Fortaleza registra o menor número de acidentes no trânsito desde 2002

Segunda-feira, 22 Outubro 2018 14:30
Por Lara Montezuma 

O Relatório Anual de Segurança Viária de Fortaleza (com dados de 2017) lançado no último mês de Agosto contempla os dados e números dos acidentes de trânsito, feridos e mortos na cidade. O material também traz estatísticas relevantes sobre a situação atual de segurança viária de Fortaleza, como a queda em 15% no número de feridos - de 18.295 pessoas em 2016 a 15.522 em 2017-  e de 9% no número de mortos em relação ao ano anterior, saindo de 281 para 256 mortos.

Fortaleza é a quinta maior cidade do país, com um total de 2.627.82 habitantes - de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018 - e registrou 20.309 acidentes (incluindo aqueles sem vítimas) no ano passado - o menor desde o início dos registros, em 2002. Em linhas gerais, uma pessoa morre em cada 79 acidentes registrados. Na capital do Ceará, os mais vulneráveis no trânsito são os motoqueiros e, em segundo lugar, os pedestres. O relatório traz ainda um estudo que revela o perfil das vítimas de risco que mais chegam ao principal centro de trauma da capital cearense, o Instituto Dr. José Frota (IJF). 

Na análise que durou 3 meses, os motociclistas lideram as mortes no trânsito, com metade das fatalidades (respondendo por 50,8% do total de óbitos), seguido pelos pedestres, com um índice de 36,7% das mortes. A maioria são homens, com idade entre 30 e 59 anos. Os dados indicam ainda uma estreita ligação entre alguns dos principais fatores de segurança para ocorrência de acidentes, como o excesso de velocidade e a falta de uso do capacete. A pesquisa foi realizada através de uma parceria entre a Vital Strategies (parceira da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global), a Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, além do IJF.

O Relatório foi desenvolvido pela Prefeitura de Fortaleza em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global e consiste em informações coletadas pelo Sistema de Informações em Acidente de Trânsito (SIAT) e diversas organizações públicas. O documento está na sua terceira edição e representa um importante avanço para compreender como, onde, quando e por que os acidentes de trânsito ocorrem na cidade. É possível, assim, analisar o perfil detalhado das vítimas, além de visualizar dados significativos, como os principais locais onde os acidentes acontecem e quais são os  motivos para que eles aconteçam. Também é possível analisar, através da publicação, os resultados das ações feitas na cidade durante os últimos três anos, como a revitalização do entorno do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
 
O coordenador do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza, Ezequiel Dantas, afirma que a coleta de dados é um processo contínuo que envolve, ao todo, mais de sete fontes, dentre elas agentes de trânsito e o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). “Os dados das vítimas fatais são mais rápidos, porque o número é muito menor e só usamos duas fontes para isso, com 45 dias nós conseguimos fazer essa validação. Já os de vítimas feridas demoram um pouco mais, a gente consegue ter um ano inteiro de dados com uma diferença de sete meses”, acrescenta. 

Um dos dados mais alarmantes é o custo para todos os setores da cidade de Fortaleza,  em decorrência dos acidentes de trânsito. A estimativa de  valor está em torno de R$ 590 milhões, com base em cálculos disponibilizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Os dados evidenciam o quanto há a necessidade de direcionar os gastos feitos com o trânsito para outras áreas, como a saúde, por exemplo, que está diretamente ligada ao tráfego de veículos e aos acidentes que acontecem. 

O Relatório é um dos principais produtos do monitoramento das tendências de morbimortalidade urbana na capital, assim como intervenções feitas por toda a cidade em eixos como os de educação, comunicação e coleta de dados. Ele atua como um documento de nivelamento de conhecimento, para que haja mais informação acerca do assunto e, assim, o início de diálogos entre diversos agentes civis. Segundo Ezequiel, “reunir, consolidar esses dados, assim como ter rigor nesse processo de coleta e análise” é uma questão de transparência. “Ter acesso a esses dados é muito importante para entender o nível da situação aqui em Fortaleza e angariar apoio para, de fato, conseguir propor ações acerca da problemática”, explica. 
 

 

Relatório Anual de Segurança Viária de Fortaleza - 2017