Projeto Brincando com Livros promove transformação cultural e social durante formação na Unifor

seg, 10 fevereiro 2025 15:23

Projeto Brincando com Livros promove transformação cultural e social durante formação na Unifor

Iniciativa integra o Programa Cidadania Ativa, do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade de Fortaleza, mas está com inscrições abertas para alunos de todas as graduações


Adaptando clássicos da literatura infantil para o teatro, a iniciativa leva obras a crianças da educação infantil e do ensino fundamental (Foto: Arquivo Pessoal)
Adaptando clássicos da literatura infantil para o teatro, a iniciativa leva obras a crianças da educação infantil e do ensino fundamental (Foto: Arquivo Pessoal)

A arte se manifesta de diversas formas, como poesia, teatro, música e dança, enriquecendo a experiência cultural e emocional das crianças. Essas expressões artísticas entretêm e educam, promovendo o desenvolvimento da criatividade e da imaginação. Visando criar um espaço lúdico e transformador, o projeto Brincando com Livros, do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade de Fortaleza — instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz —, está com inscrições abertas para voluntários.

Idealizado em 2011 pela professora Ivanilda Sousa, durante o período em que a docente Gina Vidal esteve à frente do curso de Direito, o projeto é voltado especialmente aos alunos dos semestres iniciais de Direito, incentivando a criação de iniciativas que promovam a educação e o desenvolvimento cultural, o que enriquece a formação humana dos estudantes. Além disso, estudantes de qualquer curso podem participar, ampliando assim a diversidade de experiências e contribuições para a iniciativa.

Atualmente, o Brincando com Livros integra o Programa Cidadania Ativa, que abrange uma série de projetos de extensão voluntários. Essas iniciativas envolvem a participação de alunos e professores e têm como foco a realização de ações educativas em comunidades, como escolas públicas, associações e ONGs.

“Com a proposta inicial de envolver os alunos do curso de Direito em ação cidadã ao levar temas diversos para crianças por meio da literatura e do teatro, o programa transbordou e acolheu também a comunidade acadêmica, nossos ex-alunos e até a família deles. É um projeto especial, realizado por meio de parcerias valorosas que envolvem a Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária (Virex) da Unifor e a comunidade local”, explica o professor Erick Cysne, atual coordenador do Cidadania Ativa.

Sob a liderança da professora Ivanilda, o projeto adaptou clássicos da literatura infantil para o teatro, apresentando essas obras a crianças da educação infantil e do ensino fundamental em diversas instituições de Fortaleza. Desde a sua criação, cerca de oito mil crianças já foram beneficiadas pelas atividades.


Apresentação do clássico “O Mágico de Oz” (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos primeiros quatro anos, as ações do projeto eram realizadas em duas etapas. Uma delas ocorria na Universidade, onde alunos da Escola Yolanda Queiroz assistiam a histórias contadas com fantoches e dramatizações. A outra era itinerante, levando os alunos a interagir com crianças que necessitavam de experiências lúdicas. Desde 2015, o projeto se expandiu para o teatro, proporcionando apresentações teatrais que enriquecem a experiência cultural das crianças participantes.

“O programa emerge como uma iniciativa inovadora e de impacto, utilizando-se da linguagem lúdica, da literatura infantil, poesia, teatro, música, dança e das artes visuais para instigar o gosto pela leitura nas crianças e o desenvolvimento do imaginário e da criatividade delas”, enfatiza Ivanilda, coordenadora do projeto.

Sobre o Brincando com Livros

Além de promover o acesso à literatura, o projeto Brincando com Livros tem contribuído para o desenvolvimento integral de todos os envolvidos, incentivando habilidades como reflexão, criatividade e aprendizado. 

As inscrições são feitas online no primeiro mês letivo e as reuniões semanais ocorrem aos sábados. Durante esses encontros, os voluntários discutem as obras a serem adaptadas para o teatro e colaboram na construção das personagens e roteiros.

Ao longo do semestre, os participantes ensaiam para a apresentação final, que inclui trabalho vocal, gestual, figurinos e cenários. Uma palestra lúdica é realizada antes do espetáculo, visando despertar a curiosidade das crianças e desenvolver sua consciência crítica.

Durante a pandemia, o projeto não interrompeu suas atividades, migrando para encontros online e realizando apresentações ao vivo e gravadas para escolas. Adaptando a obra “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, e criando a peça “A Festa da Leitura no Reino das Águas Claras”. 

“Os alunos voluntários têm suas vidas pessoal e profissional impactadas ao desenvolver e descobrir habilidades de liderança, poder de comunicação, potencial imaginativo e criativo para resolução de problemas e, mais importante, aprimorar a habilidade de trabalhar suas próprias emoções com inteligência emocional e humanitária”, ressalta Ivanilda Sousa.

Experiências transformadoras pelo projeto 

Petrúcia Maria Antero Pinheiro, mãe da estudante de Direito Judith Pinheiro e doutoranda em Saúde Coletiva na Unifor, compartilha a experiência enriquecedora de sua filha no programa. 

“A experiência foi muito gratificante e importante para a sua formação integral. Por meio do projeto, ela teve a oportunidade de realizar uma releitura reflexiva da obra ‘O Pequeno Príncipe’, trabalhar em equipe para preparar uma peça teatral e vencer inibições ao apresentá-la no Teatro Celina Queiroz”, ressalta. Ela expressa sua felicidade ao acompanhar a jornada da filha, reconhecendo o impacto positivo do projeto na comunidade.


“Sou testemunha das reflexões inspiradas pelo livro e toda a preparação para a apresentação da peça. Judith vivenciou a importância da disciplina e da postura responsável e comprometida para o êxito do projeto. Também desenvolveu a aptidão necessária para atuar no palco, sob os holofotes, diante de numerosa plateia. Realmente, no dia da apresentação, pareceu-me que ela havia superado a timidez e adquirido toda a desenvoltura necessária para interagir com o público. Essas aptidões são muito importantes para quem está no curso de Direito”Petrúcia Pinheiro, doutoranda em Saúde Coletiva na Unifor e mãe da aluna Judith Pinheiro

Judith, que ingressou no curso no início de 2024, interessou-se pelo projeto logo no primeiro semestre e foi escolhida para interpretar o Aviador na peça. “Como moramos em Eusébio, um pouco distante da Unifor, eu a apoiei para que pudesse comparecer às reuniões e ensaios. A proposta de aliar o conhecimento de obras literárias clássicas à encenação teatral me encantou e fui testemunhando o crescimento dela”, explica a mãe.

Petrúcia ressalta que a Unifor tem demonstrado seu papel social ao promover iniciativas como o projeto Brincando com Livros, beneficiando especialmente a comunidade que mais necessita de sua atuação e contribuindo para a formação de cidadãos. “A estrutura da Unifor é maravilhosa e não apenas viabiliza a realização de atividades extracurriculares, como garante que as iniciativas tenham uma excelente qualidade”, ressalta.


Apresentação realizada pós-pandemia, seguindo todas as orientações de saúde da Organização Mundial da Saúde (Foto: Arquivo Pessoal)

Já para Iris Sousa, estudante de Nutrição na Unifor, participar do projeto foi uma experiência transformadora e mágica. Ao ingressar no Brincando com Livros, ela se via como uma pessoa tímida, atuando mais nos bastidores. Com o tempo, ela ganhou autoconfiança e descobriu seu lugar no palco. 

Hoje, tenho presença de palco e firmeza na minha vida profissional, acadêmica e pessoal. O projeto me transformou”, afirma. A aluna destaca que, ao longo dos anos, passou de uma jovem que apenas ajudava na organização a uma participante ativa, contribuindo com cenários, sonoplastia, maquiagem artística e figurinos. 

Iris recorda momentos marcantes em sua jornada, incluindo o crescimento do projeto: “Começamos numa sala de aula com 40 ou 50 crianças. Foi mágico ver os olhinhos deles brilhando durante a contação de histórias”.

Outro episódio significativo ocorreu durante a pandemia, quando o projeto, que já atendia cerca de 300 crianças, continuou a funcionar mesmo à distância. “Realizamos a apresentação diretamente do Teatro Celina Queiroz pelo Google Meet, levando alegria para as crianças que estavam em casa. Foi gratificante saber que conseguimos alegrá-las”, ressalta.


“Tivemos muitos desafios, todo semestre uma nova história, novos participantes, um novo recomeço. Porque sempre começa do zero, e é sempre desafiador recomeçar, mas apesar de desafiador, as nossas apresentações são um sucesso”Iris Sousa, estudante de Nutrição

Ao refletir sobre sua transformação, ela destaca que o projeto não apenas leva leitura e arte para crianças de escolas públicas, mas também resgata e transforma seus participantes. “Eu era extremamente tímida e insegura, mas agora dou vida a personagens e contribuo na adaptação de roteiros”, disse, enfatizando o crescimento pessoal e profissional que o projeto proporcionou.

Com mais de dez anos de participação, a estudante tem uma coleção de histórias emocionantes para compartilhar, incluindo adaptações de clássicos da literatura infantil como “O Patinho Feio”, “João e Maria” e “Alice no País das Maravilhas”. “Nosso propósito é levar arte, cultura e cidadania, incentivando a leitura e o conhecimento por meio do teatro”, conclui Iris.