seg, 12 maio 2025 18:04
CSE Informa: Qual o lugar da inteligência artificial na pesquisa e publicação acadêmica?
Saiba como utilizar essa ferramenta tecnológica como facilitadora sem resultar em uma obra plagiada

Por: Aliria Aiara Duarte
Conselho Superior de Editoração (CSE)
O uso da inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente em diversos âmbitos da vida em sociedade, como o Chat GPT e dentro do próprio Whatsapp. Atualmente, até em uma simples busca sobre qualquer informação em grandes sites de busca, como o Google, é fornecida uma resposta gerada por IA, a partir de um compilado de pesquisa em toda a rede de internet.
Usar a IA realmente facilita vários âmbitos da vida e diminui muitos processos mecânicos de busca e “mão de obra”, como catalogações, transcrições etc. No entanto, até onde deve ser o limite do uso de IA em uma produção autoral, como em uma pesquisa acadêmica, por exemplo?
Uma coisa é fato, como fala o compositor e cantor cearense Belchior em sua canção eternizada na voz de Ellis Regina: “o novo sempre vem”. A tecnologia sempre está avançando e a humanidade efetivamente ganha muito com isso. O problema não é o invento de novas tecnologias, mas os usos indevidos que a sociedade pode dar a ela.
Ao pensarmos no âmbito da publicação acadêmica, os dados apresentados para tal são frutos de meses ou até anos de pesquisa. Trata-se de um esforço físico e psicológico do pesquisador em desenvolver algo, comprovar e, por fim, exibir os resultados.
Esse exercício é possível através de coleta de dados, observação e comparação. Como então a IA pode desenvolver tais resultados se ela não esteve em campo, como em hospitais, ruas, laboratórios, creches, galerias, oficinas, oceanos e tantos outros locus?
A indicação é usar a IA como facilitadora no processo de produção acadêmica, ajudando a reduzir a carga de trabalho (Ilustração: Getty Images)
É justamente essa a questão. Ela não pode criar. O que ela pode é desenvolver um produto a partir de algo que já existe, uma obra, um compilado de resultados, uma coletânea de pinturas, um agrupamento de fotos ou imagens. O ato de criar é puramente humano. A IA usa esses dados existentes para um resultado posterior.
No entanto, compreendemos que não é possível viver no mundo hoje sem o uso de certas tecnologias, a IA inclusa. Até porque esta serve para reduzir muito o trabalho dos pesquisadores, que, inseridos em uma lógica capitalista, acabam por ser soterrados de afazeres, demandas e pouco reconhecimento.
Como usar Inteligência Artificial pensando nos princípios de autoria?
O uso da IA deve ser como uma ferramenta de apoio e auxílio, uma espécie de tutor no desenvolvimento das atividades e não um produtor ou autor. Se a IA produz algo, então quem você seria nesta autoria?
Confira a seguir algumas dicas de uso da inteligência artificial com foco nos princípios de autoria:
- A IA é uma excelente ferramenta de busca, mas não se atenha apenas a ela. Confira em outros locais, livros e PDFs a veracidade da informação para ter uma visão mais profunda sobre o assunto. Lembre-se que a IA, quando “não sabe” a resposta, tende a “inventar”;
- Usa-se como catalogação. É possível fazer upload do arquivo e pedir que a IA elenque os principais pontos do conteúdo. Isso facilita seu trabalho na hora de escrever um texto;
- Quanto mais você especificar o contexto de resposta, melhor. Um exemplo: “você é uma especialista em biblioteconomia, revise esse material e me apresente os melhores pontos a serem trabalhados”;
- Use-a como se fosse alguém que vá fazer uma arguição. Caso tenha um texto seu que precise ser apresentado, uma defesa de tese, uma apresentação de trabalho, você pode perguntar quais os pontos fracos, onde melhorar e exercitar um diálogo de perguntas e respostas para que você consiga se preparar.