ter, 11 fevereiro 2025 18:13
Alunas da Unifor superam dificuldades para encantar a comunidade acadêmica com pesquisas
Estudantes ingressaram no Programa de Iniciação Científica ainda no início da graduação e almejam estar entre as pesquisadoras mais influentes do mundo.

Apreensão, desânimo e insegurança são alguns dos sentimentos vivenciados por quem escolhe a jornada científica. As dificuldades se apresentam em qualquer etapa do estudo, e o reconhecimento da comunidade acadêmica é o combustível para superar os percalços.
A ambição pela excelência é o que faz quatro alunas da Universidade de Fortaleza, mantida pela Fundação Edson Queiroz, terem histórias parecidas. Juliana Venancio (Ciências Contábeis), Lara Matos (Medicina Veterinária), Nice Sales (Direito) e Renata de Oliveira (Engenharia Sanitária e Ambiental) ingressaram no Programa de Iniciação Científica ainda no início da graduação e almejam estar entre os pesquisadores mais influentes do mundo.
Esta semana é marcante para Juliana, Lara, Nice, Renata e todas as representantes do universo feminino, pois em 11 de fevereiro é celebrado o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi instituída em dezembro de 2015 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU).
A medicina veterinária em prol da saúde felina
Lara encontrou na iniciação científica uma oportunidade para aprofundar seus conhecimentos e gerar impacto na medicina veterinária. Sua pesquisa, intitulada "Levantamento epidemiológico, hematológico e urinário de amostras biológicas de felinos com suspeita de DTUIF oriundas de um centro de diagnóstico e especialidades veterinárias em Fortaleza", busca compreender melhor a doença do trato urinário inferior felino (DTUIF).
O estudo visa coletar dados biológicos para identificar padrões e alterações mais comuns, contribuindo para diagnósticos mais precisos e tratamento adequado. Segundo Lara, a DTUIF é uma patologia frequente em gatos, mas pouco conhecida por muitos tutores. "Tornar essas informações mais acessíveis para o público em geral é essencial", destaca.
A jovem pesquisadora ingressou na iniciação científica em 2022 e logo percebeu sua vocação para a pesquisa. Para ela, o envolvimento com a ciência amplia horizontes e proporciona uma formação profissional mais completa. "A IC permite desenvolver habilidades essenciais, como análise crítica, autonomia e contato direto com especialistas da área", explica. Lara pretende continuar na academia, com planos para pós-graduação e mestrado.
Direito e a história silenciada das mulheres
No campo do Direito, Nice investiga um tema que atravessa séculos: o apagamento feminino na história jurídica. Sua pesquisa, "Apagamento feminino na história do Direito: o caso de Olympe de Gouges como vetor", explora como as mulheres tiveram suas contribuições minimizadas ao longo do tempo, utilizando conceitos como o "Efeito Matilda" e "O Perigo de uma Única História".
"Percebi que as narrativas tradicionais do Direito privilegiam figuras masculinas, deixando de lado contribuições fundamentais das mulheres", explica Nice. Olympe de Gouges, revolucionária francesa, é um exemplo de como esse silenciamento ocorre.
Desde pequena, Nice sempre foi curiosa e apaixonada por história, o que naturalmente a levou à iniciação científica. "O Direito é uma ferramenta de justiça e paz, e a pesquisa me permite contribuir para tornar sua história mais inclusiva", afirma. Premiada no 30º Encontro de Iniciação à Pesquisa da Unifor, sua pesquisa segue em expansão.
Engenharia e a luta contra a poluição
Renata enfrenta um dos desafios ambientais mais urgentes da atualidade: a poluição por microplásticos. Seu projeto busca desenvolver um coletor desses resíduos para aplicação na foz do rio Cocó, importante ecossistema de Fortaleza. "A presença de microplásticos pode afetar a biota aquática e comprometer processos ecológicos", alerta.
A trajetória acadêmica de Renata é marcada pela persistência. Cursando sua segunda graduação, encontrou na iniciação científica um caminho para se aprofundar na engenharia sanitária e ambiental. "O contato com a pesquisa fortaleceu minha segurança e habilidades técnicas", destaca. Ela planeja seguir carreira acadêmica e continuar contribuindo para soluções ambientais.
Ciências Contábeis e equidade no futebol
Juliana Venancio encontrou na contabilidade uma forma de abordar questões sociais e de governança. Sua pesquisa "Integridade contábil e promoção de diversidade, equidade e inclusão (DEI): evidências do futebol de elite do Brasil" analisa a relação entre transparência financeira e práticas de inclusão nos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de 2024.
"Criamos um Índice de Diversidade, Equidade e Inclusão no Futebol (IDEIF) e verificamos que a integridade contábil tem correlação positiva com as iniciativas de DEI", explica Juliana. Para ela, a iniciação científica foi essencial para desenvolver habilidades analíticas e críticas. "A pesquisa me ensinou a analisar problemas de forma estruturada e a propor soluções", afirma.
Seus planos incluem continuar na academia e investir em pós-graduação. "Vejo a pesquisa como um caminho para transformar a sociedade e tornar o conhecimento acessível a mais pessoas", finaliza.
O futuro da ciência está nelas
As histórias de Lara, Nice, Renata e Juliana demonstram que a pesquisa científica tem um papel fundamental na formação profissional e na construção de um futuro mais equitativo. No Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, elas inspiram novas gerações a seguir pelo caminho do conhecimento e da inovação.