Pesquisa em parceria entre Unifor e UFMG identifica viés algoritmo em assistentes inteligentes de voz

qua, 22 janeiro 2020 14:31

Pesquisa em parceria entre Unifor e UFMG identifica viés algoritmo em assistentes inteligentes de voz

O estudo identificou que a eficiência de assistentes inteligentes de voz, como Google e Siri, variam conforme sotaque e nível de escolaridade.


Coordenadora do Laboratório de Estudos do Usuário e da Qualidade em Uso de Sistemas da Unifor (LUQS), Elizabeth Furtado. Foto: Ares Soares.
Coordenadora do Laboratório de Estudos do Usuário e da Qualidade em Uso de Sistemas da Unifor (LUQS), Elizabeth Furtado. Foto: Ares Soares.

A pesquisa realizada em parceria entre a Universidade de Fortaleza (Unifor) e o Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou que o viés algorítmico - feito para assimilar modelos de comportamento, pode ser encontrado nos serviços de assistentes inteligentes de voz do celular. 

A cientista da computação e coordenadora do Laboratório de Estudos do Usuário e da Qualidade em Uso de Sistemas da Unifor (LUQS), Elizabeth Furtado, conduziu um estudo qualitativo em sessões individuais e presenciais, com dois grupos de voluntários: moradores da capital cearense, entre os quais vários nascidos em outros estados, e estudantes de uma classe noturna de Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Erros de pronúncia, problemas de dicção, gagueira ou repetição de palavras acarretam prejuízos ao desempenho dos assistentes robóticos. Segundo Elizabeth, uma vez que o sistema aprende com usuários que têm mais escolaridade ou com pessoas oriundas de regiões do Sul e Sudeste, o treinamento dos assistentes de voz tende a se limitar a falas padronizadas.

“Realizamos um estudo com  pessoas que possuem baixa escolaridade e não sabem ler. O problema é que em alguns trabalhos, a base do sistema é feita com o usuário lendo. Se o usuário não souber ler, como que o assistente de voz vai entender? Dessa maneira, as pessoas que não sabem ler continuam excluídas”, discorre. 

Furtado explica que é nesse contexto em que se encontra o viés algorítmico: a falta de entendimento dos sistemas de voz com pessoas que são excluídas e que vão continuar em exclusão se não houver alternativas para que as bases dos assistentes de voz possam ser treinadas de outras formas. 

Sobre o LUQS

As pesquisas realizadas no Laboratório de Estudos do Usuário e da Qualidade do Uso de Sistemas da Unifor (LUQS) produzem diversos resultados acadêmicos beneficiando os programas universitários dos parceiros envolvidos, seus alunos e a região Nordeste do Brasil. Destacam-se, também, trabalhos com empresas locais, para aprimorar seus produtos e para tratar a qualidade do projeto da interação nos seus processos de software. 

Atualmente, os principais projetos são voltados à análise da interação de sistemas (como chatbot, assistentes virtuais, sistemas sociais) via voz e/ou textos, bem como o projeto da Experiência do Usuário (User eXperience – UX), com produtos inovadores, aplicados à diversos serviços (saúde, logística, ensino etc.).