Confira como evitar problemas de visão pelo uso excessivo de telas
A luz azul é emitida por dispositivos eletrônicos e pode ocasionar danos irreversíveis à saúde ocular se utilizada de forma excessiva
No ápice da pandemia de Covid-19, a rotina de trabalho de muitos foi alterada e a modalidade home office ganhou adesão em inúmeras empresas. Com isso, milhões de pessoas começaram a passar mais tempo em frente a aparelhos eletrônicos, ocasionando problemas na saúde ocular.
De acordo com Sarah La Porta Weber, médica oftalmologista e docente do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza — mantida pela Fundação Edson Queiroz —, o uso desenfreado de telas digitais pode ocasionar fadiga ocular, estresse visual e danos potenciais à retina.
Luz azul: o impacto para os olhos
A luz azul está naturalmente presente no cotidiano de várias pessoas, mesmo que imperceptível. Pode ser encontrada no raio solar, contribuindo para a produção de vitamina D — composto importante para regulação de ferro e cálcio no corpo humano. Ela também aumenta a produção de serotonina, hormônio responsável pela sensação de felicidade e bem-estar.
No entanto, esse tipo de luz também é encontrado em telas de aparelhos eletrônicos e, utilizado em excesso, pode ocasionar problemas na manutenção da saúde ocular, além de impactar na qualidade do sono. Sarah Weber explica que “a exposição prolongada a essa luz pode ocasionar uma série de consequências oculares”, como:
- fadiga ocular,
- olhos secos,
- irritação,
- visão embaçada,
- dificuldade de foco,
- dores de cabeça
- distúrbios do sono devido à supressão da melatonina.
Além de estar presente nos raios de sol, a luz azul é encontrada principalmente nas telas de aparelhos eletrônicos (Imagem: master1305/Freepik)
Em razão do contato com esses raios luminosos ser tão prejudicial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que crianças não devem ser expostas a nenhum tipo de tela até dois anos de idade. Dos dois aos cinco anos, não devem passar mais de uma hora por dia; e dos cinco aos dezessete, o limite é de duas horas diárias.
Como minimizar os efeitos negativos da exposição excessiva à tela azul?
Segundo a professora Sarah Weber, existem hábitos que podem ser adotados no cotidiano durante a utilização de eletrônicos, de forma a minimizar os efeitos da luz azul nos olhos. Alguns deles são:
- Fazer pausas regulares para descansar os olhos a cada 20 minutos e olhar para objetos distantes;
- Ajustar o brilho da tela para um nível confortável e evitar ambientes com muita luz ou muito escuros;
- Posicionar a tela cerca de 50 a 70 centímetros de distância dos olhos e ajustar a altura para que o olhar fique ligeiramente abaixo do topo dela;
- Optar por óculos com lentes antirreflexo ou filtros de luz azul;
- Manter o local bem iluminado para reduzir o contraste entre a tela e o ambiente.
A profissional destaca ainda a importância de consultar um oftalmologista regularmente para realizar exames e orientações personalizadas. Ela ainda indica manter uma postura adequada ao utilizar esses dispositivos, com o intuito de evitar tensão nos olhos e pescoço.
Tela azul e sono: qual a relação?
A melatonina, conhecida como “hormônio do sono”, é produzida naturalmente e auxilia o corpo humano a compreender o horário de adormecer. Ela atinge seu pico durante a noite, entre 2h e 3h da manhã.
No entanto, a exposição à luminosidade de aparelhos tecnológicos pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios do sono — como insônia e apnéia — uma vez que ela suprime a produção da melatonina, que ajuda a regular o sistema de descanso do corpo.
A oftalmologista Sarah Weber menciona a opção de utilizar softwares de filtragem de luz azul ou o modo noturno em horários próximos ao de dormir, reduzindo assim os impactos causados por esses raios luminosos.
“Quando somos expostos à luz azul antes de dormir, nosso relógio biológico pode ser desregulado, dificultando a indução do sono e resultando em problemas de insônia. Portanto, é recomendado evitar a exposição à luz azul intensa antes de dormir, especialmente com dispositivos eletrônicos, para ajudar a promover um sono saudável” — Sarah Weber, médica oftalmologista e docente do curso de Medicina da Unifor