Mercado da moda: como a tecnologia vem revolucionando a indústria têxtil

Não é só o repertório musical que encanta os fãs nos shows da cantora Beyoncé. Coreografias, efeitos de palco e muita tecnologia compõem a turnê “Renaissance”. Um dos figurinos utilizados pela artista vem chamando a atenção; ele muda de cor em pleno palco, gerando curiosidade sobre o funcionamento da roupa.

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Segundo Luciana França, docente da graduação em Design de Moda da Universidade de Fortaleza, trata-se de um vestido que utiliza a tecnologia conhecida como fotocromia. “O tecido é desenvolvido com pigmentos fotocrômicos que reagem às luzes UV e, a partir dessa reação química, mudam de cor”, explica.

O sobretudo branco de Beyoncé se transforma em uma obra-prima vibrante durante a turnê “Renaissance”, em Estocolmo (Fotos: Z.J / BACKGRID, INSTARimages)

Tecnologia e Saúde

Indo além dos palcos, a Tecnologia Têxtil também recebe aplausos em outros espaços. Pesquisas realizadas e produtos desenvolvidos vêm trazendo contribuições para diversas áreas, como a da saúde.

“Os tecidos bacteriostáticos, que inibem a proliferação das bactérias, e os antimicrobianos, que evitam o surgimento dos micro-organismos, já estão há algum tempo no mercado”, relata Luciana.

“Tecnologias aplicadas à matéria-prima têxtil, que no final do século passado pareciam um futuro distante, hoje são realidade” — Luciana França, docente do curso de Design de Moda da Unifor.

Há também a tecnologia que utiliza micropartículas de prata para inativar o coronavírus. Para a professora, é provável que este tecido, em breve, seja utilizado em máscaras e uniformes hospitalares, contribuindo para a redução de contágio nesses ambientes.

Entre outras características dos tecidos tecnológicos, é possível citar as propriedades que auxiliam no tratamento e controle de doenças, medindo batimentos cardíacos, por exemplo.

Sustentabilidade

A indústria têxtil vem utilizando a tecnologia em prol do bem-estar do consumidor e do meio ambiente, repensando processos e usando matérias-primas de menor impacto ambiental.

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Conforme explica Luciana, já é possível encontrar no mercado couro feito com a casca do abacaxi e tecidos produzidos a partir do polietileno tereftalato (conhecido como PET) reciclado. Resíduos de rede de pesca e fibras têxteis sustentáveis — oriundas do milho, da soja, da urtiga, do café e do leite — também podem ser matéria-prima.

Tendências

Uma das várias tendências que a pandemia de Covid-19 intensificou foi a valorização do bem-estar. Isso abre espaço para que a tecnologia esteja ainda mais atuante na indústria da moda. Segundo Luciana, cada vez mais o consumidor vai querer artigos de vestuário confortáveis, e a ergonomia da roupa será um quesito importante na hora da decisão de compra.

Roupas com tecnologia de proteção contra raios UV começaram a se popularizar na última década (Foto: Getty Images)

“Eu vejo muitos avanços vindo por aí, que, aos poucos, chegarão a boa parte dos consumidores. Há uns 30 anos, o anti-UV, o anticelulite e o antichamas eram tecnologias inacessíveis. Hoje são realidade e estão em vários segmentos do vestuário”, constata a professora.