Orgulho Unifor: Professora é finalista no Prêmio Jabuti Acadêmico 2025

seg, 28 julho 2025 14:38

Orgulho Unifor: Professora é finalista no Prêmio Jabuti Acadêmico 2025

Com uma obra dedicada à avaliação psicológica em contextos de vulnerabilidade, Kaline da Silva Lima celebra a indicação como reconhecimento de uma ciência ética, inclusiva e transformadora


O Jabuti Acadêmico premia, anualmente, produções acadêmicas de destaque no avanço científico e cultural do país (Foto: Divulgação)
O Jabuti Acadêmico premia, anualmente, produções acadêmicas de destaque no avanço científico e cultural do país (Foto: Divulgação)

A psicóloga social e pesquisadora Kaline da Silva Lima, docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da Universidade de Fortaleza — instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz —, está entre os cinco finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, na categoria Psicologia/Psicanálise.

Sua indicação vem da organização da obra “Avaliação Psicológica Direcionada para Pessoas em Situação de Vulnerabilidade e Grupos Minorizados”, que propõe novos caminhos para a avaliação psicológica, com foco na inclusão de grupos historicamente marginalizados e na transformação social.

“Receber a notícia de que o livro está entre os semifinalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico na categoria Psicologia/Psicanálise foi uma surpresa imensa e motivo de profunda alegria”, revela Kaline. Para ela, o reconhecimento é resultado de um trabalho coletivo, com base em princípios éticos e científicos sólidos. 

“Essa indicação reafirma a importância de se pensar uma avaliação psicológica que dialogue com as realidades de grupos historicamente marginalizados”, afirma. A conquista, segundo a docente, é também um marco em sua trajetória como psicóloga social, pesquisadora e docente universitária.

Promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) desde 1959, o Prêmio Jabuti passou a contar com uma versão voltada para publicações científicas e técnicas em 2024: o Prêmio Jabuti Acadêmico. Hoje em sua segunda edição, a premiação contou com mais de 2 mil obras inscritas.

O processo de seleção envolve diversas etapas, desde a inscrição feita por autores ou editoras até a avaliação por jurados especialistas nas respectivas áreas. A obra de Kaline foi inscrita pela própria editora, a CRV - Capazes, Renomados e Vitoriosos

Sobre a obra

O livro indicado ao prêmio foi organizado em parceria com a pesquisadora Tátila Brito e surgiu a partir de um convite de Emerson do Bú, da Universidade de Lisboa, com quem Kaline mantém colaboração acadêmica. A obra reúne textos de estudiosos de diferentes regiões do país, propondo uma abordagem crítica e sensível da avaliação psicológica, especialmente voltada a contextos de vulnerabilidade.


Livro “Avaliação Psicológica Direcionada para Pessoas em Situação de Vulnerabilidade e Grupos Minorizados”, por Kaline da Silva Lima, Emerson do Bú e Tátila Brito (Foto: Arquivo pessoal)

A pesquisa foi feita com a intenção de preencher uma lacuna percebida na formação profissional da área. “Sabíamos que havia uma lacuna importante na formação em avaliação psicológica no Brasil, especialmente no que diz respeito à atenção às singularidades de grupos em situação de vulnerabilidade e alvos de preconceito”, explica a psicóloga.

O livro traz reflexões sobre a prática da avaliação psicológica em contextos como comunidades quilombolas, pessoas transgênero, populações em situação de migração, infância em risco, minorias sexuais, pessoas com doenças de pele, entre outros. Kaline destaca que a obra foi pensada como uma ferramenta prática e formativa, com densidade teórica, mas também com aplicabilidade direta na atuação profissional.


“A percepção de que estávamos construindo algo que poderia ultrapassar os muros da universidade veio à medida que os capítulos foram sendo escritos, com compromisso ético e aplicabilidade prática”Kaline Lima, docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unifor e organizadora da obra finalista

Propondo uma releitura crítica dos modelos tradicionais da psicologia, a obra questiona visões idealizadas do sujeito e amplia as possibilidades de uma prática mais ética e inclusiva, especialmente em contextos marcados por diversidade e vulnerabilidade.

A indicação ao Prêmio Jabuti Acadêmico 2025 celebra uma produção editorial de destaque e fortalece a visibilidade de um projeto acadêmico que se propõe a repensar a prática psicológica no Brasil — uma prática mais justa, mais diversa e mais conectada com a realidade da população brasileira.

Trajetória sensível com foco na transformação social

A trajetória de Kaline no campo da psicologia sempre esteve associada ao desejo de transformação social. Com mestrado em Modelos de Decisão e Saúde e pós-doutorado pela Universidade Federal de Sergipe, a professora já acumulava experiências na área da avaliação psicológica, especialmente na construção e validação de instrumentos. No doutorado em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), passou a se debruçar sobre temas como preconceito, discriminação e exclusão.

“Embora minha atuação seja predominantemente na pesquisa, sempre estive comprometida com uma psicologia que dialogue com as desigualdades sociais e os processos de exclusão”, afirma. Essa preocupação permeia sua atuação também na docência e na coordenação do Laboratório de Estudos sobre Processos de Exclusão Social (LEPES), na Unifor.

Para ela, trabalhar com públicos em contextos de desigualdade social exige mais do que preparo técnico: demanda empatia, posicionamento e escuta ativa. “Produzir conhecimento científico exige escuta, responsabilidade e posicionamento ético diante das violências simbólicas e estruturais que atravessam a vida de muitas pessoas”, enfatiza.

Além do reconhecimento individual, Kaline enxerga a indicação como uma possibilidade de expansão profissional. “Acredito que essa visibilidade pode abrir portas importantes para novas parcerias interinstitucionais, nacionais e internacionais, bem como ampliar o diálogo com outras áreas do conhecimento e com políticas públicas”, afirma. O prêmio, para ela, não é apenas uma conquista pessoal, mas o reflexo de um trabalho desenvolvido em rede e com propósito.

Dentro da Universidade de Fortaleza, o impacto da pesquisa também se faz sentir no ambiente de ensino. A docente acredita que o reconhecimento inspira estudantes a se engajarem em temas socialmente relevantes

Para Kaline, valorizar produções acadêmicas voltadas à justiça social é fundamental para que a universidade vá além da formação profissional e contribua ativamente com o enfrentamento dos grandes desafios da sociedade. A partir dessa perspectiva, a psicologia se torna uma ferramenta de transformação, atuando de forma sensível, ética e comprometida com a promoção dos direitos humanos.