O que o mercado de trabalho espera dos jovens
Executivos listam as habilidades que podem facilitar a contratação e o sucesso na carreira
Por Gustavo Lima, da revista Ensino Superior
O networking é um dos principais alicerces para o crescimento profissional. E para Ana Claudia Plihal, executiva de soluções de talentos do LinkedIn no Brasil, a falta dessa habilidade pode barrar a entrada do jovem no mercado de trabalho. “Embora a geração mais nova seja tecnologicamente muito conectada, ela pouco se relaciona. Essa tem sido uma das principais travas, por parte dos estudantes, de terem sucesso”, alerta.
Uma pesquisa recente do LinkedIn revelou que 85% dos brasileiros acreditam que uma boa indicação pode ser mais determinante do que o currículo por si só. “Em um mercado cada vez mais competitivo, a recomendação de alguém que conhece sua trajetória e reconhece seu potencial pode não apenas acelerar processos seletivos, mas também abrir portas que ainda nem foram anunciadas”, destaca a executiva.
Ana Claudia Plihal, do LinkedIn, alerta para a falta de
networking dos estudantes
(Crédito: Vivian Koblinsky)
Diversidade nas relações
Vivian Broge, da empresa de tecnologia TOTVS, vê a prática de networking como essencial na construção de uma carreira sólida, pujante e sustentável. “Procurei exercitá-lo em todas as etapas da minha carreira e faço isso até hoje. Sobretudo porque quanto mais convivemos com pessoas diversas, mais ampliamos as nossas perspectivas. E isso fortalece o nosso papel profissional”, afirma.
Vivian Broge preside o Instituto da Oportunidade Social, entidade
beneficente que
promove capacitação gratuita para os jovens
(Crédito: Divulgação)
Para melhorar o networking, Vivian sugere olhar para o próprio
ciclo de amizades em uma busca por entender diferentes perspectivas e
realidades. “Pensar de uma forma intencional se o seu ciclo de
relacionamentos é diverso. Se a gente pensar em quem são os nossos
cinco principais amigos, em geral, são pessoas muito parecidas com nós
mesmos. Ao olhar para esse grupo de forma intencional, podemos
identificar que não há alguém de um outro país e que pode ser
interessante a aproximação com pessoas que tragam uma outra
cultura, por exemplo. Isso vale para diversos marcadores sociais”, sugere.
Bruno Szarf, VP global de pessoas e performance no Stefanini Group, faz coro com o discurso. “Essa habilidade é muito importante, ainda mais na minha posição. As empresas são basicamente feitas de pessoas e o crescimento depende delas. À medida que você conversa e conhece gente, há a oportunidade de aprender mais e de se antecipar em algumas decisões, porque você escuta o que as pessoas estão dizendo e as diferentes opiniões sobre o mesmo tema”, lista.
Bruno Szarf, do Stefanini Group, ressalta a importância da
divergência de
opiniões (Crédito: Divulgação)
A divergência de pensamentos é, para Szarf, um dos principais ganhos com o networking. “Atualmente, as pessoas estão muito focadas em ouvir só aquela opinião que consideram importante. Quanto mais opiniões divergentes nós ouvimos mais construímos a nossa”, afirma.
O valor da presencialidade
Numa era de hiperconectividade digital, o contato humano segue insubstituível. “O networking presencial continua sendo uma das formas mais ricas de construir relações profissionais, principalmente quando feito com intencionalidade”, sinaliza Ana Claudia Plihal. Participar de eventos, palestras, feiras de carreira, congressos ou até encontros informais da faculdade são oportunidades valiosas. De acordo com a executiva, o segredo está na abordagem. “Escute mais do que fale, mostre interesse genuíno pelo outro e busque entender como pode contribuir ou aprender naquela troca.”
“Essas conversas, quando bem cuidadas, evoluem para relações de confiança. E é aí que o networking realmente se fortalece. Um ponto essencial é não deixar esse contato se perder. Após uma conversa produtiva em um evento, vale mandar uma mensagem mencionando o encontro, agradecer pela troca e iniciar uma conexão digital que pode se aprofundar ao longo do tempo. Networking não se constrói apenas com quantidade, mas com qualidade. E isso vale tanto no presencial quanto no digital. O importante é manter essas conexões vivas: acompanhando as movimentações profissionais, compartilhando conteúdos relevantes, celebrando conquistas e, sempre que possível, oferecendo ajuda. A rede se fortalece quando há troca verdadeira. E quem entende isso cedo tende a ter relações profissionais mais significativas ao longo da carreira”, defende a executiva.
Como melhor aproveitar o Linkedin
Cultivar networking é uma escolha estratégica que exige consistência, escuta ativa e troca genuína. “E é justamente esse tipo de conexão que o LinkedIn se propõe a impulsionar”, salienta Ana Claudia Plihal. Mas qual é o momento certo de criar a sua conta?
“Quanto mais cedo o estudante começar a construir sua presença no LinkedIn, mais vantagem competitiva ele terá. Mesmo no primeiro período da faculdade, quando ainda não há experiências profissionais formais, já é possível – e recomendável – dar os primeiros passos.”
O perfil no LinkedIn é uma vitrine da sua trajetória e do seu potencial. Para quem está se formando, ele deve ser usado com estratégia e autenticidade. Mais do que listar cargos ou cursos, é o espaço para contar sua história – o que você estudou, por que escolheu essa área, quais experiências acadêmicas e extracurriculares marcaram sua jornada e que tipo de contribuição você busca oferecer ao mercado.
A executiva indica: ao criar uma conta no Linkedin, o estudante deve montar um perfil com as informações básicas, seguir empresas e profissionais da área de interesse, acompanhar conteúdos relevantes e iniciar conexões com colegas, professores e ex-alunos da instituição.
“Mesmo sem experiências formais de trabalho, o estudante pode – e deve – incluir no perfil suas vivências acadêmicas, trabalhos voluntários, participação em projetos de iniciação científica, atléticas, centros acadêmicos ou cursos complementares. Essas atividades mostram iniciativa, engajamento e ajudam a contar uma história profissional desde o início. Não é sobre autopromoção, mas sobre estar presente e se conectar de forma autêntica com o ecossistema profissional”, acrescenta.
A seção “Sobre”, por exemplo, é uma oportunidade para ir além do
técnico. Use esse espaço para se apresentar como profissional, mostrar
seus interesses e o que te move. Mesmo que sua trajetória esteja
começando, o que você escolhe destacar pode dizer muito sobre sua
curiosidade, iniciativa e visão de futuro.
Outro ponto importante,
segundo Ana Claudia, é a atividade na rede. Curtir, comentar ou
compartilhar conteúdos da sua área mostra engajamento. Escrever sobre
aprendizados em um projeto ou refletir sobre uma experiência de
estágio ajuda a dar visibilidade ao seu olhar e à sua forma de pensar.
O LinkedIn recompensa quem participa ativamente da conversa. Para quem
está começando, isso pode significar estar no radar de recrutadores e
mentores de forma mais natural e contínua.
Capacitação gratuita
Vivian Broge, é também presidente do Instituto da Oportunidade Social (IOS), entidade beneficente de assistência social que promove formação profissional gratuita e empregabilidade de jovens e pessoas com deficiência de 15 a 29 anos.
“Desenhamos os percursos formativos para os jovens, considerando
a criação de
oportunidades para que eles façam networking. Desde
o trabalho de conclusão de curso, que é apresentado para
representantes de diferentes empresas, até eventos promovidos pela
TOTVS, em que convidamos os jovens para virem ter horas de
aprendizagem, tendo não apenas o conhecimento técnico como
objetivo,e também a ampliação de repertório nas conexões.”
O IOS está com inscrições abertas para o segundo semestre. Para saber mais sobre o processo, acesse.