ter, 22 abril 2025 10:55
Como resolver problemas do dia a dia com pesquisa aplicada na prática?
Do desenvolvimento de novos fármacos a plataformas para melhorar a gestão pública e ampliar o acesso à justiça, a Unifor possui um extenso escopo de produção científica focada na resolução prática de problemas concretos da sociedade

Um novo medicamento para suprir a escassez da única droga existente para o tratamento de sífilis congênita. Um capacete capaz de ajudar as pessoas a respirarem durante uma pandemia de Covid-19. Um aplicativo para otimizar o andamento de processos judiciais. Plataformas para acelerar processos nas mais diversas áreas e dar mais agilidade ao setor público.
Esta é uma pequena amostra dos resultados de uma metodologia de pesquisa que visa resolver problemas reais da sociedade, buscando resultados práticos a médio e curto prazo nas mais diversas áreas do conhecimento - da saúde à administração, direito e tecnologia.
Projetos como uma plataforma para integrar instituições que atuam na proteção da mulher vítima de violência ou o desenvolvimento de fármacos para o tratamento de dor, somados aos exemplos acima, mostram a força da pesquisa aplicada desenvolvida na Universidade de Fortaleza, vinculada à Fundação Edson Queiroz.
“Estimamos que em torno de 50% da pesquisa na Unifor tem um viés mais aplicado, com esse perfil de entender problemas reais e propor soluções que se apliquem”, informa o vice-reitor de Pesquisa, Milton Sousa.
O que é pesquisa aplicada e qual a diferença para a pesquisa básica?
Esse tipo de pesquisa busca resolver problemas concretos da sociedade, transformando o conhecimento científico em soluções práticas. É diferente da pesquisa básica ou pura, que se dedica a entender fenômenos de forma mais teórica.
“A pesquisa aplicada tem como foco utilizar esse conhecimento para melhorar a vida das pessoas — seja desenvolvendo novos medicamentos, tecnologias, processos de ensino ou políticas públicas”, explica a coordenadora de Pesquisa da Vice-Reitoria de Pesquisa (VRP) da Unifor, Adriana Rolim.
Quando um cientista estuda como funciona uma célula sem ter um produto final em mente, por exemplo, está fazendo pesquisa básica. Já a pesquisa aplicada usa esse conhecimento para resolver problemas concretos, como desenvolver um novo tratamento ou tecnologia.
Em geral, as etapas metodológicas dos dois tipos de pesquisa são parecidas: ambas partem de uma pergunta de pesquisa, seguem com revisão da literatura, definição de métodos, coleta e análise de dados. O que muda é o foco.
“Na pesquisa aplicada, desde o início, há uma preocupação com o uso prático dos resultados. Além disso, muitas vezes, a pesquisa aplicada envolve parcerias com empresas, hospitais, escolas ou órgãos públicos, o que também influencia o formato do trabalho”, pontua a professora Adriana.
Milton acrescenta que a pesquisa básica é muito importante para as novas descobertas. Já a pesquisa aplicada é fundamental para entender como o conhecimento pode ser utilizado de forma prática e como pode resolver um problema existente.
“A pesquisa aplicada traz uma responsabilidade importante, que é olhar o mundo e seus problemas e se responsabilizar por pensar e descobrir soluções que sejam viáveis. Isso agrega para o dia a dia da Universidade ao incorporar alunos nesses projetos, além da reputação como uma instituição comprometida com os principais problemas da sociedade” — Milton Sousa, vice-reitor de Pesquisa da Unifor
Na Universidade de Fortaleza, a pesquisa aplicada é incentivada em diversas áreas, como saúde, direito, administração, engenharia e tecnologia. “Temos grupos que desenvolvem os mais diversos tipos de pesquisa, buscando conectar ciência e comunidade, pensando em soluções inovadoras para os desafios do nosso tempo”, garante Adriana Rolim. Vamos entender como isso ocorre na prática dentro da Universidade?
Estrutura de ponta para transformar conhecimento em ação
A Unifor tem uma estrutura de ponta para transformar conhecimento científico em ação prática, capaz de melhorar a vida das pessoas e solucionar problemas da sociedade. “A Universidade tem editais internos de pesquisa, financiados pela Fundação Edson Queiroz e que buscam investir nas pesquisas relevantes que nossos docentes desenvolvem”, salienta o vice-reitor Milton Sousa.
Parte da avaliação desses projetos de pesquisa diz respeito justamente à futura aplicação prática do conhecimento gerado. Para avaliar os projetos, a Unifor faz perguntas como: Que problemas essa pesquisa resolve? Que mudança pode ser proposta a partir de seus resultados?
A coordenadora de Pesquisa da VRP, Adriana Rolim, lembra que a universidade tem um papel fundamental na promoção da pesquisa interdisciplinar, porque é nesse ambiente diverso que diferentes áreas do conhecimento podem se encontrar. “Mas para isso acontecer de forma efetiva, é preciso criar condições e incentivos”, ressalta.
O apoio institucional da Fundação Edson Queiroz e da Universidade de Fortaleza ocorre por meio da constante atualização e manutenção da infraestrutura de pesquisa, bem como o apoio financeiro que ocorre por meio de editais (como o Edital de Apoio a Equipes de Pesquisa e o Edital do Programa de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica), além do apoio para pagamento de tradução e taxas de publicação de artigos científicos.
“Esse apoio permite o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares que muitas vezes já existem informalmente, e o papel da instituição é justamente reconhecer e fortalecer essas iniciativas”, afirma a docente.
“A pesquisa aplicada tem um papel essencial no desenvolvimento científico porque ela transforma o conhecimento em ação. É por meio dela que descobertas acadêmicas se convertem em soluções que melhoram diretamente a vida das pessoas — como novos tratamentos de saúde, inovações tecnológicas, melhorias na educação ou políticas públicas mais eficazes. Ela aproxima a universidade da realidade social. Na Unifor, essa abordagem faz parte da identidade institucional” — Adriana Rolim, coordenadora de Pesquisa da Vice-Reitoria de Pesquisa
De maneira geral, os projetos aplicados desenvolvidos na Unifor muitas vezes nascem de demandas reais da comunidade, de empresas e de serviços públicos. “Isso permite que a Unifor contribua de forma ativa para resolver problemas cotidianos, como o combate ao câncer, a inclusão social, a segurança digital e a qualidade da educação básica”, diz Adriana.
Além disso, ao envolver estudantes e pesquisadores nesses processos, a Universidade de Fortaleza forma profissionais mais sensíveis, criativos e comprometidos com a transformação da sociedade.
Ciente disso, a Unifor possui um extenso escopo de produção científica focada na resolução de problemas práticos, investindo em pesquisas que tragam benefícios sociais de maneira célere. Um exemplo disso foi a produção do capacete Elmo, uma tecnologia desenvolvida para ajudar pessoas com problemas respiratórios no período de escassez de recursos durante a pandemia da Covid-19.
O Núcleo de Biologia Experimental (Nubex) é um dos ambientes onde a pesquisa aplicada é realizada na Unifor. Os estudos desenvolvidos lá abrangem desde a avaliação de compostos naturais com ação analgésica, uso de nanotecnologia para a liberação controlada de medicamentos, até o desenvolvimento de biofármacos com potencial terapêutico para diferentes doenças.
“Utilizando modelos celulares e animais, os pesquisadores investigam alternativas mais eficazes e seguras para o tratamento de enfermidades complexas. Além do avanço científico, os projetos contribuem para a formação de profissionais qualificados e para o fortalecimento da inovação na área da saúde”, declara Adriana.
Um exemplo de pesquisa aplicada desenvolvida no Nubex é o estudo com zebrafish que pode revolucionar tratamentos de dor e doenças neurológicas. Coordenado por Adriana Rolim, o projeto testa compostos naturais e sintéticos, reduzindo uso de roedores e abrindo caminho para terapias inovadoras em AVC, ansiedade e regeneração cardíaca.
Também vale o destaque para o projeto científico “Desenvolvimento de Nanosistemas a Base de Biopolímeros para Veiculação de Proteínas”, coordenado pelos docentes Adriana Rolim, Ana Cristina Moreira e Angelo Roncalli para avaliar o potencial de uma proteína vegetal no tratamento da dor orofacial.
Outra pesquisa realizada no Nubex, intitulada “Revolução na Administração de Insulina: A Promessa das Nanopartículas”, tem como objetivo desenvolver uma via alternativa para a administração da insulina, ou seja, sem o incômodo causado pela injeção. “O Nubex reafirma o compromisso da Unifor com uma ciência que gera impacto real, promovendo saúde, conhecimento e transformação social”, salienta Adriana.
Na Universidade de Fortaleza, a pesquisa aplicada está nos mais diversos campos de atuação e conta com uma estrutura robusta. Vamos conhecer algumas iniciativas em distintas áreas e ver como essa metodologia vem contribuindo com a sociedade?
Construir soluções inovadoras no direito
A necessidade de usar a pesquisa científica como um instrumento de construção de soluções para problemas do mundo e da vida cotidiana é um dos focos do Mestrado Profissional em Direito e Gestão de Conflitos (MPDir) da Unifor.
Um fruto disso é o projeto que criou uma plataforma para integrar as diversas instituições e atores que atuam na proteção e na defesa da mulher vítima de violência, realizada pelo juiz Tiago Dias, egresso do MPDir. O programa, que faz análise de riscos nestes casos de violência, está sendo replicado em todo o Ceará pelo Tribunal de Justiça do Estado Ceará (TJCE) e está em fase de teste em outros estados.
“Essa plataforma funciona como um programa de proteção que permite que o juiz tome decisões sobre as medidas protetivas com informações mais precisas. Agiliza a interação entre as diversas instituições - como o Poder Judiciário, a Polícia, a Assistência Social - e possibilita atuar de maneira mais eficaz na proteção da mulher vítima de violência”, explica o coordenador do Mestrado, Gustavo Feitosa, orientador do projeto.
Por meio da pesquisa aplicada, o defensor público Thiago Rosas, que atua na Defensoria Pública do Amazonas, conseguiu articular diversas instituições para construir uma solução para um conflito habitacional que envolvia um bairro inteiro de Manaus.
Sob orientação do professor Alessandro Salles na Unifor, o projeto promoveu uma articulação com Advocacia Geral da União, Prefeitura de Manaus, Governo do Amazonas, Defensoria Pública, Ministério Público e universidades para evitar a remoção de 3.500 famílias de uma comunidade indígena que há anos vivenciavam um conflito urbano.
“Todos esses projetos partiram da identificação de um problema real, do estudo, da pesquisa científica sobre esses problemas e da construção de soluções que seguissem as melhores práticas encontradas no Brasil e no exterior, sempre fundamentadas em pesquisa científica, com estímulo à inovação, com estímulo ao uso de novas tecnologias, com a busca da gestão consensual dos conflitos", destaca Gustavo.
Ele afirma que, no campo do direito, existe uma longa tradição de excelentes pesquisas teóricas que ajudam a construir boas práticas profissionais. Mas pondera que é preciso articular essas pesquisas teóricas com pesquisas que visem construir soluções inovadoras e transformadoras para os problemas reais da vida do sistema de justiça.
“A lógica do mestrado profissional é aplicar o conhecimento científico [...] como instrumento de aprimoramento das práticas desenvolvidas no judiciário, na defensoria, na advocacia, no mundo empresarial e, com isso, termos soluções mais ágeis, mais baratas, que protejam mais o direito das pessoas” — Gustavo Feitosa, coordenador do Mestrado Profissional em Direito e Gestão de Conflitos
Pesquisa aplicada para a saúde coletiva
A pesquisa aplicada para o desenvolvimento científico e o impacto mais imediato na sociedade é “extremamente importante” na área da saúde, afirma a docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC), Maria Alix.
Atualmente, ela trabalha em um estudo que busca desenvolver um novo medicamento para sífilis congênita diante da escassez de penicilina benzatina em 41 países. É que este medicamento é a única droga disponível hoje no tratamento da mãe que é capaz de atravessar a barreira transplacentária e tratar também a criança, prevenindo a sífilis congênita.
A pesquisa coordenada por Maria Alix trata-se de um ensaio clínico, um tipo de pesquisa padrão ouro na pesquisa epidemiológica, e é um projeto financiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que a convidou para coordenar o estudo no Brasil.
“Estamos testando uma nova droga para tratamento da sífilis. A coordenação geral do estudo é aqui na Unifor, mas ocorre em parceria com a Universidade Federal de Pelotas e Universidade Católica de Pelotas no Rio Grande do Sul” — Maria Alix, docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
A pesquisa recebeu, recentemente, o Prêmio Walter Takahashi de melhor tema livre clínico durante o 49o. BRAVS Meeting Retina 2025, o maior congresso da área da América Latina, realizado em Curitiba, no início de abril. Participam do estudo professores do curso de Medicina da Unifor, além de alunos de iniciação científica de diferentes cursos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) para uma abordagem interdisciplinar de atendimento.
A nova droga em desenvolvimento está, neste momento, sendo testada para o tratamento em mulheres não grávidas com sífilis. “Se provarmos que a droga é eficaz, provavelmente será testada posteriormente em gestantes”, afirma Maria Alix.
O projeto começou em dezembro de 2019 e é coordenado pela Unifor e pela OMS. A pesquisa está em desenvolvimento em Fortaleza e em Pelotas, no Rio Grande do Sul. “Estamos finalizando o recrutamento, trabalhamos junto com a coordenação da pesquisa na OMS e temos a participação também do Ministério da Saúde, da Fiocruz e da Universidade Federal do Ceará”, pontua a professora. Caso os resultados sejam promissores, a pesquisa poderá solucionar um problema concreto existente hoje na saúde coletiva de mais de 40 países.
Tecnologia, um campo transversal
Imagine um núcleo dedicado a desenvolver projetos de pesquisa e inovação a partir da ciência de dados e inteligência artificial (IA). Cotidianamente, o Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial (NCDIA) da Unifor atua para resolver problemas com os quais empresas e pessoas lidam no seu dia a dia por meio da pesquisa aplicada.
Lá, já foram desenvolvidos projetos em parceria com a operadora de saúde Hapvida, o Tribunal de Justiça do Ceará e a Secretaria Municipal das Finanças (Sefin), mostrando como a tecnologia tem contribuído para soluções nos mais diversos campos de atuação. É o que revela Vládia Pinheiro, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA) da Unifor.
“A tecnologia tem se ramificado de forma intensa e abrangente para praticamente todas as áreas do conhecimento e da vida cotidiana. Esse processo acontece por meio da incorporação de soluções tecnológicas em atividades antes puramente humanas ou manuais, trazendo mais eficiência, personalização e acessibilidade” — Vládia Pinheiro, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada
Ela conta que, na saúde, aplicativos e chatbots auxiliam e acompanham o tratamento e condições de saúde do paciente. “Temos também a telemedicina e diagnósticos assistidos por IA”, acrescenta. Na área da Justiça, IAs generativas apoiam o desenvolvimento de documentos jurídicos, decisões judiciais e atendimentos.
A pesquisa aplicada também está diretamente na nossa vida cotidiana, com as casas inteligentes com assistentes de voz e eletrodomésticos conectados. Apps de gestão financeira, organização pessoal, delivery, transporte urbano, etc.
No trabalho, usamos ferramentas de automação de tarefas (como RPA), organização de equipes (Trello, Notion), e IA para geração de conteúdo ou apoio à decisão. “Estes exemplos demonstram que a tecnologia é um campo transversal a todas as áreas do conhecimento, impactando a forma como aprendemos, nos relacionamos e trabalhamos”, declara a docente.
Diante da crescente demanda por inovação e pesquisa em IA, o PPGIA criou a linha de pesquisa Ciência de Dados e Inteligência Artificial e estruturou o NCDIA. “Com isso, a Unifor reúne os três pilares essenciais para o avanço de pesquisas aplicadas em IA: formação de profissionais altamente qualificados, um núcleo de pesquisa com infraestrutura computacional de ponta e o apoio institucional para captação e gestão de projetos estratégicos com empresas”, afirma Vládia.
Conhecimento para otimizar a gestão em tempos voláteis
No campo da administração, a pesquisa aplicada também tem um papel essencial, especialmente no atual cenário global de incerteza e transformação, que exige de gestores e empresas decisões assertivas e estratégicas com agilidade.
“O contexto atual, tanto nacional quanto internacional, apresenta demandas relativamente novas para as empresas, especialmente relacionadas a questões sociais, ambientais e de governança (ESG). Nesse sentido, as pesquisas em gestão precisam buscar respostas e soluções para esse ambiente tão desafiador e volátil, que muda em uma velocidade cada vez maior, incluindo também nesse contexto as questões tecnológicas, tais como a inteligência artificial” — Fernando Viana, professor titular do Programa de Pós-Graduação em Administração
Neste contexto, o professor titular do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Unifor, Fernando Viana, conta que tem conduzido e orientado pesquisas em duas áreas principais do campo da administração e gestão: a Sustentabilidade em Cadeias de Suprimentos e a Economia Circular.
“Pelas características principais dessas áreas, que têm forte vinculação com a questão da sustentabilidade, essas pesquisas trazem grande potencial de impacto, tanto para as organizações diretamente envolvidas nas pesquisas (nas quais ocorre a coleta de dados) como para a sociedade em geral, considerando que a discussão sobre sustentabilidade no contexto atual de mudanças climáticas, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), entre outras questões, mostra-se essencial”, afirma Fernando.
O docente destaca a pesquisa “O Tripé da Estratégia e a Sustentabilidade em Cadeias de Suprimentos de Alimentos: um estudo na cadeia da cajucultura”, que investiga a relação entre diferentes correntes teóricas da estratégia (visão baseada na indústria, visão baseada em recursos e visão baseada em instituições) e a orientação para a sustentabilidade em cadeias de suprimentos, tema pouco explorado na literatura até então.
“Os resultados mostram que as empresas devem migrar da capacidade de resposta à pressão para a gestão estratégica a fim de implementar iniciativas voltadas para a sustentabilidade”, pontua ele, sobre o trabalho, que é a tese de doutorado de Roselene Couras Del Vecchio da Ponte, egressa do PPGA e docente do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG) da Unifor.
Outra pesquisa aplicada destacada por Fernando é “A Transição para a Economia Circular da Cadeia de Suprimento da Indústria de Embalagens Plásticas no Brasil: lições a partir da experiência de países da União Europeia”.
O trabalho surgiu da necessidade de se discutir a problemática dos resíduos de plásticos, com foco nas embalagens, em função dos impactos ambientais crescentes que tais resíduos vêm gerando em todo mundo, mas pensando particularmente nas soluções que vêm sendo implementadas na Europa. A ideia é identificar as principais lições para o avanço dessa transição no Brasil.
Os conhecimentos gerados pela pesquisa apontaram caminhos para o desenho de políticas públicas adaptadas ao contexto brasileiro, mais complexo por conta da desigualdade social, da legislação ineficaz e da ausência de coleta seletiva. O estudo permitiu a participação ativa do docente na consulta pública capitaneada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), do Governo Federal, referente à elaboração do Plano Nacional de Economia Circular. “Futuramente, pretende-se buscar, de forma proativa, uma articulação com autoridades em nível local”, diz Fernando.
Ele explica que a celeridade da pesquisa aplicada é cada vez mais relevante no campo da administração e da gestão, dadas as características atuais do ambiente empresarial, que envolvem turbulências e conflitos no mercado internacional (guerra tarifária), guerras, pandemias, consequências das mudanças climáticas (secas, inundações etc), entre outras. Tudo isso traz um grande nível de incerteza, que dificulta a tomada de decisão.
“Nesse sentido, pesquisas com potencial de impacto direcionado a essas questões vêm sendo fomentadas em todo o mundo, inclusive na Unifor, com destaque para os editais de apoio a equipes de pesquisa, lançados anualmente pela VRP, que fomentam o custeio das pesquisas realizadas em diversos campo de conhecimento, valorizando aquelas direcionadas aos ODS da ONU e que contemplem parcerias internacionais”, ressalta.