Educação Superior: a união faz a força
O mercado de trabalho exige. E a busca por um maior nível de escolarização cresce em consequência. Não à toa, portanto, o setor privado vem incrementando sua participação na área educação em todas as regiões do Brasil, inclusive atraindo investimentos estrangeiros para a formação de grandes conglomerados universitários. Mas em termos qualitativos, qual a diferença que as universidades privadas vêm fazendo em relação à esfera pública?
Para a vice-reitora de pós-graduação da Unifor, Lília Sales a união tem feito a força quando o assunto é educação superior no Brasil. “Os setores público e privado estão desenvolvendo lado a lado iniciativas que fortalecem a qualidade da educação no País. O setor privado, em função da agilidade das decisões, flexibilidade em processos e sua proximidade com as necessidades do mercado de trabalho, tem oferecido cursos customizados, com metodologias inovadoras, e com profissionais que se alinham às inovações exigidas pelo setor produtivo”, observa.
Foco na criação de mestrados profissionais, com professores dotados de experiência profissional; em metodologias com base em estudos de casos e inserção internacional; nas visitas técnicas (empresas, tribunais, clínicas, indústrias etc) e nos projetos de intervenção que passaram a ser aceitos como dissertações finais. Eis algumas das inovações adotadas pela Unifor, segundo a vice-reitora, para que os cursos passem a responder cada vez mais positivamente às demandas trazidas pelo mercado à pós-graduação.
Na prática, acrescenta, a aposta nas especializações e MBAs voltados à qualificação técnica de excelência, assim como o desenvolvimento de projetos de final de curso no âmbito das próprias instituições em que se trabalha - ou se deseja trabalhar -, tem imprimido arrojo aos processos formativos do século XXI. Assim é que, nos programas de stricto sensu acadêmicos, pesquisas que apresentem impacto econômico-sócio-cultural ganham cada vez mais destaque, estimulando em paralelo a formação de redes de pesquisa e as publicações científicas.
Desafios futuros, no entanto, não faltam. A desigualdade na distribuição regional dos programas de pós-graduação no Brasil, por exemplo, é um deles. “A meu ver isso passa, primordialmente, por políticas públicas. Mas as desigualdades regionais no âmbito da pós-graduação têm sido reduzidas na última década, levando a uma tendência de nivelamento regional no país. Em pesquisa realizada em 2015, vimos que em 2011, de um total de 4.650 cursos de pós-graduação, 51% estavam na região Sudeste, 20% no Sul, 18% no Nordeste, e somente 7,2% no Centro-Oeste e 4% no Norte. Essa distorção pode ser corrigida com algumas ações como o estímulo à criação de Mestrados e Doutorados Intertinstitucionais (Dinter e Minter), estimulando a formação de recursos humanos; incentivo, por meio das agências de fomento, de concessão de recursos para pesquisas, tendo como requisito a parceria entre cursos de regiões distintas, nas diferentes áreas do conhecimento; e editais específicos para as regiões apontadas como menos favorecidas”, ilustra a vice-reitora.
Na Unifor, a distribuição entre áreas do conhecimento e a premência de formação de pessoal em áreas estratégicas - e não somente nas áreas marcadas pela influência das grandes corporações docentes - são direcionamentos já consolidados, levando em conta o caráter multidisciplinar como fio condutor na formação profissional. “As discussões sobre as habilidades para o profissional do século XXI, o desenvolvimento de metodologias que desenvolvam essas habilidades, a interação entre as áreas do conhecimento são vetores de uma educação de qualidade e de impacto social”, defende a vice-reitora.
A fim de impactar positivamente a sociedade e o mercado de trabalho por meio do conhecimento, a pós-graduação da Unifor opera de acordo com a filosofia/metodologia Líderes que Transformam. “Os alunos desenvolvem habilidades para o século XXI, contemplando a gestão de problemas complexos. Assim, qualificam-se tecnicamente na área específica e transferem o conhecimento por meio de projetos de impacto. Aulas com base em casos reais e outras metodologias ativas e inovadoras, professores com experiência acadêmica e de mercado, parcerias internacionais, como a que temos com a Fundação Clinton, o Programa Solve do MIT, o Programa de Macroeconomia de Harvard, a Global Center de Columbia, e várias outras instituições internacionais são fundamentais para o desenvolvimento de redes de pesquisa, como também as várias empresas nacionais que vêm fortalecer a consolidação desse propósito”, sublinha Sales.
Segundo a vice-reitora, com mestrados e doutorados acadêmicos voltando suas pesquisas para problemas reais, a Unifor também vem atraindo parceiros mundiais em países como Alemanha, Dinamarca, Holanda, Grécia, EUA, França, Portugal, Inglaterra, Irlanda, Espanha, Tailândia, Áustria, Chile e Canadá. Assim, todos os mestrados profissionais criados recentemente já nasceram com parcerias internacionais (Universidade de Columbia e Universidade de Rouen), permitindo ao aluno vivenciar diferentes experiências acadêmicas e de mercado.
“As especializações e MBAs, com mais de 60 cursos divididos entre as Escolas de Comunicação e Gestão, Direito, Tecnologia e Saúde, inovam através de disciplinas práticas, experiências compartilhadas em sala de aula, cases de mercado e networking entre alunos de diferentes áreas de atuação, proporcionando a interdisciplinaridade e preparando o aluno para entender e resolver problemas complexos dentro das empresas”, destaca. Na Educação Corporativa a Pós-Unifor investe ainda nas missões internacionais e nacionais, buscando sempre novas experiências para os alunos e as mais inovadoras práticas de mercado geradas e discutidas pelo mundo. De acordo com Sales, é através da educação corporativa que também são ofertados os cursos de curta e média duração e os programas customizados in company, formatados a partir das demandas das empresas.
Tudo isso sem esquecer o incentivo a pesquisa no âmbito da pós-graduação. “Algumas medidas dizem sobre isso, como o apoio à participação de professores em eventos nacionais e internacionais para disseminação das pesquisas, o apoio e a premiação para produções científicas de qualidade e de impacto; a oferta de editais próprios de fomento à pesquisa, que estimulam interação entre pós-graduação e graduação; os programas contínuos de professor visitante e de estímulo à realização de Pós-doutorado; como também a contínua estruturação e consolidação do núcleo de biotecnologia e a criação do parque tecnológico”, elenca.
Texto publicado na Revista Unifor | Edição 03 | Março 2018