O que faz o profissional da educação física em ambiente hospitalar?

Quando se fala em educação física, é comum associá-la às atividades realizadas em academias, clubes e centros de treinamentos desportivos. Mas a realidade profissional da área é bem diferente. Profissionais da educação física possuem muitas possibilidades de atuação, e dentre elas, está o trabalho em ambiente hospitalar.

No segmento, eles integram equipes multiprofissionais, compostas por médicos de variadas especialidades, fisioterapeutas e nutricionistas. Atuam auxiliando no tratamento e recuperação de pacientes a partir de rotinas de exercícios específicos para cada caso. Os educadores físicos são fundamentais, por exemplo, para a reabilitação cardíaca.

Essa realidade só se tornou possível em 2020, quando foi aprovada a Resolução nº 391, que reconheceu e legalizou a atuação de profissionais da educação física em ambientes hospitalares. A decisão reafirmou o ramo como essencial na promoção da saúde e viabilizadora do bem-estar físico, mental e social da população. 

Diane Nocrato, coordenadora do curso de Educação Física da Universidade de Fortaleza — instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz —, destaca que esse é um nicho de mercado bastante promissor. As instituições de saúde vêm reconhecendo a importância de integrar os profissionais de educação física nas equipes multiprofissionais, visando o tratamento e reabilitação dos pacientes.

“A atuação dos profissionais de educação física em ambiente hospitalar é muito importante, visto que eles trabalham juntamente com o profissional responsável pela reabilitação. Eles agregam, por exemplo, na área de fortalecimento, viabilizando um melhor condicionamento físico para os pacientes” — Diane Nocrato, coordenadora do curso de Educação Física da Unifor. 

Compreendendo a importância dessa demanda profissional, a graduação em Educação Física da Unifor realiza um trabalho voltado para o segmento hospitalar. Os estudantes do curso têm a oportunidade, por exemplo, de fazer disciplinas que tratam do cuidado a grupos especiais e realizar estágio no Núcleo de Atenção Médica Integrada (Nami), com atendimentos específicos no setor de reabilitação.

Muitas possibilidades

Walter Cortez é docente de Educação Física na Unifor e compõe a equipe multidisciplinar do setor de reabilitação cardíaca do Hospital São Camilo. Lá, Walter atua na prescrição e supervisão de exercícios físicos para cardiopatas (pessoas que possuem doenças que acometem o coração), visando a reabilitação cardíaca.

Walter Cortez, docente de Educação Física, compõe a equipe multidisciplinar do setor de reabilitação cardíaca do Hospital São Camilo (Foto: Acervo pessoal).

Segundo ele, os profissionais de educação física possuem muitas possibilidades de atuação em hospitais, pois todos os setores de reabilitação têm ações voltadas ao exercício físico, trabalho que deve ser exercido por experts na área. Além disso, destaca que os especialistas são fundamentais na prevenção de doenças e na promoção da saúde.

Foco na reabilitação

O trabalho de reabilitação é um dos principais pilares da educação física hospitalar. Foi pelo desejo de trabalhar na área que Mariana Pinheiro, egressa da Unifor, decidiu realizar estágio no Sarah Kubitschek, hospital de referência em reabilitação. 

Ela conta que a motivação para atuar no segmento surgiu pela vontade de ajudar um familiar que possui deficiência. Ainda considerou que a oportunidade de se aprofundar no assunto poderia ser um grande diferencial para a carreira, já que considera que poucos estudantes e profissionais de educação física se interessam e se capacitam para atuar no âmbito. 

No hospital, Mariana estagiou até janeiro de 2023, época em que concluiu a graduação. Durante o estágio, trabalhou no planejamento e execução dos exercícios e das práticas esportivas — como musculação, grupos de alongamento, grupos de condicionamento físico da coluna, hidroginástica, basquete em cadeira de rodas, tênis de mesa adaptado e bocha.

Mariana Pinheiro, egressa de Educação Física da Unifor (Foto: Acervo pessoal).

Para a egressa, a atuação no ambiente hospitalar apresenta algumas características que a diferencia dos demais segmentos profissionais. Ela destaca o maior risco na realização das atividades, como quedas e circunstâncias relacionadas a reações adversas dos medicamentos, e a necessidade de realizar as melhores adaptações para cada tipo de paciente.

Dentro do ambiente hospitalar, os objetivos almejados estarão sempre associados à funcionalidade, enquanto que nas outras áreas de atuação esse pode ser um dos objetivos, mas nem sempre o principal”, pontua.

Mariana destaca que a Universidade de Fortaleza teve grande importância para a sua formação como profissional de educação física em atuação hospitalar, ao fornecer suporte conceitual, procedimental e atitudinal.

“A Unifor me proporcionou conhecimento técnico por meio de um corpo docente muito preparado; conhecimento prático através de muitos estágios curriculares em diferentes áreas, inclusive na área de reabilitação neuromuscular no NAMI; e me fez enxergar o aluno de forma holística, sempre com uma relação de respeito e cuidado com o próximo” — Mariana Pinheiro, egressa do curso de Educação Física da Unifor.

Neste ano, a profissional foi aprovada em um concurso para trabalhar na sede de Belém do Hospital Sarah Kubitschek. Com a classificação em primeiro lugar, ela poderá seguir seu desejo de trabalhar com a reabilitação de pacientes.

Atenção básica em pauta

Além da atuação hospitalar, a educação física também é fundamental na atenção básica à saúde, sendo responsável por promover o bem-estar por meio de eventos, esportes e atividades de lazer. No Brasil, por exemplo, o setor compõe serviços multidisciplinares que são ofertados à sociedade por meio de Unidades Básicas de Saúde (UBSs).  

Egresso de Educação Física da Unifor, Alisson Juan foi aprovado em 2021 no concurso da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza para o cargo de profissional de educação física em UBSs. Atualmente, ele trabalha dentro de equipe multiprofissional em dois postos de saúde.

Sua função nas unidades é de coordenar, planejar e realizar treinamentos especializados, além de ser responsável pelas ações de atividades físicas e práticas corporais. O objetivo é apoiar, ampliar e aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica e Saúde da Família.

Alisson Juan, egresso de Educação Física da Unifor, em um de seus atendimentos (Foto: Acervo pessoal).

Segundo ele, a Universidade teve uma grande importância para a sua aprovação e a possibilidade de atuar na atenção básica: “A Unifor contribuiu para que eu pudesse vivenciar a prática como ela é nas disciplinas de estágio, me qualificando e capacitando a minha formação. Além disso, aumentou minhas oportunidades profissionais e auxiliou meu crescimento pessoal”.

Luta pela valorização 

Ao decorrer do tempo, a educação física vem se fortalecendo e conquistando espaços de atuação, principalmente em instituições de saúde. Esse processo só é possível pela luta por direitos nos poderes executivo e legislativo. É esse o trabalho encabeçado por Danilo Lopes, docente de Educação Física da Unifor e vereador do município de Fortaleza.

Danilo Lopes, vereador e docente de Educação Física da Unifor (Foto; Acervo pessoal).

Ele foi responsável por medidas fundamentais para a profissão na cidade. Em 2021, por exemplo, desenvolveu uma lei que estabelece como essencial a prática da atividade física e do exercício físico em estabelecimentos prestadores de serviços com essa finalidade. 

Já em 2022, realizou a solicitação para o credenciamento da capital cearense na aplicação do Incentivo Financeiro de Custeio nas ações de atividade física na Atenção Primária à Saúde. A ação deve garantir vagas para profissionais da educação física em todos os postos de saúde da cidade.

Quer estudar Educação Física?

Na Universidade de Fortaleza, o curso de Educação Física possui a melhor avaliação do Ceará pelo Ministério da Educação (MEC), com nota 4 (máxima de 5). 

A graduação disponibiliza um corpo docente de excelência, composto por mestres e doutores, e uma estrutura completa, que conta com campo de futebol, estádio de atletismo, ginásio poliesportivo, academia, quadras de tênis e piscina semiolímpica. 

Além disso, o curso também viabiliza uma experiência acadêmica completa, com projetos de pesquisa e extensão, que fortalecem a formação profissional dos estudantes.