Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva proporciona experiência internacional aos alunos

seg, 28 março 2022 11:16

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva proporciona experiência internacional aos alunos

Parceria com o Centro Hospitalar Universitário de Rouen, na França, possibilita estágio de duas semanas focado nos serviços de saúde da cidade


Alunos do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unifor podem realizar estágios na França (Foto: Getty Images)
Alunos do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unifor podem realizar estágios na França (Foto: Getty Images)

Um dos diferenciais da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, é o seu empenho em proporcionar experiências internacionais à sua comunidade acadêmica. Essa característica é comum em todos os seus quatro centros de ciências, seja na graduação quanto na pós-graduação. Em 2014, a instituição firmou convênio com o Centro Hospitalar Universitário (CHU) de Rouen, cidade localizada no noroeste da França, abrindo, assim, um leque de oportunidades aos alunos, especialmente os que integram a área da saúde.


Centro Hospitalar da Universidade de Rouen, na França (Foto: Divulgação/Rouen Université)

A parceria se iniciou após a ida de estudantes da Unifor à Universidade de Medicina de Rouen. Desde então, a colaboração dinâmica e estimulante entre as duas instituições proporciona uma melhoria da qualidade dos cuidados e um aprimoramento das competências desejadas em um profissional da saúde, fortalecendo tanto o âmbito acadêmico quanto o profissional por meio de ferramentas digitais e virtuais, pedagogias inovadoras e visões mais humanizadas.  

Em 2020, antes da pandemia da Covid-19 ser declarada, o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Unifor iniciou o Estágio de Mestrandos e Doutorandos no Serviço Sanitário Francês, fruto da parceria entre as duas instituições. O estágio aconteceria na cidade de Rouen, na França, e daria aos alunos a oportunidade de conhecer o sistema de saúde local e as vivências da área da saúde em outras instituições internacionais. 

O primeiro grupo, ainda em 2020, contou com três alunas, todas integrantes do PPGSC. No ano seguinte, o estágio não aconteceu, devido ao cenário epidemiológico. Porém, em 2022, o programa retornou, com a ida de seis alunas à Rouen. O grupo foi composto por três doutorandas e três mestrandas em Saúde Coletiva, que foram selecionadas após enviarem seus currículos lattes e uma solicitação de comprovação de curso básico de proficiência da Língua Francesa, requisito necessário para aprovação. 

Duas semanas em Rouen 

Lilia Barroso, médica ginecologista e obstetra, e doutoranda do PPGSC, tinha o desejo de conhecer o sistema de saúde francês. Ela, que já havia visitado o país como turista algumas vezes e já possuía um conhecimento acerca da língua francesa, conta que, ao ingressar no doutorado, ouviu falar sobre a oportunidade de estagiar na França. Assim, decidiu se inscrever, e, a partir desse momento, voltou a estudar o idioma a fim de começar a preparação e alcançar, ao menos, um nível intermediário de francês. 


Lilia Barroso, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Foto: Ares Soares)

Ela explica que a professora Mirna Frota, coordenadora do programa, orientou os alunos que tivessem interesse na experiência a formarem uma turma para estudar francês, e indicou um professor particular. Assim, durante um ano, Lilia e alguns de seus colegas estudaram francês fervorosamente antes da viagem. 

A médica conta que, ao total, foram selecionadas seis alunas: três mestrandas e três doutorandas. Assim, as alunas, que só se conheciam por vídeo chamada, devido à pandemia e à impossibilidade de realizar encontros presenciais durante um longo tempo, formaram um grupo, e chegaram na França no dia 26 de fevereiro deste ano. 

Barroso relembra que, ao chegarem no CHU, foram muito bem recebidas pela professora Nadia Chercem, que as mostrou um cronograma de duas semanas de atividades nos serviços de saúde da cidade. Assim, as alunas estavam ansiosas para vivenciarem catorze dias intensos de palestras, visitações e muito conhecimento acerca do sistema de saúde francês. 

Primeiramente, o grupo visitou o serviço de epidemiologia do professor Joel Ladner, onde tiveram palestras e debates sobre o sistema de saúde da França com uma enfermeira da área e uma psicóloga mestranda em epidemiologia. Além disso, foram apresentadas a uma política francesa de apoio aos usuários de drogas ilícitas, a La Boussole, experiência que Lilia relata ter sido muito interessante. 

As alunas também conheceram abrigos franceses coordenados por assistentes sociais.. Esses locais recebem pessoas vulneráveis, abandonadas por suas famílias, vítimas de violência doméstica, refugiados, entre outros. "As pessoas chegam a esses abrigos e dependendo de sua idade, condição física e formação, o serviço social tentará reintegrá-las, se for possível, à sociedade", pontua a ginecologista e obstetra.

Ademais, durante o período em que estiveram em Rouen, as mestrandas e doutorandas conheceram a L'Atrium, uma biblioteca que possui um grande acervo com diversas referências sobre saúde coletiva. Lilia conta que ela e duas outras colegas receberam um material sobre gestação e parto, e afirma estar ansiosa para comparar os protocolos franceses com os do Brasil. 

Desde o início de sua experiência, Barroso ficou encantada com a estrutura do CHU, e explica seu funcionamento: "é um hospital terciário com mais de 1300 leitos, onde atuam mais de 8 mil profissionais em diversas especialidades, senão todas. Lá também existe o serviço de urgência e emergência para adultos e crianças, e é considerado um dos melhores da França, somente ficando atrás dos serviços de Paris, Lyon e Marselha"

Experiência enriquecedora

De acordo com Mirna Frota, coordenadora do PPGSC, ainda que duas semanas seja um período relativamente curto, as atividades realizadas no estágio são importantes, pois são "oportunidades dos alunos vivenciarem uma imersão nos serviços de saúde de Rouen, na França, e, sobretudo, conhecer suas dinâmicas. A parceria entre o PPGSC com o CHU também traz a possibilidade de colaboração em pesquisas e produções científicas", pontua. 

Professora Mirna Frota, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unifor (Foto: Ares Soares)

Para Lilia, a experiência foi enriquecedora em todos os âmbitos. No pessoal, ela pôde praticar o francês, que estava um pouco adormecido, e entrar ainda mais em contato com a cultura, já, ao passar um ano se preparando e estudando a língua, ela ouvia músicas em francês e seguia páginas francesas nas redes sociais, para adquirir o máximo de conhecimento sobre a cultura do país. 

"A nossa cultura é muito diferente da deles [os franceses]. Nós [brasileiros] somos pessoas mais expansivas, mais calorosas, e os franceses são mais reservados e esperam que as pessoas no país deles sejam assim também. É como diz o ditado: 'quando em Roma, aja como os romanos'. Então, estando em outro país, tem que ter aquela consciência de que você tem que respeitar a cultura deles, isso é fundamental", pontua a doutoranda. 

No âmbito profissional, a médica reconhece que mesmo sendo ginecologista e obstetra, foi ótimo ver outras facetas dos serviços de saúde, e que os conhecimentos adquiridos durante o período vão ser fundamentais para realizar comparações com as vivências do sistema brasileiro. 

Já para o seu lado acadêmico, Lilia reconhece que as alunas só conseguiram adentrar e conhecer o serviço do CHU por estarem ligados a uma universidade. "É muito difícil você ir para um hospital desses, então, não só a Unifor como várias outras faculdades, proporcionam essa experiência para quem tem interesse em conhecer os serviços de saúde em outros países", explica.

Barroso destaca que a experiência é um grande estímulo para que os alunos adquiram novos conhecimentos, principalmente relacionados a novos idiomas. Ela reforça que um pós-graduando tem que saber, ao menos, o básico de inglês, já que a maioria dos artigos relativos à área da saúde, assim como as revistas mais importantes, são todos em inglês. 

Além disso, segundo a doutoranda, um aspecto muito importante é a possibilidade de entrar em contato com uma nova cultura. "Rouen é uma cidade que foi fundada no século primeiro. É uma cidade antiquíssima, e foi um grande centro comercial na Idade Média. Hoje, vivem em torno de aproximadamente 122 mil pessoas na cidade. É bom a gente ver, comparar as realidades e comparar o investimento que o governo faz em saúde", afirma. 

Lilia diz que, apesar de ter tido algumas dificuldades, a bagagem cultural e de aprendizado profissional adquirida no estágio superou todos os obstáculos enfrentados antes e durante a viagem. "A gente espera que, cada vez mais, esse estágio se aperfeiçoe e atraia mais e mais acadêmicos", finaliza.