Quanto custa um acidente de trânsito? A resposta pode estar na casa dos bilhões de reais.
Foto Reprodução: Emanoela Campelo de Melo/Diário do Nordeste
Por Yasmim Rodrigues
A cada uma 1 hora, 5 pessoas morrem em acidentes de trânsito nas rua e avenidas brasileiras. O alto número pode afetar de forma significativa a economia das cidades e cidades de todo o mundo buscam combater essa dura realidade. Em todo o mundo, cerca de 1,3 milhão de pessoas são vítimas de acidentes de trânsito todos os anos e só no Brasil há cerca de 40 mil mortes por ano.
A perda de vidas em ruas, avenidas e rodovias representa um prejuízo difícil de calcular, principalmente se contabilizarmos os danos emocionais e psicológicos que esses acidentes causam em vítimas e suas famílias. É o que explica o coordenador do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza, Ezequiel Dantas. "O acidente de trânsito gera uma deseconomia, a mortalidade e a morbidade no trânsito são uma epidemia de saúde pública e como toda epidemia ela é custosa. No caso do trânsito é diferente porque é 100% prevenível e evitável" avalia.
Porém, em quesitos econômicos, o mais recente Relatório de Status Global em Segurança Viária (2018) da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os acidentes de trânsito podem custar cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de países de baixa ou média renda, como o Brasil.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, entre 2009 e 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou quase R$ 3 bilhões apenas com acidentes de trânsito. A Escola Nacional de Seguros, uma instituição de ensino e pesquisa, calculou em 2017 a economia que seria gerada pela não interrupção do trabalho das vítimas se o acidente houvesse sido evitado, contabiliza um total de R$ 199 bilhões perdidos com acidentes de trânsito.
Isso ocorre porque, após um acidente, a vítima geralmente precisar se ausentar do trabalho ou estudo durante um período, o que prejudica não só a economia do país, como também a economia doméstica. No caso de Fortaleza, "atualmente a gente entende que o perfil do acidentado em Fortaleza são homens de baixa renda em idade produtiva" acrescenta o coordenador do Observatório.
Acidentes custam R$ 590 milhões apenas em Fortaleza
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) desenvolveu um estudo a fim de estimar os gastos com acidentes de trânsito no Brasil, disponível no portal do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza. O relatório aponta que a gravidade do acidente influencia na quantidade de dinheiro gasto, por exemplo, gastos hospitalares de um acidente com vítimas feridas levemente custaria cerca de R$ 8.500, enquanto um acidente com vítimas feridas gravemente custaria cerca de R$ 125.100 contando com componentes pré hospitalares, hospitalares, pós hospitalares, perda de produção e remoção.
Em Fortaleza, a estimativa é de que foram gastos cerca de R$ 590 milhões com acidentes de trânsito, apenas em 2017. Esse montante é referente à perda da produtividade econômica, gastos com atendimento de urgência, emergência e reabilitação de feridos, entre outros.
O relatório do IPEA também contabilizou custos condicionados aos veículos envolvidos nos acidentes, demonstrando que, nesse caso, contando com remoção, danos materiais e perda de carga, o tipo de veículo pode alterar o dano financeiro do acidente. Uma motocicleta envolvida em um acidente com vítimas, pode custar quase R$ 2.750, já um automóvel, nas mesmas condições, pode chegar a custar mais de R$ 12 mil.
O estudo aponta ainda que a maior parte dos gastos é referente a perda produtiva das vítimas de acidentes de trânsito. Em 2014, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os acidentes de trânsito apenas nas rodovias federais custaram em torno de R$ 12 bilhões, sendo 41,2% desse valor representado pela perda de produtividade, enquanto apenas 18,8% representavam gastos hospitalares. Já os gastos condicionados à veículos são representados por 37,4% do valor total.
O resultado final do estudo da PRF aponta que, em média, cada acidente de trânsito do ano de 2014 teria custado R$ 261.689 à sociedade brasileira, tendo esse valor aumentado para R$ 664.821 quando o acidente envolvia uma vítima fatal. Porém, mesmo que o acidentes envolvendo vítimas fatais representem apenas 5% do número total de ocorrências, ele é responsável por 35% da tabela total de gastos. ]
"O Governo Municipal de Fortaleza se engajou e isso [projeto] andou. Os governos tendem a acordar mais por existir uma agenda global pelas nações unidas, mas o despertar de cada um vai variar de acordo com o nível de atenção pra essa causa, os governos de certa forma refletem os anseios da população e ela ainda não acordou para essa questão" alerta o coordenador Ezequiel Dantas.