Entenda o que é Transtorno Obsessivo-Compulsivo e quais são os sintomas
Popularmente conhecida pela sigla TOC, condição é marcada pelas crises recorrentes de obsessões geralmente ligadas à limpeza e organização
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um distúrbio psiquiátrico que tem como principal característica a presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões. A condição está diretamente relacionada com as síndromes ansiosas, que representam um dos transtornos mentais mais frequentes nos últimos anos no Brasil e no mundo.
Conforme explica Sâmia de Carliris, doutora em Saúde Pública e docente da graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza — instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz —, o TOC se caracteriza por:
- ideias fantasiosas,
- imagens obsessivas,
- atos, rituais ou comportamentos compulsivos.
Esses comportamentos afetam a qualidade de vida e o bem estar dos indivíduos à medida que as ideias impulsivas e hábitos recorrentes são experienciados como uma grande pressão em torno do cotidiano, tornando-se algo que obriga e altera as vivências e decisões diárias de quem convive com o transtorno.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1% a 2% da população mundial possui TOC. Já no Brasil, cerca de quatro milhões de pessoas sofrem com esse transtorno.
Um exemplo que repercutiu na mídia foi o caso do ex-jogador inglês de futebol David Beckham. Em uma matéria do jornal El País, ele revelou que sofre com os sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo desde o início dos anos 2000. O ex-atleta ainda ressaltou que sua compulsão por limpeza o faz dormir poucas horas por noite.
Até que ponto a organização é saudável?
Os rituais, no geral, desenvolvem-se nas áreas da limpeza, checagem, contagem, organização, simetria e podem variar ao longo da evolução do transtorno (Ilustração: Getty Images)
Sâmia esclarece que o TOC apresenta quadros que se dividem em dois subtipos: ideias obsessivas e comportamentos obsessivos. Ela explica que ideias obsessivas caracterizam-se por pensamentos, fantasias ou imagens persistentes, recorrentes e invasivos à consciência.
“Nos quadros compulsivos, predominam comportamentos e rituais repetitivos, como lavar as mãos inúmeras vezes, tomar muitos banhos, verificar se as portas e janelas estão trancadas dezenas de vezes, colocar todos os objetos do quarto em certa ordem”, pontua a professora.
O indivíduo que expressa o transtorno pode até mesmo reconhecer o caráter irracional e sem sentido das ideias obsessivas. Por vezes, ocorre também a tentativa de lutar contra esses pensamentos ou neutralizá-los com outros rituais específicos. No entanto, essas tentativas tendem a fracassar, elucida a psicóloga.
Quais são os tratamentos?
As práticas na área da saúde que possuem êxito ressaltam a importância da avaliação e do acompanhamento psicoterapêutico dos indivíduos afetados. Esse tipo de monitoramento pode ser realizado de forma individual ou coletiva, como em grupos terapêuticos.
A psicoterapia é a principal forma de avaliar e acompanhar os casos de TOC (Foto: Getty Images)
O acompanhamento também permite a identificação de prioridades de intervenções multiprofissionais, como, por exemplo, intervenção medicamentosa e psicossocial. Sâmia destaca ainda que essa assistência traz uma significativa melhoria de vida às pessoas que possuem TOC.
“As práticas interprofissionais auxiliam não só na melhora ou diminuição dos sintomas obsessivo-compulsivos, como também na qualidade de vida dos sujeitos, minimizando seu sofrimento psíquico e os impactos incapacitantes do TOC nas vivências pessoais cotidianas”, conclui.