seg, 10 fevereiro 2025 18:49
Pesquisa Unifor: estudo investiga manifestações neurológicas relacionadas às arboviroses
Conduzido por Danielle Malta e Keny Colares, o trabalho busca fortalecer o sistema de saúde contra condições associadas a doenças como chikungunya, dengue e zika

Reconhecida internacionalmente pela excelência em pesquisa, a Universidade de Fortaleza — instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz — fomenta produções científicas focadas em atenuar os impactos de doenças com alta incidência de casos no Brasil, como é o caso das arboviroses.
Conduzido por Danielle Malta, coordenadora do Mestrado em Ciências Médicas e professora do curso de Medicina, e Keny Colares, docente de Medicina, o projeto de pesquisa “Vigilância sentinela das arboviroses neuroinvasivas” é um dos principais trabalhos incentivados pela Unifor na área da saúde e teve início em 2024.
O estudo tem como objetivo fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde contra manifestações neurológicas relacionadas às arboviroses (chikungunya, dengue, oropouche e zika são as mais comuns). As principais condições associadas a infecções virais são: encefalite, meningoencefalite, encefalomielite e síndrome de Guillain-Barré.
“O acometimento do sistema nervoso por arbovírus é considerado um problema emergente em todo o mundo. Os arbovírus representam importante causa de adoecimento e óbito em nosso meio há várias décadas. Porém, sua frequência como etiologia de doença neurológica tem sido pouco estudada na nossa região e no país” — Danielle Malta, coordenadora do Mestrado em Ciências Médicas e docente do curso de Medicina da Unifor
Monitoramento em fase inicial
A produção científica envolve pessoas internadas no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) com suspeita de arboviroses neuroinvasivas. Os pacientes começaram a ser monitorados em dezembro, e a tendência é que o estudo tenha avanços ainda no primeiro semestre — pois o aumento do número de casos coincide com o período chuvoso no Ceará.
De acordo com dados do sistema IntegraSUS, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), foram confirmados 128 casos: 109 de dengue, 19 de chikungunya e nenhum de zika.
“Os materiais coletados já estão sendo colocados no banco de dados e, consequentemente, estamos realizando testes. As informações ainda estão longe de serem interpretadas, mas é um projeto de pesquisa com enorme potencial”, destaca o professor Keny Colares.
Keny Colares é médico infectologista e atuou na linha de frente do combate à covid-19 (Foto: Ares Soares)
O trabalho também é realizado por Fernanda Martins, docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (PPGCM), e Camila Fontgalland, mestranda em Ciências Médicas, ambas da Unifor. Além do HGF, a pesquisa é desenvolvida no Núcleo de Biologia Experimental (Nubex).
Estudo pode ajudar na antecipação e controle de surtos virais
A expectativa dos pesquisadores é de que as informações obtidas no decorrer do estudo sejam suficientes para detalhar fatores ligados ao diagnóstico e prognóstico.
“Na pesquisa, um dos principais resultados esperados será a identificação dos agentes etiológicos (os causadores) predominantes em casos de arboviroses neuroinvasivas no Ceará — incluindo arbovírus como oropouche, dengue, zika, chikungunya, mayaro — e a frequência dos casos associados a cada patógeno”, comenta Danielle Malta.
O principal anseio da equipe de pesquisadores é o aprimoramento do protocolo de vigilância epidemiológica, de modo que torne-se viável a detecção precoce e precisa de surtos das arboviroses.