OMS e Centro Pulitzer divulgam guia de cobertura em Segurança no Trânsito para jornalistas em Português

 

Por Lara Ferreira e Yasmim Rodrigues

A epidemia de mortes em ruas, avenidas e estradas de todo o mundo é uma crise de saúde pública com proporções épicas. As mortes no trânsito já ultrapassam, ao todo, 1,35 milhões de vidas perdidas nas vias a cada ano. Os países que possuem baixa e média renda como o Brasil, têm em média 50% do tráfego de veículos do mundo, porém são responsáveis por cerca de 90% das mortes no trânsito.

Com o objetivo de ajudar jornalistas e promover um novo olhar sob os números estatísticos para entender a complexidade de grandes fatores que lideram as mortes no trânsito, a Organização Mundial da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde e apoio da Bloomberg Philanthropies lançaram o o guia “Cobertura de segurança no trânsito- um guia para jornalistas” em português. Até então, o documento só estava disponível em inglês e espanhol.

O objetivo principal é ir além de matérias meramente informativas de trânsito e mostrar que segurança viária é um tema de saúde pública importante em um contexto mundial. O guia visa auxiliar os profissionais de comunicação a compreender a dimensão  e a gravidade dos problemas enfrentados no cenário global. A publicação, é o resultado do trabalho conjunto de editores e repórteres de países de baixa e média renda, é repleta de exemplos de como veículos de comunicação ao redor do globo têm produzido matérias aprofundadas sobre segurança viária. 

O guia é dividido em 8 capítulos que oferecem: dicas de editores, jornalistas especialistas em segurança no trânsito falando sobre maneiras distintas de cobrir o tema, além de recursos e ferramentas que podem agregar maior profundidade às matérias. O material inclui 16 ideias de pauta que possuem links para matérias já publicadas, sugestões de novos ângulos, descrição de projetos e está disponível na aba de publicações técnicas no site do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza.

Dados alarmantes

De acordo a OMS, o risco de morte no trânsito é três vezes maior em lugares que tem tendência a negligenciar o problema viário e possuem baixa renda, como África e partes da Ásia (26,6 por 100 mil habitantes). Em Fortaleza, essa mesma taxa de mortalidade por 100 mil habitantes caiu de 14,7 para 8,5 entre 2014 e 2018.

Além disso, segundo a OMS, a mortalidade anual em todo o mundo já alcançou 1,3 milhão por ano e a previsão é que alcance 1,9 milhão até 2030, a não ser que alguma atitude seja tomada para que isso se reverta. Lesões no trânsito já são a principal causa de morte entre crianças e jovens entre 5 e 29 anos. Em todo o mundo, os usuários mais vulneráveis em vias - ciclistas, pedestres e motociclistas- correspondem a mais da metade das mortes no trânsito. 

Em Fortaleza motociclistas e pedestres também lideram o ranking de mortes em acidentes nos trânsito, representando 45,6% e 39,8%  das vítimas respectivamente. Apesar dos dados preocupantes, algumas cidades do mundo como a capital cearense, já estão trabalhando e obtendo resultados importantes para amenizar essa realidade. Em 2018 o número de mortes no trânsito na cidade foi 40% menor do que o registrado em 2014.