ter, 2 setembro 2025 15:09
Especialização em Arquitetura e Projeto Sustentável reforça compromisso extensionista
Projeto da Pós-Unifor em parceria com o Instituto Atitude Atletas requalifica espaço esportivo e reafirma compromisso da universidade com impacto social

Com o compromisso de formar profissionais capazes de transformar realidades por meio da arquitetura sustentável, a especialização em Arquitetura e Projeto Sustentável da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, alia teoria e prática com foco em soluções urbanas, arquitetônicas e paisagísticas inovadoras. A proposta pedagógica do curso valoriza o impacto social e ambiental dos projetos, como evidencia a iniciativa Triatlo que Transforma, desenvolvida por seus alunos.
Com 382 horas de carga horária e duração de 18 meses, o curso presencial oferece uma formação completa, com aulas quinzenais voltadas para gestão, planejamento, estratégias bioclimáticas e práticas projetuais. A especialização é direcionada a profissionais graduados em Arquitetura e Urbanismo ou Engenharia Civil com interesse em aprofundar o repertório técnico e ampliar o papel transformador na sociedade.
Compromisso com a extensão na pós-graduação
Os alunos da pós-graduação assinam o projeto Triatlo que Transforma, uma proposta de requalificação arquitetônica voltada para o Instituto Atitude Atletas, no bairro Pirambu, em Fortaleza. A iniciativa une sustentabilidade, esporte e inclusão social, propondo uma transformação da realidade local.
O projeto foi desenvolvido a partir de visitas ao território, entrevistas com moradores e estudantes atendidos pelo instituto, garantindo que as soluções fossem pensadas a partir das necessidades reais da comunidade.
“A iniciativa busca promover inclusão social por meio da requalificação do espaço físico da instituição, as necessidades dos frequentadores e o funcionamento do espaço”, destaca a professora Adriana de Oliveira, assessora dos cursos de lato sensu da Pós-Unifor.
Segundo a coordenadora da especialização, Suellen Galvão, e as docentes Liana Feingold e Laura Silveira Rios, a iniciativa reforça o papel da arquitetura sustentável como agente de transformação social, aproximando a prática acadêmica das demandas reais da sociedade.
Segundo a professora Liana, a atividade adota metodologias das disciplinas de Ateliê do curso de Arquitetura e Urbanismo, aplicadas diretamente nas comunidades. O trabalho é estruturado em etapas (sentir, projetar, realizar e conectar), o que permite uma escuta ativa de moradores de todas as idades e a transformação desse diagnóstico em soluções técnicas e práticas.
Do esboço à realidade: o projeto arquitetônico
O Instituto Atitude Atletas promove a prática do triatlo como ferramenta de desenvolvimento pessoal para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Apesar da importância social, o espaço enfrenta atualmente condições precárias de uso, o que limita a realização de treinos, oficinas e atividades pedagógicas.
Alunos da especialização em Arquitetura e Projeto Sustentável ao fim da primeira parte do projeto arquitetônico (Foto: Arquivo Pessoal)
Diante desse cenário, alunos da especialização em Arquitetura e Projeto Sustentável elaboraram uma proposta de requalificação completa do instituto, garantindo ambientes seguros, acessíveis e multifuncionais, pensados para atender às diversas necessidades da comunidade.
O projeto arquitetônico contempla áreas específicas para a prática do triatlo, com infraestrutura que assegura conforto e segurança aos jovens atletas; salas voltadas para oficinas pedagógicas, reforço escolar e capacitações; além de espaços de convivência e áreas abertas para eventos sociais e culturais.
Também foram planejadas estruturas de geração de renda, como uma cozinha industrial e uma oficina de bicicletas. A proposta inclui ainda a reorganização dos ambientes internos e a requalificação da fachada, promovendo maior integração visual e funcional com o entorno.
Segundo a professora Liana Fengold, a escolha do bairro surgiu de uma demanda inicial da associação. “A partir desse ponto inicial, o mapeamento mostrou que havia outras necessidades, como ventilação, iluminação, acessibilidade e segurança no entorno da associação", inicia a docente.
"Os alunos, então, desenvolveram soluções específicas, como a construção de uma rampa de acessibilidade, a implantação de paisagismo, pinturas no piso para desacelerar o trânsito de veículos, mobiliários como paraciclos e oficinas de compostagem. O trabalho foi dividido em etapas. Nesse primeiro momento, a gente entregou a parte de acessibilidade, junto com a pintura da fachada e o paisagismo”, complementa Liana.
A professora reforça que iniciativas como essa vão além da prática acadêmica, representando um exercício de aproximação entre universidade e comunidade. Para ela, o impacto é duplo: promove melhorias reais no cotidiano das pessoas e proporciona uma vivência transformadora para os futuros arquitetos, que aprendem a construir projetos com significado social.
Impacto em quatro dimensões
O projeto foi estruturado para gerar impacto positivo em quatro frentes principais. No aspecto social, busca criar um ambiente seguro e inspirador para os jovens atendidos pelo Instituto. No campo educacional, promove a articulação entre prática esportiva, cidadania e educação complementar.
Já na dimensão econômica, incentiva o empreendedorismo local e a criação de oportunidades de geração de renda para a comunidade. Por fim, no âmbito institucional, reforça o compromisso da Unifor com iniciativas de alcance comunitário, aproximando a universidade das reais necessidades sociais por meio de ações concretas e sustentáveis.
Arquitetura que transforma
Para o aluno do curso, Arthur Santiago, participar de um projeto de requalificação arquitetônica com impacto direto em uma comunidade carente foi um desafio técnico, mas também uma experiência profundamente humana.
“Poder estar mais próximo das crianças e seus familiares nos deu um norte para o projeto ser desenvolvido com qualidade. Escutar a história e vivência de alguns foi uma espécie de ‘combustível' para que o projeto pudesse ser único e funcional, mostrando que a arquitetura pode ajudar de forma significativa o dia a dia deles”, ressalta o estudante.
Além disso, Arthur enfatiza que no aspecto profissional, a principal habilidade desenvolvida ao longo da iniciativa foi a capacidade de escuta ativa. Compreender as demandas de cada usuário e integrar a comunidade no processo fez com que o projeto ganhasse ainda mais relevância. A presença constante dos moradores também revelou a força do engajamento social em iniciativas dessa natureza, fortalecendo o senso coletivo e a identidade local.
Para ele, projetos extensionistas como esse têm papel essencial na formação acadêmica. Ao sair da “bolha” do ambiente de escritório, os estudantes se deparam com a realidade de comunidades menos favorecidas e aprendem a aplicar seus conhecimentos em benefício do bem comum.
O projeto segue em andamento em parceria com a Unifor, e os interessados em conhecer mais ou contribuir de alguma forma podem entrar em contato por meio do Instagram oficial da iniciativa (Foto: Arquivo Pessoal)
A importância da extensão universitária
Para Victor Hugo Diniz, aluno da especialização, participar de um projeto de extensão voltado à requalificação urbana foi transformador tanto para a comunidade quanto para os estudantes envolvidos.
“Sempre é prazeroso e gratificante participar destes momentos, pois são ocasiões de muito aprendizado e de choque de realidades. Eles depositam em nós uma confiança e uma esperança enorme, e podemos ver a surpresa e a admiração em cada projeto apresentado”, enfatiza o arquiteto.
Ao longo do processo, Victor também aprimorou suas habilidades técnicas. Além de participar das atividades de escuta ativa com os moradores, assumiu a responsabilidade pela pintura externa dos pisos e se dedicou a intervenções artísticas no calçadão do instituto.
Mais do que técnica, a vivência trouxe reflexões importantes sobre a profissão. Para o estudante, o curso de Arquitetura e Urbanismo ainda carrega um caráter elitista que, historicamente, afastou grande parte da população de baixa renda do acesso a profissionais da área. Nesse sentido, ele acredita que projetos extensionistas cumprem um papel essencial: aproximar a Arquitetura da sociedade e torná-la acessível a quem mais precisa.