A construção de narrativas envolventes no universo cinematográfico

seg, 22 julho 2024 14:18

A construção de narrativas envolventes no universo cinematográfico

Narrativas audiovisuais desempenham papel crucial na maneira como as sociedades experienciam e compartilham histórias


Curso de Cinema e Audiovisual da Unifor conta com diversas oportunidades voltadas para o desenvolvimento de histórias envolventes e significativas (Foto: Freepik)
Curso de Cinema e Audiovisual da Unifor conta com diversas oportunidades voltadas para o desenvolvimento de histórias envolventes e significativas (Foto: Freepik)

A narrativa é a principal ferramenta utilizada para envolver e capturar a atenção do público, independentemente do tipo de obra – seja no contexto audiovisual ou literário. Entretanto, as narrativas audiovisuais, caracterizadas pelo conjunto de técnicas cinematográficas responsáveis por criar enredo, ambientação e clima de um filme, se diferenciam das textuais ao utilizar imagens, sons e efeitos visuais.

Samuel Brasileiro, professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, destaca que a experiência tanto de quem escreve quanto de quem faz filmes, assim como a dos próprios espectadores, é algo singular. Ele ressalta que a própria noção do que é envolvente pode ser muito pessoal.

"É fundamental, dentro do processo [de escrita de um filme], pensarmos no que a história que estamos querendo contar nos toca. Encontrar qual é o nosso lugar pessoal dentro dessa história, por mais que ela não tenha uma relação direta com a nossa experiência”, explica o também mestre em Comunicação Social (ênfase em Fotografia e Audiovisual) pela Universidade Federal do Ceará.

Dessa forma, para criar narrativas envolventes, alguns aspectos são imprescindíveis. O roteiro, por exemplo, desempenha um papel importante, pois não se trata apenas da história em si, mas de como ela é estruturada, montada e apresentada. Ele serve como bússola, guiando a jornada do espectador por meio de um mundo de imagens e sons, mantendo-o conectado à narrativa.

Como construir narrativas envolventes

De acordo com o docente, a construção de narrativas envolventes pode ser observada tanto pela perspectiva técnica da escrita de roteiro quanto pela compreensão de que a experiência de quem escreve, faz filmes ou assiste a eles é única. Samuel frisa que a identificação pessoal é um elemento central na construção das narrativas, permitindo que os criadores se entendam ao mesmo tempo em que compreendem a história que estão escrevendo.

Ele explica que a narrativa clássica é normalmente dividida em três atos: o primeiro apresenta o universo, o personagem e o conflito principal; o segundo desenvolve o conflito principal; e o terceiro organiza a transformação do personagem. Portanto, criar uma narrativa audiovisual envolvente dentro dessa lógica exige um entendimento profundo dessa estrutura, pois é por meio do personagem dentro da história que os espectadores se envolvem.

Assim, o diretor e roteirista reforça a importância de refletir sobre o personagem que está sendo desenvolvido e a história na qual ele está inserido. "Ao juntar esses dois elementos, é importante tentar ponderar sobre o que se deseja comunicar, pois esse é um pouco o ponto de vista que nós, como criadores, estaremos colocando dentro da história", acrescenta Samuel.

A importância do roteiro

No processo criativo, considerar estrutura do roteiro e em como as informações serão vistas e escutadas, além de trazer nuances e presenças que estarão nas cenas, é fundamental para a construção de uma narrativa audiovisual rica e impactante. A escrita do roteiro deve ser a primeira montagem do filme, onde cada cena é propositalmente desenhada para ser traduzida em imagens e sons.


(Foto: Paula Carrubba)

"Acredito que essa abordagem cria a possibilidade de uma ampliação sobre a própria escrita do roteiro. Se, por exemplo, eu entrego o roteiro a alguém, quero que essa pessoa o leia, mas, ao mesmo tempo, desejo que ela o leia imaginando um filme, pois o roteiro se transformará em uma película. Portanto, se o roteiro se tornará um filme, é essencial que essa pessoa veja e escute", diz o professor.

Para quem deseja se tornar um roteirista, Samuel Brasileiro reforça a necessidade de conhecer sobre montagem no contexto cinematográfico, já que o documento funciona como a proposição de um texto que é, do começo ao fim, repartido por cenas.

"Ou seja, o que acontece quando coloco uma imagem depois da outra? Quais são os efeitos ao unir uma imagem específica e um som específico? O trabalho do roteirista é pensar também como escrevemos isso, como estruturamos, como descrevemos e quais são as funções narrativas relacionadas a isso", finaliza.

Cinema e Audiovisual é na Unifor 

Com nota máxima (5) no Conceito de Curso (CC) do Ministério da Educação (MEC), a graduação em Cinema e Audiovisual da Unifor se destaca por sua abordagem multidisciplinar e integração entre teoria e prática. Desde o início do curso, os alunos têm contato com discussões acerca das narrativas audiovisuais e a prática da escrita de roteiros, com diversas oportunidades voltadas para o desenvolvimento de histórias envolventes e significativas. 

A graduação possui o Núcleo Criativo, espaço de experimentação onde os alunos trazem projetos pessoais para discussão e orientação, permitindo que os estudantes explorem metodologias e processos diferentes. Os projetos variam desde roteiros de ficção a documentários, séries de animação e realidades virtuais.

Além disso, o curso oferece disciplinas específicas de roteiro, como “Roteiro I”, “Roteiro II” e “Roteiro III”, assim como disciplinas optativas que exploram narrativas longas e seriadas. A proposta é que os alunos saiam narradores de suas próprias histórias, preparados para pensar e amadurecer as narrativas audiovisuais de maneira ampla e crítica.