seg, 23 junho 2025 14:24
Orgulho Unifor: Professora será homenageada no maior evento sobre jogos digitais da América Latina
Andréia Formico, docente da Pós-Unifor, receberá uma homenagem no SBGames 2025 por sua trajetória pioneira na consolidação da área de jogos e computação gráfica no Brasil

A professora Maria Andréia Formico Rodrigues, da Universidade de Fortaleza — instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz —, foi selecionada como Pesquisadora Homenageada do SBGames 2025. Considerado o maior evento acadêmico do setor na América Latina, o Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital (SBGames) deste ano acontecerá de 30 de setembro a 3 de outubro, na cidade de Salvador, na Bahia.
Concedida pela Comissão Especial de Jogos e Entretenimento Digital (CEJOGOS) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), a honraria reconhece Andréia por suas contribuições científicas relevantes e duradouras à área. A Comissão foi composta pelos professores Esteban Clua (UFF, presidente da CEJOGOS da SBC), Bruno Feijó (PUC-Rio) e Soraia Musse (PUCRS), todos pesquisadores de grande renome na área.
“Uma honra enorme”, diz Andréia. Para ela, a indicação representa o mais alto reconhecimento nacional concedido pela comunidade acadêmica de jogos, especialmente por ter sido eleita por colegas que já receberam a mesma honraria em outros momentos.
Docente do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA) da Unifor e coordenadora do GIRA Lab — laboratório do Parque Tecnológico (TEC Unifor) dedicado à pesquisa em jogos, interatividade e tecnologias imersivas —, ela conta que recebeu a notícia por uma ligação da atual presidenta da SBC, Thais Batista, que a parabenizou e oficializou o anúncio. “Literalmente ‘nos ombros de gigantes’. Sentimento de gratidão”, afirma a pesquisadora.
“É a casa da comunidade brasileira de pesquisa em jogos. Então, ser escolhida como Pesquisadora Homenageada me faz sentir que todo o caminho percorrido, das primeiras iniciativas ainda sem financiamento até os atuais projetos interdisciplinares de impacto social, valeu a pena” — Andréia Formico, professora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada e coordenadora do GIRA Lab
Ela destaca que o reconhecimento não representa um ponto final em sua trajetória, mas sim um novo impulso para seguir adiante. Para a professora, o prêmio funciona como um estímulo renovado para continuar colaborando com a comunidade acadêmica e contribuindo para a formação de novos pesquisadores. Compreendendo a ciência como uma construção coletiva, ela valoriza a oportunidade de seguir abrindo caminhos para quem está iniciando na área.
Destaque na pesquisa em jogos
A escolha de Andréia Formico como Pesquisadora Homenageada do SBGames 2025 também reconhece sua ampla e consistente contribuição à consolidação do campo de jogos e computação gráfica no Brasil. Ao longo de sua trajetória, ela atuou em diferentes frentes, do fortalecimento da comunidade científica à internacionalização das pesquisas desenvolvidas no País.
A professora destaca sua contribuição em quatro frentes principais no setor de jogos e entretenimento digital. Esses eixos, em conjunto, foram fundamentais para consolidar a relevância do trabalho desenvolvido no Brasil em jogos e computação gráfica, de acordo com ela:
- Fortalecimento da comunidade
Aproximação entre pesquisadores de computação, arte, saúde, cultura, educação e indústria em torno do SBGames. - Elevação do padrão científico
Definição de métricas e processos que tornaram as publicações mais rigorosas e o SBGames mais bem estruturado. - Formação de talentos
Orientação de estudantes que hoje lideram projetos no Brasil e no exterior, desde a iniciação científica até o doutorado, incluindo premiações. - Projeção nacional e internacional
Incentivo à participação dos grupos de pesquisa em conferências e periódicos de referência no Brasil e no exterior.
Durante quatro anos, Andréia presidiu a CEJOGOS, tendo papel fundamental em momentos estratégicos para a estruturação da área no país. Um dos marcos mais significativos de sua gestão foi a revisão completa do regimento do SBGames, realizada em seu primeiro ano de mandato (2021–2022), com apoio direto de outros quatro membros da comissão.
O novo regimento foi implementado e tornado público por meio da SBC. “Foi um trabalho intenso e necessário, que ajudou a dar mais transparência e solidez à governança do simpósio”, pontua a doutora em Ciência da Computação pela Imperial College London.
Outro avanço de grande impacto foi o esforço para garantir um padrão científico elevado e homogêneo entre todas as seis trilhas que compõem o SBGames: Computação, Arte e Design, Educação, Saúde, Cultura e Indústria. A professora destaca que era uma meta estratégica de longo prazo e que só foi possível com o apoio de grandes nomes da área.
“Era um sonho antigo. Desde 2023, os artigos dessas trilhas passaram a ser publicados na SBC Open Library (SOL-SBC), assegurando visibilidade idêntica a todas as produções e consolidando o SBGames como um fórum interdisciplinar verdadeiramente plural e acessível”, destaca Andréia.
A origem do SBGames
A atuação dela no campo dos jogos digitais tem raízes em uma trajetória sólida e de longa data. Pioneira da área no Brasil, ela participou diretamente da criação de espaços fundamentais para o desenvolvimento do setor. Em 2002, foi General Chair do IMIGRA, organizando e auxiliando o primeiro Workshop de Jogos (I WJogos), evento que daria origem ao SBGames.
“O IMIGRA 2002 inaugurou um espaço formal para discutir jogos no Brasil. Curiosamente, foi realizado aqui em Fortaleza. Acreditava-se que uma sala para 30 participantes seria suficiente para receber esse novo público. Contudo, apareceu tanta gente que a grande maioria ficou do lado de fora da sala. Ou seja, o evento foi um super sucesso”, relembra Andreia.
A repercussão foi tão positiva que o IMIGRA se transformou, anos depois, no SBGames como é conhecido hoje — um simpósio vibrante, com cerca de 800 participantes por edição, apoiado por uma comunidade científica altamente engajada.
Inspiração e avanços na pesquisa em jogos digitais
A homenagem recebida por Andréia também ganha contornos simbólicos para a Universidade de Fortaleza. Ela acredita que esse reconhecimento nacional pode inspirar outros professores e pesquisadores da instituição a investirem na área de jogos e entretenimento digital. Segundo a pesquisadora, a visibilidade da premiação tende a atrair parcerias, facilitar editais cooperativos e incentivar novos projetos interdisciplinares.
“Minha expectativa é que a homenagem funcione como um ‘empurrão’ extra para jovens pesquisadores da Unifor transformarem ideias em protótipos, protótipos em publicações e publicações em impacto científico, econômico e social real” — Andréia Formico, professora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada e coordenadora do GIRA Lab
Em relação ao cenário nacional, a professora observa que a pesquisa em jogos no Brasil avançou significativamente, com destaque para a qualidade científica das publicações, a diversidade temática e as novas oportunidades profissionais proporcionadas pela inteligência artificial (IA).
“Hoje temos centros produzindo ciência de excelência comparável a países mais consolidados nessa área, além de uma presença crescente de temas diversos e projetos com forte impacto social”, explica. Apesar dos avanços, ela aponta que ainda há desafios relevantes, como a escassez de fomento estável e a dificuldade de reter talentos no país.
Nesse contexto, a Unifor vem se destacando por meio do GIRA Lab, laboratório coordenado por Andréia e vinculado ao PPGIA. O espaço desenvolve projetos de jogos digitais voltados para educação e saúde, reunindo alunos e pesquisadores das áreas de exatas, humanas e saúde. “É um exemplo claro da vocação interdisciplinar e aplicada da nossa pesquisa”, afirma.
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Para o futuro, a professora projeta metas ainda mais ambiciosas. Pretende consolidar a Unifor como um centro de excelência em jogos digitais no Brasil, articulando suas principais linhas de pesquisa, como IA Generativa, Humanos Virtuais, Experiência do Usuário e Engenharia de Software para o Desenvolvimento de Jogos.
“Desejo também orientar mais mulheres em nível de mestrado e doutorado. Ainda somos minoria nos programas de pós-graduação em jogos, e mudar essa realidade é uma das minhas prioridades”, conclui.