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Seg, 28 Março 2022 10:48

Entrevista Nota 10: Wilson Sabóia e o valor da educação para a prática esportiva

Técnico da Seleção Feminina Brasileira de Futsal e professor do curso de Educação Física da Unifor enfatiza a importância da formação de excelência dos atletas


Wilson Sabóia é Técnico da Seleção Feminina Brasileira de Futsal, mestre e doutor em Educação (Foto: Ares Soares)
Wilson Sabóia é Técnico da Seleção Feminina Brasileira de Futsal, mestre e doutor em Educação (Foto: Ares Soares)

Educação e esporte para transformar vidas. As mais de duas décadas de apitos, gritos e muita bola renderam valiosos aprendizados que Wilson Sabóia, técnico da Seleção Feminina Brasileira de Futsal e professor do curso de Educação Física da Universidade de Fortaleza, compartilha nos treinos e em quadra. 

Interessado pelo mundo dos esportes desde garoto, Wilson decidiu enveredar pelo futsal ainda cedo. Investiu na formação como educador físico e hoje tem um currículo notável, com mestrado e doutorado em Educação. 

Com exclusividade ao Entrevista Nota 10, o técnico-educador destaca a importância da dedicação aos estudos na vida dos atletas, fala sobre o incentivo ao esporte no Brasil e aborda a atenção à saúde mental diante da pressão nas competições. Confira a seguir:

Entrevista Nota 10 - Professor Wilson, como surgiu seu interesse pelo esporte? 

Wilson Sabóia - Fui atleta de futsal na escola, em alguns clubes em Fortaleza e cheguei a jogar até a categoria adulta, mas quando eu entrei no curso de Educação Física da Universidade de Fortaleza, em 1988, saí dessa visão de ser atleta para ser professor e técnico de futsal. Comecei a estudar e aprofundar os conhecimentos em metodologias inovadoras do ensino do futebol e do futsal, foi aí que eu comecei a ter essa perspectiva. 

Entrevista Nota 10 - Quais são os principais desafios de alinhar a carreira como professor universitário e técnico? 

Wilson Sabóia - Precisamos compreender que atendemos a dois públicos diferentes. Para ser professor universitário, você precisa ter uma linguagem e uma didática diferenciada, saber socializar os conhecimentos próprios da disciplina. Já na carreira de técnico, precisamos desenvolver o atleta nas táticas e metodologias de treinamento mais eficientes. Ou seja, é o mesmo profissional com visões diferenciadas. Mas acredito que dá para conciliar muito bem porque são atuações complementares.

Entrevista Nota 10 - Na qualidade de técnico da Seleção Brasileira Feminina de Futsal, de que maneira avalia o papel do acesso ao esporte? É preciso que cada vez mais jovens sejam empoderados por meio dele?

Wilson Sabóia - O Brasil, de forma geral, precisa ter uma preocupação maior não só com o esporte, mas com a educação também. Isso porque ambos são ferramentas essenciais para uma nação. Temos que dar mais oportunidade para a nossa juventude. O Brasil é dividido em quatro manifestações esportivas importantes: formação, educação, rendimento e participação. Creio na necessidade de mais políticas públicas, tanto a nível nacional, como a nível estadual. Deve haver uma formação melhor não só do atleta, mas com ênfase na formação do caráter, de ensinar para além do esporte. 

Entrevista Nota 10 - Nesse sentido, como a formação superior pode auxiliar esses atletas? A motivação pelos estudos pode ser um grande diferencial para quem quer se tornar profissional? 

Wilson Sabóia - O estudo é a base de tudo! Costumo sempre dizer que a Universidade de Fortaleza dá um apoio imenso ao esporte. Já tive várias alunas-atletas que hoje estão exercendo suas profissões com dignidade. A Universidade dá os subsídios, como o bolsa-atleta, para muitos que não teriam condições financeiras de arcar com os custos dos estudos, então, eles participam de várias modalidades esportivas por meio do incentivo. Isso faz com o que o atleta possa desenvolver competência com seu esporte específico e que, futuramente, quando ele pare de vivenciar o esporte, tenha uma profissão, seja odontólogo, médico, profissional de educação física.. é um legado que fica para vida toda. 

Entrevista Nota 10 - Professor, e qual é a importância de fortalecer a saúde mental desde os treinos até a entrada em quadra? Sabemos que muitas vezes os atletas se sentem pressionados pelas questões competitivas…

Wilson Sabóia - Realmente, existe muita pressão porque os atletas começam a competir muito cedo. Cabe ao profissional de Educação Física que está à frente, ter capacidade pedagógica para saber cobrar desse atleta de forma correta, cobrar no sentido de melhorar as capacidades que são inerentes a um atleta, como a parte física, parte técnica e parte tática, e também dar a oportunidade desse atleta crescer gradualmente. O profissional que está à frente deve entender que o atleta precisa ser respeitado em todos os seus níveis, seja afetivo, social ou cognitivo. Essa é a função de um bom profissional, de um técnico de qualidade.