Borderline: entenda o que é esse transtorno e quais os sintomas

O termo “borderline” é uma palavra em inglês que significa “no limite” ou “na fronteira”. Essa expressão foi inicialmente adotada pela psicanálise para caracterizar aqueles pacientes que não eram diagnosticados nem como neuróticos nem como psicóticos, estando no limiar desses diagnósticos.

Tal definição traduz a complexidade da Síndrome de Borderline, que, embora possua várias categorias com sintomas diversos, costuma envolver problemas de autoimagem, relacionamentos interpessoais e controle socioemocional. 

Antes de pontuar as características dessa condição, é importante ressaltar a diferença entre transtorno e sintoma inicial. A psicóloga Sara Guerra, docente do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza — mantida pela Fundação Edson Queiroz —, explica que nem todo comportamento impulsivo ou ansioso, avaliados como sintomas iniciais, são considerados como transtorno.

Ela ressalta que esse diagnóstico é o nível máximo do sofrimento psíquico no indivíduo, atingindo tanto aspectos individuais (como características físicas, cognitivas e de personalidade), quanto aspectos relacionais (características cotidianas e mudanças na rotina). 

Quais os sintomas de personalidade borderline? 

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), assim como diversos distúrbios psicológicos, afeta três grandes e importantes âmbitos da vida do ser humano:

  • Autoimagem,
  • Controle socioemocional,
  • Relações interpessoais. 

A autoimagem de um indivíduo está interligada com a percepção, crenças e sentimentos em relação a si mesmo. Pode ser traduzida como a forma que uma pessoa se vê, tanto emocionalmente quanto fisicamente, incluindo ainda a confiança, a identidade pessoal e a autoestima. 

O controle socioemocional refere-se à capacidade de gerenciar e regular emoções e comportamentos em interações sociais, sejam elas felizes, estressantes, tristes ou animadas. Já as relações interpessoais são definidas com base no contexto social que um ou mais indivíduos estão inseridos, levando em conta também suas interações.

“O transtorno borderline afeta a autoimagem na relação que você não vê. O indivíduo não reconhece as qualidades, onde está o corpo, como ele se vê. Características de auto realização e empoderamento não vão existir porque a pessoa já está destruída com essa falta de autoconhecimento e cuidado psicológico” — Sara Guerra, psicóloga e docente do curso de Psicologia da Unifor.

No entanto, é importante observar os contextos e relações que a pessoa com a síndrome está inserida. A professora Sara Guerra explica que o indivíduo que tem TPB está em um contexto social que envolve a comunidade, amigos, política e também a economia. Portanto precisa ser analisado em vários fatores. 

Qual o tratamento?

Sara afirma que o diagnóstico é realizado de forma individualizada, uma vez que nem todas as pessoas possuem o Transtorno de Personalidade Borderline no mesmo nível e com os mesmos sintomas. O acompanhamento psicoterapêutico deve ser feito por uma equipe multifuncional, composta por psicólogos, psiquiatras e neurologistas. 

“O acompanhamento e o tratamento são personalizados e precisam de uma equipe multiprofissional e de muito contato com a família. O cuidado com esse diagnóstico é muito importante”, finaliza a docente.