Que venham os próximos 45 anos
ENTREVISTA: Lenise Queiroz Rocha
Se a atuação de 45 anos da Universidade de Fortaleza já rendeu resultados extremamente positivos para o Ceará nas áreas de graduação, extensão, pesquisa, arte, cultura e responsabilidade socioambiental, muitos outros desafios lhe despontam nas próximas décadas. Esse é o pensamento de Lenise Queiroz Rocha, presidente da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Unifor, ao avaliar os 45 anos da universidade considerada há seis anos consecutivos a melhor instituição de ensino superior particular do Norte e Nordeste.
Entre os principais desafios listados por Lenise Queiroz Rocha, está a promoção do bem-estar de uma população inserida em um estado ainda carente de serviços básicos de saúde, educação e saneamento básico. No entanto, a experiência adquirida pela Universidade de Fortaleza ao longo de 45 anos no atendimento à comunidade carente do Estado, segundo a presidente da FEQ, dá a confiança necessária para enfrentar todos estes desafios.
Confira a seguir a entrevista.
Na sua avaliação, quais os principais legados da Fundação Edson Queiroz no 45º aniversário da Universidade de Fortaleza?
A Fundação Edson Queiroz representa o sonho de desenvolvimento do Nordeste, que atravessa gerações. Se você perguntar a qualquer cearense sobre a trajetória da FEQ, certamente ouvirá muitas histórias, todas contadas com um brilho no olhar. São pessoas que viram a cidade crescer junto com a Fundação ou pessoas que foram impactadas por nossos projetos sociais. Aliás, nosso projeto, que comemora a aproximação de meio século de vida, é um ponto importantíssimo na História do Ceará. Meus pais idealizaram um lugar onde Educação fosse item de primeira importância e, em março de 1973, eles criaram, então, a Unifor, a primeira universidade particular do Ceará. Vale lembrar o cenário da época: poucas escolas de nível superior em meio a um sistema educacional deficitário. Hoje, a educação cearense é destaque nacional, tanto a pública quanto a privada, e o crescimento do Estado acima da média do País é um indicativo de que estamos no caminho certo. A Unifor, primeiro e maior projeto da Fundação, colhe os frutos do que foi plantado há mais de quatro décadas. Somos, pelo sexto ano consecutivo, a melhor instituição particular de ensino do Norte e Nordeste, além da 12ª no País nesta mesma categoria, segundo o Ranking Universitário Folha 2017 (RUF). Nosso legado é imensurável porque modificamos a vida das pessoas cotidianamente, positivamente, e os efeitos são duradouros e amplos.
Quais os principais desafios da Fundação Edson Queiroz para os próximos 45 anos?
Há muitos desafios ainda pela frente. Se há 45 anos o panorama social do Estado apresentava demandas básicas, o que ainda ocorre em uma escala inferior, hoje precisamos oferecer subsídios para promoção do bem-estar. Prestamos serviço à comunidade gratuitamente, com atendimento diversificado na saúde, como tratamento dentário e médico, na área jurídica e gestão, por exemplo, mas há muito mais a ser oferecido. Arte, cultura, atividade física e espaços para lazer são demandas cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Tudo isso leva ao conceito de bem-estar, que evolui a cada instante. Esse é nosso maior desafio: anteciparmo-nos às demandas sociais e fornecermos o melhor para todos. E, neste caminho, o investimento na pesquisa é fundamental.
A Fundação Edson Queiroz tem implementado ao longo de sua existência diversas ações de responsabilidade social, dentre as quais se destacam a Escola de Aplicação Yolanda Queiroz, o atendimento médico à comunidade do Dendê, por meio do NAMI, e o Escritório de Práticas Jurídicas (EPJ). Quais os planos e metas da Fundação Edson Queiroz para essa área?
Em todos estes projetos, a Educação é a força que os move. Assim, nossos planos e metas se estabelecem com foco no desenvolvimento educacional. Para a Escola de Aplicação Yolanda Queiroz, envidaremos mais investimentos na formação completa e cidadã, que passa pelo desenvolvimento das potencialidades artísticas dos alunos e culmina no projeto pedagógico estabelecido sob os pilares do respeito, da ética e da cidadania. O Núcleo de Atenção Médica Integrada, NAMI, reforçará seu caráter de assistência à comunidade, mas com vistas à inovação e formação humanista de nossos alunos. Novas tecnologias, sistemas e pesquisas prometem intensificar e melhorar ainda mais nossos atendimentos. Já o Escritório de Práticas Jurídicas, EPJ, receberá investimentos para garantir que as demandas dos cidadãos que buscam atendimento jurídico sejam sanadas em tempo hábil. Hoje já contamos com o único juizado especial federal instalado em uma universidade no Ceará, situado no próprio EPJ, e a proximidade do prédio com o Fórum Clóvis Beviláqua é estratégica para resolução de processos jurídicos. Pretendemos ampliar essa participação.
A Fundação Edson Queiroz tem exercido ao longo dos últimos anos papel preponderante na difusão da arte brasileira e, em particular, da arte cearense. É pensamento da atual gestão dar continuidade a essa política? Por quê? E, caso afirmativo, quais os principais projetos em estudo para essa área específica?
Certamente. Arte e cultura estão emaranhadas na concepção da Fundação Edson Queiroz, um sonho do meu pai e também da minha mãe, Yolanda, uma mulher visionária, mas sempre discreta em suas ações. Coube ao meu irmão, Airton Queiroz, continuar a trajetória de tradição nas artes, algo que ele fez com muito gosto durante décadas graças à afinidade que tinha com os movimentos artísticos. Só na Unifor, ele ficou à frente durante 35 anos e construiu uma coleção de valor inestimável. Passaram por aqui grandes artistas cearenses consagrados, como também recebemos obras dos maiores artistas nacionais e internacionais. Isso apenas para falar das artes plásticas, que encontram no nosso Espaço Cultural Unifor sua maior expressão. Para todas as formas de arte e cultura temos aparelhos ou eventos reconhecidos por sua excelência. Na literatura, a Biblioteca Acervos Especiais e a Coleção Rachel de Queiroz; na arte dramática, o Teatro Celina Queiroz; e na música, o Festival Eleazar de Carvalho. Não apenas daremos continuidade como desenvolveremos novos projetos para atingir um público cada vez maior. Tradicionalmente, associa-se o Ceará a um estado que não valoriza a cultura e a arte. Não é verdade. Nossos equipamentos estão aí para provar que há, sim, demanda. O que acontece é que este é um trabalho contínuo, pois a população aumenta, as pessoas envelhecem, então esse dinamismo demográfico também deve ser considerado na forma como informamos. Nossa comunicação é abrangente e nossos principais projetos orbitam em torno da ideia da formação de novos públicos.
Como a Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza, pretende fortalecer a presença da Unifor no campo educacional do Ceará? Há projetos específicos para isso? Caso afirmativo, quais e com quais objetivos?
A Unifor é a melhor universidade particular do Norte e Nordeste. Isso é motivo de orgulho, mas nos coloca em uma posição que exige ainda mais de nós. Investimos continuamente em Ensino, Pesquisa e Extensão, que é o que nos diferencia de outras instituições particulares do estado. Há muitos projetos em vigor e falar em um, especificamente, ficaria difícil sem fazer referência a outros que se integram e garantem seu desenvolvimento pleno. Por exemplo, nosso plano pedagógico que envolve metodologias ativas. O aluno é estimulado a produzir conhecimento para a prática e, desde o primeiro semestre, tem contato com a realidade que ele encontra fora do perímetro acadêmico. Isso significa que nossa formação é mais realista, mas isso só é possível graças ao aparato de laboratórios, que simulam ambientes para prática profissional, professores que são continuamente qualificados: hoje mais de 90% do corpo docente é mestre e/ou doutor. E os exemplos seguem a partir daí. O próprio mercado sabe da qualidade padrão Unifor, não é à toa que somos destaque entre as instituições preferidas das empresas, segundo o RUF (2017). Então, todos os projetos que temos são voltados para superarmos ainda mais nossos próprios padrões de excelência.
Os resultados do MEC, Guia do Estudante e Capes comprovam que a Unifor tem reconhecimento nacional pela qualidade de sua graduação e pós-graduação. No entanto, nas áreas de pesquisa e inovação há ainda muito por avançar. O que a Fundação Edson Queiroz planeja para fortalecer essas duas áreas da Unifor e, assim, alcançar semelhante repercussão nacional?
A Unifor tem à disposição cursos de Pós-Graduação com os melhores mestres e doutores. Temos, por exemplo, o programa de pós-graduação em Direito Constitucional, que é nota 6 na Capes. Isto nos coloca em um seleto grupo de oito universidades brasileiras com desempenho equivalente a padrões internacionais de excelência na área do Direito. Esse resultado advém de um conjunto de fatores, entre eles nossa atenção à pesquisa e à inovação. A pesquisa é a base de qualquer projeto acadêmico, portanto o que está sendo feito para torná-la ainda mais evidente é a formalização de um setor totalmente voltado para o desenvolvimento de novos projetos. Trata-se da Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, a DPDI. Perceba que não se trata de um núcleo de pesquisa, mas sim de uma diretoria que, formatando-se à nova configuração deste século, inclui em sua premissa o caráter da inovação ao que é produzido na Universidade. Este é o primeiro passo e, a partir de projetos que envolvem, por exemplo, a questão da mobilidade urbana, forneceremos à sociedade resultados que serão compartilhados, sempre objetivando informar e trazer algum benefício à realidade local.
O que a Fundação Edson Queiroz tem feito para facilitar o acesso da população de menor poder aquisitivo à educação superior de qualidade? Quais os planos e metas da Fundação Edson Queiroz para incrementar ainda mais esse acesso?
Este ano trouxemos uma novidade que facilitou o planejamento orçamentário de muitos jovens. O reajuste zero de mensalidades para 2018 foi uma forma de adequar nossa educação à situação do País. Além disso, já vínhamos com diversas medidas de segurança financeira para nossos alunos, como seguro educacional, financiamentos sem juros e a oferta do FIES. Isso sem contar as ofertas para alunos de baixa renda à educação facilitada por meio de bolsas para atividades esportivas e culturais. O investimento não para. Queremos ir além e os próximos planos envolvem descontos e serviços gratuitos na Universidade que impactam no orçamento familiar. Se você é aluno Unifor, você não precisa se preocupar com plano odontológico, por exemplo, você dispõe na universidade de uma clínica especializada e gratuita. A ideia é ampliar cada vez mais essas facilidades de modo que nossos alunos percebam que a Universidade de Fortaleza oferece muito mais benefícios do que conhecimento de qualidade reconhecida. Aqui dentro é um universo de possibilidades que abriga desde piscinas semiolímpicas a serviços para emissão de documentos. Essas facilidades se concentram em um só lugar o que implica em mais segurança e menos tempo para resolução de burocracias, permitindo que nossos alunos vivam seus estudos sem mais preocupações.
Texto publicado na Revista Unifor Notícias | Edição 03 | Março 2018