seg, 15 setembro 2025 17:51
Orgulho Unifor: aluna de pós-graduação lança romance de estreia sobre infância e dramas familiares
Primeiro livro da jornalista e escritora Maria Laura Lopes, “A dor virada do avesso” mergulha em memórias de infância e nas relações familiares, revelando uma narrativa marcada por sensibilidade e amadurecimento

A literatura brasileira ganha mais um nome promissor com a estreia da escritora Maria Laura Lopes, aluna do Aperfeiçoamento em Escrita de Romances de Entretenimento da Universidade de Fortaleza, instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz. Ela transformou o hábito de escrita da infância em profissão e agora lança seu primeiro romance: “A dor virada do avesso”, publicado pela editora Mondru.
Sua obra traz uma narrativa sobre infância e família, um reflexo de sua caminhada marcada pela paixão pela leitura, pela persistência na escrita e pelo amadurecimento proporcionado pelas experiências acadêmicas e pessoais.
O livro está em pré-venda e deve ser lançado oficialmente em novembro, marcando um momento especial não apenas para a autora, mas também para a comunidade acadêmica da Unifor. “Quando comecei o curso [de aperfeiçoamento], eu já estava com o livro em processo editorial, mas acho que foi justamente a troca com os colegas e os professores que me deu o ‘gás’ necessário para encarar a reta final do livro”, afirma Maria Laura.
Uma narrativa pelo olhar da infância
O romance “A dor virada do avesso” mergulha em um universo de delicadezas e dores. O enredo é conduzido pelo olhar de Miguel, um menino de quase oito anos que passa o Natal na casa dos avós, entre o mar e a igreja. A infância do protagonista se mistura a segredos familiares e silêncios que ecoam através das gerações.
“É um drama familiar que reflete sobre luto e amadurecimento através dos olhos sensíveis de uma criança. Gostaria que as pessoas saíssem da leitura pensando sobre os papéis familiares que repetimos, há gerações, sem nos questionar, e quais são suas consequências. Mas que também se divertissem na medida em que descobrem o agridoce da vida junto de Miguel, saindo um pouco mais curadas do que quando começaram o livro”, pondera a autora.
A sensibilidade narrativa revela-se em trechos marcantes, como o que inspirou o título definitivo da obra: “No esgoelamento de mãe e filho, não tinha apenas o desejo de abrir e mostrar a goela, tinha a agonia marcada de sair, trocar de lugar o dentro e o fora. O pedido implorado de virar a dor do avesso”.
Inicialmente, o livro se chamaria “Um certo Miguelzin”, referência à novela Miguilim, de João Guimarães Rosa. Mas a força expressiva de “A dor virada do avesso” conquistou a autora e a editora.
O nascimento da obra
O livro começou a ser gestado em 2021, durante um plantão de trabalho de Maria Laura como repórter cultural. Naquele Natal, ao observar colegas compartilhando contos temáticos natalinos, a jornalista se questionou quando havia sido a última vez que escreveu algo apenas para si mesma. “Então, comecei o que achei que seria um conto, mas a história acabou se mostrando maior do que eu esperava”, relembra.
O processo de escrita, no entanto, não foi linear. Houve pausas longas e retomadas intensas, capítulos escritos de uma vez só e períodos de reflexão. Foi apenas em 2024 que a autora decidiu se dedicar integralmente ao projeto, apoiada por cursos, oficinas e experiências formativas que expandiram sua visão criativa.
Maria Laura relatou ter realizado dois cursos de roteiro e acompanhado diversos festivais literários, mas destacou que duas oficinas tiveram papel fundamental nesse processo: a primeira, ministrada por Aline Bei, que lhe deu o ânimo necessário para dedicar-se integralmente ao livro; e a segunda, conduzida por Socorro Acioli, mais breve, mas que lhe permitiu compartilhar a ideia da obra e receber orientações valiosas.
“Foi nesse período também que eu comecei a pesquisar sobre pós-graduações na área de escrita criativa e encontrei a Unifor. O encontro com a Socorro [Acioli] me deu certeza de que eu faria algo com a Universidade” — Maria Laura Lopes, escritora, jornalista e aluna Aperfeiçoamento em Escrita de Romances de Entretenimento
A importância da Pós-Unifor na jornada literária
A participação no curso de Aperfeiçoamento em Escrita de Romances de Entretenimento foi decisiva para que Maria Laura enfrentasse os desafios da reta final da publicação. Segundo ela, a troca constante entre alunos e professores fortaleceu sua confiança e ampliou sua visão sobre a escrita.
“Realmente, acho que a parte mais importante da escrita é o debate e as trocas que acontecem antes e depois dela. Hoje me sinto ainda mais preparada não só para lançar esse livro, mas para escrever todos os que ainda virão”, declara.
Entre os professores que marcaram essa trajetória, ela destaca o apoio de Mateus Lins, coordenador do curso e que foi fundamental para aproximá-la dos setores da Unifor responsáveis por dar visibilidade ao projeto. “Foi ele quem me conectou com as áreas da Unifor que estão me ajudando a divulgar melhor o livro e também falou sobre a possibilidade de realizar o lançamento [na instituição], o que me anima muito”, celebra a escritora.
Além da formação acadêmica, Maria Laura ressalta o ambiente humano e colaborativo da pós-graduação: “A melhor parte são as pessoas. Tanto os alunos quanto os professores são muito receptivos e temos trocas que são fundamentais para o crescimento de todo mundo ali”.
Se o primeiro contato com a escrita aconteceu na infância, foi em 2024 que Maria Laura realmente se permitiu assumir sua identidade como escritora. Neste ano, além de dar forma definitiva ao romance, ela também publicou textos em antologias e inaugurou o blog “Nem te conto, sáfica”, dedicado a contos sáficos.
“Foi um ponto de virada na minha vida como escritora. Eu me dei permissão para seguir esse sonho. Foi quando consegui publicar meus textos e, também, quando inaugurei o blog”, revela. O percurso evidencia uma artista que combina disciplina e sensibilidade, pronta para se consolidar na cena literária contemporânea brasileira.
Da infância leitora ao sonho da escrita
A relação de Maria Laura com os livros começou cedo. Incentivada pela mãe, que era professora, a autora cresceu cercada de histórias. As lembranças mais antigas remetem às noites em que ouvia narrativas antes de dormir, que despertaram nela a curiosidade de explorar mundos e personagens além da sua idade.
“Quando comecei a pegar livros na biblioteca da escola, os da minha faixa etária não eram suficientes. Eu tinha muita curiosidade em outros. Como minha mãe era professora lá, ela acabava burlando um pouco as regras de empréstimo por mim, queria incentivar o meu hábito de leitura”, confessa a jornalista.
Se a leitura nasceu dentro de casa, a escrita encontrou terreno fértil na escola. Aos 12 anos, uma professora de português foi a primeira a reconhecer o talento da jovem. “Eu escrevi minha primeira crônica em casa e fiquei com muita vontade de mostrar para ela. Queria a correção, mas mais do que isso: queria encontrar uma interlocutora, ser lida”, rememora.
Sua professora levou o texto para casa e, ao devolvê-lo no dia seguinte, afirmou não ter encontrado nada a corrigir, destacando a qualidade da narrativa e incentivando Maria Laura a não abandonar a escrita. O episódio foi determinante para a formação da autora, que desde então manteve a produção literária como parte essencial de sua trajetória.
Esse estímulo inicial foi determinante para que Maria Laura desenvolvesse sua confiança como autora. Anos depois, a lembrança daquele texto perdido voltou em forma de inspiração para um dos capítulos de “A dor virada do avesso”.
Pré-venda e expectativa de lançamento
A obra “A dor virada do avesso” está em pré-venda no site da editora Mondru até o dia 20 de setembro. Os exemplares devem chegar às mãos da autora em novembro, quando começam os lançamentos oficiais. Posteriormente, a obra poderá ser adquirida diretamente com Maria Laura ou pelo site da editora.
Para a escritora, este momento representa não apenas a realização de um sonho, mas também a certeza de que novas histórias virão. “Hoje me sinto ainda mais preparada não só para lançar esse livro, mas para escrever todos os que ainda virão”, afirma.
O lançamento de “A dor virada do avesso” é motivo de celebração para a Pós-Unifor. O curso de Aperfeiçoamento em Romances de Entretenimento reafirma, assim, seu papel de incentivar novos autores e formar profissionais capazes de impactar a cena cultural brasileira.
Ao transformar sua trajetória pessoal em literatura, Maria Laura Lopes mostra que a escrita é, antes de tudo, um ato de coragem e partilha. Coragem de revisitar dores, segredos e silêncios, e partilha de histórias que, ao ganharem o mundo, encontram eco em outros leitores.
“É no coletivo, no debate que eu me muno de ideias e energia para encarar a escrita”, reflete. E é nesse encontro entre talento, dedicação e formação que nasce um livro que promete emocionar e marcar sua presença no cenário literário.
Serviço
“A dor virada do avesso”, de Maria Laura Lopez
Pré-venda: acesse o link aqui.