uma parte importante na construção de uma imagem profissional. Bom senso, normas sociais e regras de conduta das empresas devem ser levadas em consideração na hora de escolher o que vestir para o expediente.

Qual é o dress code?

Psicóloga da Central de Carreiras e Egressos da Universidade de Fortaleza — instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz — Ana Peixoto confirma a importância de vestir-se bem no ambiente de trabalho.

“Uma roupa adequada ao cenário corporativo traduz confiança e fortalece a autoestima”, pontua. Ela afirma que a maneira de se vestir na entrevista de emprego pode facilitar, inclusive, a evolução no processo seletivo.

Segundo Ana, entender o perfil da empresa para a qual a pessoa está se candidatando à vaga é o primeiro passo para definir o dress code (código de vestimenta, em português) da organização. A expressão em inglês é utilizada para indicar a padronização visual na forma de se vestir conforme diferentes ocasiões e locais.

Nesse contexto, a psicóloga explica que para identificar se o dress code da organização é formal ou mais despojado, o candidato pode buscar pistas no site e nas redes sociais da instituição, como no LinkedIn e Instagram.



“O uso de peças adequadas ao dia a dia da empresa facilita que o processo de integração aconteça de forma mais rápida, além de impactar também na produtividade. Sempre tenha em mente que você compõe o perfil da empresa e que sua imagem deverá representá-lo no espaço corporativo e também no mercado de trabalho.”Ana Peixoto, psicóloga da Central de Carreiras da Unifor

 


Trabalhos diferentes, estilos diferentes

Vários fatores influenciam na padronização de vestuário definida pelas empresas, como o nível de formalidade, filosofia da firma, clima da região, tipo de trabalho etc. Ana Peixoto dá dicas de como se vestir quando o dress code pede um estilo mais clássico ou formal:

  • Prefira roupas discretas;
  • Invista em peças de alfaiataria;
  • Opte por combinações monocromáticas;
  • Aposte em cores neutras;
  • Use maquiagem leve;
  • Escolha perfumes suaves;
  • Mantenha os calçados limpos e opte por saltos moderados;
  • Não exagere nos decotes e acessórios;
  • Evite roupas amassadas, manchadas, coladas, desconfortáveis e que não se enquadrem à cultura da empresa.

Por outro lado, cores vibrantes e composições criativas podem se adequar a um ambiente de trabalho mais informal. Segundo Renata Santiago, docente do curso de Design de Moda da Unifor, o mundo está vivendo um momento de desconstrução no dress code corporativo.

Por isso, mesmo em locais com códigos mais regrados é possível sinalizar personalidade por meio das escolhas. “É muito mais interessante colocar características pessoais nas vestimentas do que utilizar padrões. Estamos falando de autenticidade. Isso é o mais importante”, enfatiza.

Construção de imagem pessoal

Para Renata, a roupa é uma fronteira entre o interior do indivíduo e o que está fora dele. Nesse sentido, a vestimenta comunica quem é o sujeito em um contexto amplo, incluindo o âmbito profissional. A questão primordial para a docente é: O que está sendo revelado pela roupa é realmente o tipo de profissional que a pessoa é?

A professora explica que é possível alinhar a aparência de acordo com aquilo que se deseja comunicar por meio da construção de imagem pessoal. “Competência e aparência podem se complementar e se reforçar”, frisa Renata.



“Não existe um padrão universal hoje em dia quando falamos de ambiente de trabalho. Não podemos dizer que o estilo mais legal é o elegante ou o clássico. Depende do meu tipo de trabalho, da filosofia da minha empresa, do que eu quero comunicar.”Renata Santiago, docente do curso de Design de Moda da Unifor

 


Segundo ela, a esfera estética é uma comunicação permeada por uma linguagem não verbal das mais potentes, uma vez que, por si só, possibilita que o outro traga inferências sobre o que o indivíduo é ou o tipo de trabalho que faz, com base somente no vestuário.

Assim como a aparência é capaz de favorecer performances, ela pode também restringir possibilidades. “Pode ser que eu não demonstre naquilo que estou colocando no vestuário tudo que sou, tudo que desenvolvo. Estamos falando sobre códigos semióticos, inconsciente coletivo e linguagem visual”, sintetiza Renata.

Inspiração, mobilização e conforto

Os cargos de chefia merecem uma atenção ainda mais especial, pois quem ocupa níveis hierárquicos mais altos nas empresas, além das atividades profissionais, tem também a função inerente de inspirar, mobilizar, trazer conforto psicológico para as pessoas, entre outras questões.


“É necessário entender o que se precisa comunicar e colocar isso em forma, cor, linha e textura para reforçar a competência, a atividade prática”, ressalta Renata Santiago. (Foto: Getty Images)


Estar na posição de liderança, em um local de referência de saber, pede um cuidado com detalhes, conforme argumenta a docente. “Sou a favor de tudo que eu possa utilizar para desenvolver minha função da melhor forma — e a roupa é uma ferramenta potente nesse sentido”, declara.

Respeito e sintonia

Para a psicóloga Ana Peixoto, apesar de importantes, as roupas jamais podem ser o centro de atenções. Segundo a especialista, elas devem ser necessariamente confortáveis e ter sintonia com o perfil da empresa. “A ideia é se respeitar”, complementa a Renata Santiago.

“Respeitar as questões ligadas à autenticidade e à singularidade de cada um é o que existe de mais legal hoje em dia”, diz ela, explicando ainda que estilo é a tradução do pensamento por meio das roupas e da estética. Afirma ainda que isso pede ética, constância e congruência com o que o indivíduo é, pensa e faz.

“A pessoa estilosa é aquela que você consegue reconhecer sem que ela fale nada. Isso é ter estilo, e independe de cores e formas. Esse autoconhecimento é o mais importante a se mencionar”, conclui Renata.