null Meio século formando fisioterapeutas de excelência

Seg, 20 Março 2023 10:49

Meio século formando fisioterapeutas de excelência

Pioneira no Ceará, a graduação em Fisioterapia da Universidade de Fortaleza nasceu há 50 anos, quando ainda era pouco conhecida no Brasil


Com grade curricular moderna e estrutura de ponta, curso da Unifor vem formando profissionais de excelência, capazes de atuar em múltiplas áreas (Foto: Ares Soares)
Com grade curricular moderna e estrutura de ponta, curso da Unifor vem formando profissionais de excelência, capazes de atuar em múltiplas áreas (Foto: Ares Soares)

Naquela época, pouco se falava sobre eles. Mas já estavam ali, cuidando das pessoas, dedicados em recuperar a funcionalidade de quem passou por algum acidente, cirurgia ou lesão. Queriam ajudar também os que tinham enfermidades a voltarem a ter a vida mais normal possível dentro de suas condições. Os fisioterapeutas vieram para ajudar o outro, para cuidar. 

No início, usavam técnicas experimentais, mas logo foram se vestindo cada vez mais de ciência e abrindo espaços valiosos no mundo acadêmico. Fazia apenas quatro anos que o ensino em fisioterapia havia aportado no Brasil quando a Universidade de Fortaleza (Unifor), instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, lançou uma graduação na área, vislumbrando o potencial e a relevância da profissão.

O primeiro curso de fisioterapia nasceu no Ceará em 1973, uma época em que as pessoas ainda não conheciam ao certo a importância dessa área da saúde para ajudar no alívio de dores e sofrimentos de pacientes que precisavam alcançar sua recuperação funcional e se reinserir nas atividades do dia a dia. Mas hoje, 50 anos depois da primeira turma, a graduação em Fisioterapia da Unifor chega às suas bodas de ouro com uma história que combina maturidade, excelência e muitos avanços.

Décadas de ascensão com muita pesquisa e ciência

Se a atuação dos fisioterapeutas já vinha sendo compreendida nas últimas décadas pela sociedade, qualquer olhar mais nebuloso sobre ela foi dissipado de vez com o reconhecimento da importância destes profissionais durante a recente pandemia do coronavírus. Eles ajudaram milhares de pessoas a recuperar a capacidade de respirar, com a ventilação mecânica e outras técnicas. Brilharam no cuidado dentro e fora das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Mas os avanços na área vêm de muito antes. Ao longo de 50 anos, a Unifor viu os métodos da fisioterapia evoluírem e ganharem comprovação científica. Assistiu os fisioterapeutas conquistarem cada vez mais espaço em clínicas, ambulatórios e hospitais. E se modernizou para fazer jus e contribuir com esta história.


A graduação em Fisioterapia nasceu junto com a Unifor, em 1973, e já contava com ambientes e equipamentos de práticas para a formação de excelência (Fotos: Acervo Unifor)

Ampliou salas de aula e blocos, equipou e aumentou laboratórios. Investiu forte da pesquisa ao diálogo com o mercado. Passou a atualizar a matriz curricular com frequência, em consonância com os avanços científicos e as normas internacionais.

A Fisioterapia da Unifor passou a ter espaço garantido no tripé ensino, pesquisa e extensão. Todos esses avanços deixaram marcas significativas nas trajetórias individuais de alunos e professores que passaram pelo curso e que, agora, contam a história da graduação, que também é a história deles e da Fisioterapia no Ceará.

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Na “desconhecida” fisioterapia, o desejo de ajudar o outro

Era 1974. Ana Maria Pinheiro entrou na segunda turma do curso de Fisioterapia da Unifor com uma vontade imensa de cuidar das pessoas. Tinha em mente a possibilidade de estudar medicina, mas, em conversa com um amigo que estava na recém-criada graduação, foi entendendo que ser fisioterapeuta era justamente ajudar o outro, seu objetivo principal.

Fez vestibular, passou e mergulhou então em uma profissão que seus amigos mal conheciam. “Perguntavam se o meu trabalho era fazer massagem”, ri. Mas ela não ligou para as brincadeiras e persistiu. Estudando nos laboratórios e salas da Universidade, descobriu sua verdadeira vocação.

“Desde o início, o curso sempre me encantou. Nasci para ser fisioterapeuta e faria tudo de novo. Agora o curso da Unifor está ainda melhor porque é mais aprofundado, tem mais pesquisa e mais ciência. De uns anos pra cá, os estudos evoluíram, os jovens agora têm mestrado e doutorado”, compara Ana Maria.

Aos 67 anos, ela está aposentada e também ciente das contribuições que deixou para o desenvolvimento da fisioterapia no Ceará e para mostrar às pessoas a importância da profissão. Atuou por décadas no hospital público Instituto José Frota (IJF) e no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além de mais de uma década no atendimento em consultório.

A história dessa área no Estado, para ela, passa tanto pela Unifor quanto pela dedicação dos primeiros profissionais cearenses formados. “Os mais antigos, como eu, trilharam um caminho para a profissão estar bem conceituada. Mostramos à comunidade a importância do papel do fisioterapeuta. E a Unifor, pioneira, foi fundamental para isso”, resume.


“A Unifor abriu caminhos para a reabilitação funcional no Estado do Ceará. Abriu portas para que a comunidade tivesse acesso a essa trilha com os cursos de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional. Hoje, vejo que os jovens saem da Universidade completos, capazes de assumir qualquer posto no mercado de trabalho”Ana Maria Pinheiro, fisioterapeuta e egressa da Unifor

Ela lembra com carinho dos seus tempos de estudante universitária, quando o campus do bairro Edson Queiroz era muito menor. “Eu conhecia do reitor ao faxineiro porque tudo ainda estava começando. Sempre gostei de conversar com todo mundo”, rememora.

Foi pelos poucos blocos erguidos nos anos 1970 que Ana Maria começou, mas não deixou de acompanhar o crescimento da Universidade, o aumento no número de professores e alunos e o amadurecimento da matriz curricular. Fatores fundamentais para a graduação de excelência que existe até hoje.

Alguns anos depois de formada, ela retornou para atuar no Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) — um sonho do fundador da Unifor, Edson Queiroz, e que hoje é também um importante centro de práticas para o curso. A egressa lembra bem das visitas do chanceler, sempre preocupado com o serviço que o Núcleo prestaria à comunidade do entorno.

O amor da fisioterapeuta pela profissão e pela Universidade foi tanto que levou, anos depois, o filho Guilherme Pinheiro a seguir o mesmo caminho. “Hoje ele é professor da Unifor e trabalha no IJF. Amo tanto a Fisioterapia que deixei de herança para meu filho”, brinca Ana Maria.

+ Como é ser um aluno de graduação em Fisioterapia?

Atleta, fisioterapeuta e defensora da memória da Unifor

Maria Tereza Aguiar Pessoa Morano, a Tetê Morano, é aficionada por memória, por isso não tem nenhuma dificuldade em desenrolar o novelo de histórias que unem a sua trajetória como fisioterapeuta e a da Universidade que a formou. 

Atleta de vôlei, ela considerava cursar medicina, mas não queria abrir mão do tempo que dedicava ao esporte — pelo qual também era apaixonada — para estudar exclusivamente à concorrida graduação. Motivada pela família, decidiu então ingressar na terceira turma de Fisioterapia da Unifor, em 1975. “Fui despreocupada, sem cobrança. Já tinha lido tudo sobre fisioterapia e tinha gostado”, conta.

No primeiro dia de aula, resolveu ir vestida de atleta, com uma blusa de uniforme do vôlei. “Era para o povo saber que eu era do esporte também”, ri. Dali em diante, a Universidade transformou sua vida. Após três anos, se formou e iniciou uma vida profissional que culminou na coordenação da habilitação pulmonar do Hospital do Coração de Messejana, onde está há 23 anos. Foi na Unifor que conheceu o professor Morano, de Anatomia, com quem casou e teve filhos, já egressa do curso.

“Durante a graduação, eu me encantei muito pela fisioterapia. Trabalhava com movimento, coordenação. E tudo isso eu exercia dentro do esporte. Pensei até em seguir esta área de fisioterapia esportiva, mas o contato direto com o paciente fez com que eu me encantasse com a fisioterapia hospitalar”, conta.

A passagem pela Unifor não foi breve. Foi para lá que ela retornou, tempos depois, como docente e permaneceu por 14 anos, assumindo também cargos de gestão. Neste período, se preocupou em desenvolver projetos de responsabilidade social e a guardar a memória da instituição.

“Sempre entendi, na fisioterapia, que a gente tinha que aprender a tratar o ser humano como uma pessoa que merece todo respeito naquele momento de dor e sofrimento. Olhar no olho, avaliar bem, respeitar as emoções e o perfil do paciente, fazer o melhor planejamento de tratamento.  Essa foi uma bandeira que levantei na Unifor”, conta.


“A Unifor me ensinou a ter responsabilidade com tudo o que faço, especialmente com a saúde do ser humano. Sempre ouvi que o profissional de saúde não pode parar de estudar. Ele não finaliza sua missão quando termina o curso porque o mundo da saúde muda o tempo todo. Sigo isso até hoje”Maria Tereza Morano, fisioterapeuta e egressa da Unifor

Tetê compilava informações das turmas, dos professores e até dos pais de alunos com os convites de formatura. Não queria abrir margem para que a história pudesse apagar quem passou pela Universidade de Fortaleza.

“O que a gente vive de bom, a gente não esquece e quer guardar”, ela diz. “A Universidade foi minha casa, minha vida, minhas boas lembranças. E me sinto ainda como se fosse Unifor, mesmo não estando diariamente ali. Foi onde me construí profissionalmente.”

Cinco décadas de avanços na rota pela excelência com a experiência prática

Nas bodas de ouro do curso de Fisioterapia da Unifor, é impossível não notar os avanços. Sempre empenhada em oferecer a melhor formação ao aluno, a instituição se preocupou em modernizar dos equipamentos e laboratórios ao currículo. Paralelamente, a profissão foi ganhando reconhecimento no Ceará e se espalhando por clínicas, hospitais, ambulatórios e consultórios. A fisioterapia saiu do mero tratamento de doenças e lesões para a promoção e a prevenção em saúde.

Com tantas mudanças ao longo das décadas, a Universidade que Larissa Lino Ipiranga encontrou já foi bem diferente. Depois de fazer um semestre e meio em outra instituição, transferiu o curso para a melhor universidade do Norte e Nordeste e colou grau no início deste ano. “Escolhi a Unifor por ser reconhecida e renomada, com profissionais escolhidos a dedo. Isso fez diferença na minha graduação”, conta. 

Larissa afirma que já encontrou uma instituição repleta de oportunidades para ajudar os alunos a ingressarem no mercado de trabalho. Hoje residente do hospital de pediatria Albert Sabin, ela acredita que conseguiu residência muito por conta de seu engajamento em vários projetos e oportunidades que a Universidade oferece, como as ligas acadêmicas, os estágios extracurriculares, as monitorias e os projetos de extensão.


“O que eu levo da Unifor para o meu trabalho hoje é o profissionalismo e [o jeito de] olhar o ser humano, o paciente como um todo. Os professores sempre nos fizeram entender essa parte da importância do profissional humanizado”Larissa Lino Ipiranga, egressa da Unifor

Aprender a melhorar a qualidade de vida das pessoas com professores de alto nível

Antonio Emerson Cardoso da Cunha ainda está fazendo a graduação em Fisioterapia na Universidade de Fortaleza. Escolheu a instituição pela referência que ela se tornou na área, com seu corpo docente de alto nível, nas últimas cinco décadas. 

O estudante está no sétimo semestre do curso e conta que sua memória mais marcante com a profissão que sonha seguir veio ao acompanhar a evolução de um caso de acidente vascular encefálico (AVE). Ver o paciente, que até o momento só fazia sua locomoção com a cadeira de rodas, conseguir andar por si só lhe encheu de esperança, mesmo que algumas dificuldades ainda fossem percebidas.

“Esse acontecimento me deu a certeza de que estou no curso certo e, na Unifor, com o início dos estágios, vejo na prática o quão ampla é a fisioterapia e como posso trazer uma melhor qualidade de vida às pessoas”, explica.


“Temos na Unifor um corpo docente com excelentes profissionais que são referência em suas áreas e possibilitam aos alunos aprendizado e vivência tanto na parte teórica como na prática”Antonio Emerson, estudante do sétimo semestre de Fisioterapia

De aluno a professor de um curso moderno e conectado com o mercado

A história de Framartinho Araújo com a Unifor tem vias estreitas, tendo sido aluno na primeira década do curso de Fisioterapia. Formou-se em 1985 e fez as malas para viajar ao Sudeste em busca de uma especialização em fisioterapia cardiorrespiratória pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Quando voltou para o Ceará, recebeu o convite para regressar à Unifor como professor. E de lá não saiu mais, embora siga atuando também na fisioterapia hospitalar. Já se vão 33 anos na docência, período em que viu a Universidade de Fortaleza empenhar todos os esforços para se manter atual e moderna enquanto a área da saúde mudava.


“Ao longo dos anos, novas tecnologias e recursos foram sendo implementados. A Universidade estava sempre à frente para que os alunos vivenciassem as evidências científicas globais e as referências internacionais no ensino e na pesquisa. [...] O curso de Fisioterapia dá ao aluno todas as condições e o apoio para a experiência prática e o sucesso profissional”Framartinho Araújo, professor de Fisioterapia da Unifor

Os campos de pesquisa em fisioterapia então foram crescendo na Unifor, com inovações sendo incorporadas tanto no ensino quanto na pesquisa e na extensão. Aí veio uma pandemia em 2020, e a Universidade, mais uma vez, se adaptou para abraçar as novas necessidades. Conseguiu possibilitar ensino à distância no período de quarentena para que seus alunos não tivessem a desenvoltura acadêmica prejudicada.

“Aos 50 anos, o curso mostra um avanço constante. Em nenhum momento a Universidade deixou de crescer e melhorar, mostrando aos alunos que a gente consegue acompanhar toda a adaptação necessária ao reconhecer as situações mais adversas”, destaca.

Aqui formamos alunos preparados para atuar em múltiplas áreas

Até mesmo o coordenador do curso de Fisioterapia, Rômulo Porto, é filho da Unifor. Ele conta que a Universidade lhe abriu portas para seguir um caminho promissor na docência em 1997, quando começou a circular pelas salas e laboratórios com o sonho de se tornar fisioterapeuta.

A questão é que a oportunidade de fazer monitoria logo lhe despertou um novo desejo: o de ensinar. Concluiu a graduação e prometeu que um dia voltaria para ocupar um lugar no corpo docente da instituição. E seguiu a vida. Fez mestrado, trabalhou em outros lugares e, finalmente, retornou à Unifor em 2013.

Deu aulas em diversos cursos da Universidade e se enveredou pela área de gestão até que, no fim do ano passado, assumiu a coordenação do que foi sua primeira casa acadêmica: o curso de Fisioterapia “Foi uma surpresa boa. Estou como coordenador do curso que me formei, tendo contato com professores que foram meus professores também. A Unifor é como uma casa”, ele diz.

Rômulo assumiu um curso muito bem estruturado, com laboratórios de ponta, novos blocos e uma atenção muito especial à área da pesquisa, fundamental para validar cientificamente as práticas de uma profissão relativamente nova.

+ Fisioterapeutas são profissionais com amplas possibilidades de atuação

Ele conta que, junto com o curso, cresceram os campos de estágio e as oportunidades de os alunos aprenderem com a experiência prática, além de estarem em contato constante com o mercado por meio dos próprios docentes. Há parcerias com os principais hospitais, um centro de práticas no NAMI e muitas possibilidades de atuação. Por meio das ligas acadêmicas, o aluno também vivencia a atuação multidisciplinar antes mesmo de ingressar num aquecido mercado de trabalho.

Mas os avanços ao longo deste meio século não foram só estruturais: foram principalmente de conhecimento. Toda a formação oferecida pela Unifor está ancorada em uma matriz curricular que foi recentemente reformulada para abraçar uma metodologia ativa em relação aos alunos, que adquirem maior capacidade resolutiva e estão em contato frequente com o que acontece na área de atuação. 

A nova matriz está agora no quinto semestre de vigência. “Com ela, procuramos dar suporte para o estudante sair com melhores possibilidades em relação ao mercado e como uma pessoa melhor, com compromisso social”, explica Rômulo.


“O fisioterapeuta formado hoje pela Unifor sai preparado para o mercado. É capaz de resolver problemas e de trabalhar planos de tratamento adequados, e é preocupado com a questão social. Ele está apto a trabalhar nas mais variadas áreas da Fisioterapia, que hoje não está restrita somente a tratar a doença e reabilitar, mas incluída na prevenção e na promoção à saúde. Formamos um profissional completo”Rômulo Porto, coordenador do curso de Fisioterapia