Lipedema: descubra sintomas e tratamentos de doença pouco conhecida
Reconhecido pela OMS como doença apenas em 2019, o lipedema afeta principalmente mulheres e requer um tratamento complexo e multidisciplinar
Nas últimas semanas, o termo lipedema tem movimentado a internet após a atriz Yasmin Brunet revelar, em entrevista ao Fantástico , que convive com essa condição. Outras celebridades, como a atriz Bárbara Reis , também levantaram a questão nas redes sociais, ajudando a ampliar o debate sobre a importância do diagnóstico correto e do acesso a tratamentos adequados.
Lipedema é uma doença crônica que provoca o acúmulo anormal de gordura em regiões como pernas, quadris e tornozelos, causando dor, inchaço, sensação de peso e dificuldade para caminhar. Afetando principalmente mulheres, é frequentemente confundido com obesidade ou celulite, mas possui características próprias, como a desproporção simétrica no corpo e a sensibilidade ao toque.
O tópico vem ganhando mais visibilidade desde 2019, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o lipedema como doença e o incluiu, em 2022, na Classificação Internacional de Doenças (CID-11).
Entenda o lipedema
Segundo o médico dermatologista Emmanuel Magalhães, docente do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza — instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz —, a doença geralmente se manifesta durante períodos de alterações hormonais, como puberdade, gravidez ou menopausa.
“A causa exata é desconhecida, mas fatores genéticos, hormonais e inflamação parecem contribuir. O lipedema é mais comum em mulheres, especialmente em momentos de mudanças hormonais”, destaca.
O lipedema é uma doença crônica do tecido gorduroso que
afeta principalmente as regiões do quadril, coxas, pernas,
panturrilhas e braços. (Foto: Getty Images)
Existem cinco tipos de lipedema:
- tipo 1: quadril e nádegas
- tipo 2: quadril, nádegas e coxa
- tipo 3: quadril, nádegas, coxa e perna
- tipo 4: braço
- tipo 5: apenas na batata da perna
Embora não seja uma doença rara, pois afeta 12,3% das mulheres brasileiras, a condição é pouco conhecida tanto por pacientes quanto por médicos. As causas exatas do lipedema ainda não são completamente conhecidas, mas acredita-se que possam estar relacionadas a fatores genéticos, metabólicos, hormonais ou inflamatórios.
“O reconhecimento do lipedema na Classificação
Internacional de Doenças facilita o diagnóstico e o acesso a
tratamentos específicos, [além de] aumentar a conscientização
profissional e pública. Isso também incentiva as pesquisas e
melhora o acesso a cuidados médicos” — Emmanuel
Magalhães, docente do curso de Medicina e especialista em
Dermatologia Cirúrgica
Diagnóstico do lipedema e desafios clínicos
A fisioterapeuta Lorena Loureiro, professora do curso de Estética e Cosmética da Unifor, explica que o diagnóstico do lipedema é essencialmente clínico, baseado na avaliação física e no histórico médico do paciente. Devido à semelhança com outras condições, como obesidade e linfedema, o diagnóstico pode ser desafiador e, muitas vezes, subdiagnosticado.
“É fundamental que profissionais de saúde estejam atentos às características específicas do lipedema para um diagnóstico preciso e tratamento adequado. Tratar o lipedema requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo cirurgiões plásticos, endocrinologistas, nutricionistas e cirurgiões vasculares”, ressalta
Algumas das intervenções terapêuticas para lipedema são:
- Mudanças no estilo de vida, como dieta anti-inflamatória;
- Atividade física específica para lipedema;
- Terapia física complexa;
- Protocolos medicamentosos específicos.
Além das intervenções terapêuticas, o uso de roupas de compressão é capaz de reduzir a dor e desconforto dos membros afetados. Já a drenagem linfática manual, técnica de massagem suave que estimula o sistema linfático, auxilia na redução do edema e desconforto.
Em casos mais graves, a lipoaspiração com uso de anestesia local pode ser considerada uma alternativa viável para remover o excesso de gordura e aliviar os sintomas. A técnica utilizada pode reduzir a largura dos membros afetados.
Adotar um estilo de vida saudável é essencial para potencializar os resultados e evitar a evolução da doença. Antes e após o procedimento, é importante:
- praticar exercícios físicos regularmente;
- consumir pelo menos dois litros de água por dia;
- manter uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras, evitando alimentos processados e ricos em gordura, sódio e açúcar.
“Embora o lipedema não tenha cura, ele é uma condição
tratável. O diagnóstico precoce e a abordagem multidisciplinar,
que inclui cuidados médicos, mudanças no estilo de vida e
tratamentos estéticos, são essenciais para controlar os sintomas e
melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas” —
Lorena Loureiro, mestre em Ciências Médicas e
professora do curso de Estética e Cosméticas da Unifor
O reconhecimento do lipedema como uma doença distinta é crucial para garantir que os pacientes recebam o tratamento adequado e o apoio necessário. Esse reconhecimento facilita o diagnóstico, o acesso a tratamentos específicos e aumenta a conscientização tanto de profissionais da saúde quanto do público geral.