Alimentação saudável: Saiba o que é essencial para manter uma dieta nutritiva

Equilíbrio entre nutrientes é chave para o bom funcionamento do organismo

Manter uma alimentação equilibrada é fundamental para o funcionamento do organismo. No entanto, diante do cenário agitado da vida moderna e da grande oferta de produtos processados prontos para consumo, uma parte da população tem encontrado dificuldades para alcançar o equilíbrio alimentar.

Segundo a nutricionista Clara Fontenele, além de levar em consideração a necessidade específica de cada indivíduo, é necessário aderir a alguns pontos básicos para obter uma dieta nutricionalmente rica e satisfatória.

A egressa do curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza — instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz — diz que, para isso, é preciso ter uma alimentação balanceada entre macro e micronutrientes, classificações que englobam carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais.

Macronutrientes e micronutrientes

Conforme as funções que exercem no organismo, os nutrientes são subdivididos em macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais). 

Carboidratos

Compõem a maior parte da alimentação humana e têm como principal função fornecer energia para as células do corpo. Esses macronutrientes são facilmente encontrados em pães, massas, cereais, frutas e raízes.

Proteínas

São macronutrientes com maior função estrutural. Elas fornecem substrato para síntese de músculos, células de maneira geral, hormônios, entre outros. Auxiliam também no controle de peso e gasto energético. Existem proteínas de origem animal, encontradas em carnes, frangos, ovos, peixes e laticínios. Porém há também fontes de proteínas de origem vegetal, encontradas em leguminosas como: soja, lentilha, feijão, ervilha, quinoa etc.

Gorduras

Apresentam funções importantes à saúde humana, como a participação na absorção de vitaminas, síntese de hormônios, composição de membranas celulares e estruturas do sistema nervoso, além de fornecerem alto potencial energético para as células. São encontradas em sementes, oleaginosas, óleos e alimentos de origem animal, como laticínios integrais, ovos e carnes de maneira geral. 

Vitaminas

Um dos tipos de micronutrientes, as vitaminas são classificadas em hidrossolúveis e lipossolúveis. As hidrossolúveis são armazenadas em pouca quantidade e, por isso, é necessário ingeri-las diariamente. Vitaminas do complexo B (encontradas em cereais, grãos, carnes e ovos) e vitamina C (encontrada em frutas cítricas) são exemplos. As lipossolúveis são as vitaminas A, D, E e K. Elas são armazenadas em maior quantidade e encontradas em oleaginosas, laticínios, ovos, abacate, sementes, vegetais alaranjados (como cenoura e abóbora), entre outros.

Minerais

Esses micronutrientes possuem diversas funções, desde a constituição de ossos, músculos, dentes, células nervosas, boa manutenção do sistema digestivo e muscular, até a manutenção do equilíbrio hídrico. As principais fontes naturais de minerais para o organismo são alimentos de origem animal ou vegetal. Os minerais mais comuns são: potássio, cálcio, fósforo, ferro, zinco e magnésio, encontrados em leite, frutas, vegetais, couve, sardinha, legumes, nozes etc. 

 

Desafios na busca por uma alimentação saudável

“Uma das maiores dificuldades ao tentar manter uma dieta equilibrada e saudável, além do alto consumo de alimentos ultraprocessados, presentes na maioria da alimentação dos brasileiros, é dar atenção somente ao que se come e não em como, quando e porque comemos o que comemos”, diz Clara Fontenele.

A nutricionista explica que, embora a maioria dos conceitos sejam baseados fundamentalmente em aspectos biológicos — ou seja, focados na necessidade de nutrientes e energia —, a alimentação extrapola essa conjuntura para nós, seres humanos.




“As escolhas do que comer não são baseadas apenas em formulações científicas racionais de energia e nutrientes, mas leva em consideração, também, os termos do que a comida simboliza social e culturalmente, estando carregada de significados, como hospitalidade, afeto, sociabilidade, amizade e virtude.” Clara Fontenele, nutricionista egressa da Unifor e mestranda em Saúde Coletiva pela UECE
 


Ela ressalta que, apesar da maioria das pessoas saberem que devem comer frutas, verduras e legumes, muitas vezes não é suficiente. Clara pondera que a rotina corrida e o estresse no trabalho são fatores que podem influenciar e ditar as escolhas alimentares dos indivíduos. Cita ainda condições que têm potencial para atrapalhar os planos de uma dieta equilibrada:

  • Rotina acelerada, que impossibilita a organização das refeições e a prática constante de atividades físicas;
  • Associação entre alimentação e aspectos comportamentais (a visão do alimento como recompensa, por exemplo);
  • Excesso de informações, induzindo o indivíduo a retirar alimentos por conta própria, devido a conteúdos em matérias ou posts em redes sociais.  

Prefira para alimentos in natura e minimamente processados

A base para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar social e ambientalmente sustentável são os alimentos in natura ou minimamente processados, conforme explica Clara.

Uma dieta saudável precisa conter mais alimentos in natura do que alimentos ultraprocessados (Foto: Getty Images)

Obtidos a partir de plantas ou animais, os alimentos in natura são aqueles que, após deixarem a natureza, não sofrem alterações. No entanto, por se deteriorarem rapidamente, em alguns casos, precisam ser minimamente processados. É o caso do arroz branco, integral ou parboilizado; das frutas secas; das farinhas de mandioca, de milho ou de trigo etc.

Por que evitar ultraprocessados?

Já os alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente de substâncias extraídas de outros alimentos (gordura, açúcar, óleos) ou substâncias sintetizadas em laboratório (como os corantes, aromatizantes, realçadores de sabor) com base em matéria orgânica.

“O consumo desses alimentos deve ser evitado, pois possuem composição nutricional rica em açúcar e gordura, são pobres em micronutrientes e ainda apresentam alta densidade calórica, ou seja, em pouca quantidade, possuem muitas calorias”, alerta Clara.

Salgadinhos de pacote são alimentos ultraprocessados, sendo pobres em micronutrientes e altamente calóricos (Foto: Getty Images)

Segundo a nutricionista, o consumo frequente e constante de ultraprocessados pode contribuir para o aparecimento de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, entre outras. São exemplos de alimentos ultraprocessados:

  • Macarrão e temperos “instantâneos”;
  • Molhos;
  • Salgadinhos “de pacote”;
  • Refrescos e refrigerantes;
  • Iogurtes e bebidas lácteas adoçadas e aromatizadas;
  • Bebidas energéticas;
  • Produtos congelados prontos para aquecimento, como pratos de massas, pizzas e hambúrgueres;
  • Extratos de carne de frango ou peixe empanados do tipo nuggets;
  • Salsichas e outros embutidos.

Saúde e praticidade na alimentação

Existe uma demanda que, aos poucos, está sendo notada pela indústria alimentícia: a de alimentos não apenas saborosos, mas nutritivos e práticos. “Atualmente encontramos produtos que podem ser incluídos em nossa alimentação”, frisa a nutricionista, que cita alguns deles:

  • Iogurtes proteicos;
  • Snacks à base de cereais e legumes;
  • Barrinhas de frutas e cereais com poucos aditivos;
  • Frutas desidratadas;
  • Sucos de uva integral (sem adição de açúcares).

Clara ressalta ainda a importância de sempre ler os rótulos, buscando itens com lista de ingredientes menores e baixo grau de processamento, e acrescenta: “O melhor caminho é buscar orientação de um profissional que irá conduzir as orientações de maneira individualizada”.