Readequar limites de velocidade é medida efetiva para diminuir acidentes de trânsito

Terça-feira, 10 Julho 2018 10:54
Por Lara Montezuma

 

Na última quarta-feira (04), a Câmara dos Deputados do Chile aprovou o projeto que reduz a velocidade máxima em áreas urbanas do país de 60 para 50 quilômetros por hora. O país que tem uma das maiores economias da América Latina, adotou a medida para veículos com menos de 3.860 quilogramas de peso bruto e motocicletas. Segundo o jornal chileno Publimetro, a expectativa é diminuir o número de acidentes e mortes no trânsito.

Após essa mudança, o Chile integra a lista de mais 114 países que adotaram o limite de velocidade máxima de 50 km/h ou inferior em vias urbanas ao redor do mundo. Estabelecer estes limites e fiscalizá-los está entre as medidas mais eficazes para reduzir acidentes de trânsito, visto que a velocidade excessiva (condução acima do limite de velocidade) e velocidade inadequada (condução excessivamente rápida para a via ou tráfego, mas dentro do limite de velocidade) são as principais causas de acidentes que resultam em ferimentos graves e fatalidades.

Segundo a Global Road Safety Partnership (ou Parceria Global pela Segurança Viária, em tradução livre), uma redução de 5% na velocidade pode reduzir o número de acidentes fatais em até 30%. Isto acontece porque quanto mais rápido um veículo estiver trafegando, maior será o impacto em um acidente. Desta forma, as lesões são mais graves e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, as chances de um pedestre sobreviver ao impacto de um atropelamento a 50 km/h é dez vezes maior do que a 60 km/h.

 

Fonte: PAHO/OMS

 

O caso de Fortaleza

Ainda no começo deste ano, no dia 04 de fevereiro, o limite de de velocidade na Avenida Leste-Oeste passou de 60 km/h para 50 km/h. O local foi escolhido por concentrar 10% de todos os acidentes com vítimas fatais em Fortaleza, dividindo com a BR-116 e Osório de Paiva o título de vias que mais matam na cidade. Em decorrência dos acidentes, cerca de 116 pessoas morreram na Avenida nos últimos dez anos, sendo 66% pedestres e ciclistas, considerados os mais vulneráveis no trânsito.

Após a alteração da velocidade máxima na via, os atropelamentos foram reduzidos em 63% no período de fevereiro a junho, em comparação ao mesmo período de 2017. O número total de pessoas atropeladas enquanto tentavam a travessia caiu de onze para quatro. Também houve uma mudança significativa em relação ao total de chamados de emergência às equipes da AMC, com uma redução de 54% no mesmo período.

A readequação na velocidade da Leste-Oeste segue a implementação desta medida em outras vias movimentadas da cidade, como a Av. Engenheiro Santana Júnior, a Rua Fausto Cabral e a Av. Monsenhor Tabosa. Dados da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) registraram quedas de 50%, 18% e 11% nos acidentes de trânsito nos respectivos locais.

“Essa diminuição é reflexo da política de segurança viária adotada em Fortaleza que vem atuando nas vias com maior registro de acidentalidade. Devido ao conjunto de intervenções que a Leste-Oeste recebeu, contemplando um novo limite de velocidade, semáforos, revitalização da sinalização e ciclofaixa, hoje permite um deslocamento mais seguro aos transeuntes”, afirma o superintendente da AMC, Arcelino Lima.