Histórias que inspiram: Conheça profissionais que transformam o cuidado em saúde

seg, 20 maio 2024 14:40

Histórias que inspiram: Conheça profissionais que transformam o cuidado em saúde

Nesta edição, uma psicóloga que atua para garantir direitos, uma fisioterapeuta de serviços de vanguarda, um farmacêutico dedicado à saúde mental e uma enfermeira na luta por um SUS de qualidade compartilham suas jornadas inspiradoras no mundo da saúde e do cuidado humano


O Unifor Notícias Mobile lança terceiro episódio, agora sobre a área da saúde, da série de reportagens com histórias inspiradoras de egressos (Imagem: Divulgação)
O Unifor Notícias Mobile lança terceiro episódio, agora sobre a área da saúde, da série de reportagens com histórias inspiradoras de egressos (Imagem: Divulgação)

Uma psicóloga que acredita no potencial de mudança das pessoas trabalha diariamente para garantir direitos aos mais vulneráveis. Um farmacêutico deixou os tubos de ensaio dos laboratórios para entender que, na saúde mental, a música também é um bom remédio. Uma fisioterapeuta que atua na vanguarda de serviços para trazer melhorias e bem-estar para mulheres. Uma enfermeira mergulha na gestão pública para aprimorar o SUS e exaltar sua classe, dedicada ao cuidar.

Estas são algumas histórias de egressos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade de Fortaleza, vinculada à Fundação Edson Queiroz. Eles mostram como unem suas visões de mundo e conhecimento técnico para se destacarem na arte de cuidar e melhorar o mundo. 

São profissionais que ocupam muitos lugares: do setor público aos seus próprios empreendimentos. E encontraram, nos inúmeros desafios que permeiam sua longeva carreira profissional, um espaço importante para se apaixonar diariamente pela área que escolheram e, ao mesmo tempo, fazer a diferença para a comunidade.

Esta é a terceira de uma série de quatro reportagens especiais do Unifor Notícias Mobile, a serem publicadas todo mês, com histórias profissionais notáveis nas mais diversas áreas do conhecimento. Já passamos pelo universo jurídico e pelo mundo das tecnologias.

Agora, vamos conhecer profissionais inspiradores da saúde? Contamos, a seguir, as trajetórias de gente empenhada em trazer bem-estar para a sociedade e transformar vidas.

A psicóloga que se dedica à garantia de direitos

Quando ainda estava se preparando para fazer vestibular, a história de Andreya Arruda Amêndola oscilava entre Psicologia e Direito. Fazia tempo que ela tinha se decidido pela primeira opção, depois de crescer vendo a mãe ler revistas da área, mas o avô tentava estimulá-la a seguir pelo mundo das leis. Não conseguiu convencê-la e, aos 17 anos, ela começou a jornada acadêmica que a tornaria psicóloga.

No fim do curso na Unifor, pouco antes do avô falecer, ele lhe deu um anel de formatura e a parabenizou, mas pediu que ela fizesse Direito como graduada. “Acho que este desejo do meu avô ficou em mim”, diz Andreya, que hoje une as duas áreas ao coordenar as equipes Psicossociais da Defensoria Pública do Ceará.

O primeiro emprego depois da formatura já dava sinais: ela atuou em um programa da Prefeitura de Fortaleza que promovia educação em direito nas comunidades que ficavam em áreas de risco. Paralelamente, também clinicava em uma época de preconceito com a saúde mental e de pacientes escassos.

Quando não tinha pacientes, aproveitava para estudar, já que sede de aprender sempre foi seu forte. Era assim na graduação, quando desfrutou de todas as oportunidades possíveis para também mergulhar na prática. “Fui feliz nos meus estágios”, orgulha-se. Andreya estagiou da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) ao RH do Mercadinho São Luiz porque queria aprender o que pudesse de diversas áreas.

Apaixonou-se pelo ramo de Saúde e Qualidade de Vida, seu foco durante o período em que morou no Rio de Janeiro. Quando voltou para Fortaleza, mais uma vez abraçou oportunidades relacionadas ao direito e começou a trabalhar no sistema prisional. “Era uma área muito nova e as pessoas me chamavam de louca”, ri.

Longe disso. Professora universitária de psicologia jurídica, Andreya montou a coordenação do serviço de psicologia do Sistema Prisional. Depois, saiu para implantar as equipes psicossociais na Defensoria Pública. Também começou a dar formações de mediação comunitária e judicial na escola da Defensoria. Hoje, com 26 anos de formada, sabe que seu trabalho faz a diferença para transformar vidas de pessoas em vulnerabilidade e para melhorar a sociedade.

“Todos os dias estou me formando como psicóloga aqui”, diz ela, que coordena uma equipe de 30 profissionais. Todos os dias, Andreya começa o expediente ouvindo casos de violência doméstica a abuso sexual para orientar encaminhamentos. “É muito diverso. Costumo dizer que não tenho rotina nem monotonia. Todo dia a gente aprende algo novo”, detalha.


“O que me inspira no meu trabalho é a possibilidade de ressignificar, de acreditar no potencial de mudança das pessoas e ver a garantia de direitos de uma forma melhor. Trabalho com pessoas vulneráveis e tem dias que é difícil seguir. Aprendemos a nos alegrar com as pequenas coisas”
Andreya Arruda, psicóloga, coordenadora das equipes psicossociais da Defensoria Pública do Ceará e egressa da Unifor

Para Andreya, sucesso profissional é poder fazer o que gosta, ter paixão pelo que faz. “Claro que trabalho é trabalho e sempre há problemas, mas sua capacidade de resiliência se torna maior quando você encontra significado e sentido no que faz. Sei da minha contribuição social e sou muito feliz com tudo o que construí”, afirma.

Ela reconhece que, hoje, a psicologia tem um lugar diferente da época em que se formou. Vê os alunos recém-formados conseguirem atuar na clínica porque a sociedade já quebrou alguns preconceitos relacionados à saúde mental. A própria filha fará parte desta geração, já que decidiu seguir os passos da mãe e cursar também Psicologia na Unifor.

Andreya sempre defendeu que ela tomasse as próprias decisões, mas diz estar feliz de ver a filha estudar na Universidade onde hoje costuma ser convidada para dar aulas na pós-graduação e que foi sua base de formação. “A Unifor, para mim, foi muito importante porque lá tive o aprendizado e o acompanhamento [necessários]. Tenho a alegria de participar de projetos na Defensoria com pessoas de lá que foram meus mestres”, celebra.

O farmacêutico que descobriu que música também é remédio

Davi Weyne mal tinha começado o curso de Farmácia na Unifor quando teve a certeza de que havia caído de paraquedas no lugar certo. Nos tempos de vestibular, ele queria estudar biologia, mas como não tinha esse curso na Unifor, decidiu se aventurar pelo universo farmacêutico e aproveitar a bolsa parcial que conseguiu por ser filho de uma funcionária do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI)

“Eu me apaixonei pela graduação. Ela aflorou talentos em mim que eu não conhecia, como cuidar de outras pessoas”, conta. Não foi uma formação fácil, com tantas disciplinas de química, mas ele persistiu. “Esse curso me levou para lugares que eu não tinha planejado”, diz.

Davi trabalhou na farmácia industrial, mas logo deixou os tubos de ensaio dos laboratórios para atuar diretamente com as pessoas. Conseguiu uma vaga no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Messejana e deixou de manipular o medicamento para vê-lo agir nos pacientes. No processo, entendeu que, na saúde mental, a música também é um bom remédio.

É que, quando conseguiu o emprego no Caps, alguns desafios apareceram. Perguntaram que grupo terapêutico ele iria realizar ou que dia separaria para visitas domiciliares. “Mas eu adoro um desafio e decidi me engajar nisso”, conta. A sensação de recompensa não demorou a chegar. “É um público que dá um retorno cativante e acolhedor, que oferece carinho e companheirismo. Eu produzia o medicamento e depois fui entender o resultado dessa substância nas pessoas”, explica.

Apaixonado pela área, Davi ingressou em uma pós-graduação em Saúde Mental e Políticas Públicas na Unifor. Lá, teve a oportunidade de teorizar sua prática. Logo depois, saiu do Caps geral para atuar com pacientes que tinham problemas com álcool e drogas. Rodando Fortaleza em vários Centros, descobriu que existiam práticas que ajudavam tanto quanto os medicamentos, mas sem efeitos colaterais.


“Estou realizado profissionalmente. Faço o que eu quero fazer, com liberdade para fazer o melhor trabalho possível e sou reconhecido pelos pacientes e pela Universidade”Davi Weyne, farmacêutico do Caps e egresso da Unifor

Músico há décadas, ele decidiu unir o que era um hobby a sua atuação profissional. Foi assim que nasceu o grupo “Batuqueiros da Liberdade”, que trabalha a ansiedade, nervosismo, baixa autoestima e formação de vínculos com arte-cultura nas práticas psicossociais. Também coordena a bateria do bloco carnavalesco “Doido é Tu”, montado por pacientes e familiares dos serviços de saúde mental.

“Duas coisas me motivam profissionalmente: conseguir encaixar conhecimentos pessoais à teoria do cuidado e o retorno dos pacientes”, conta Davi. E é assim que ele vem fazendo a diferença na vida de muitos pela cidade. Além da contribuição no Caps, ele vem ajudando as novas gerações de farmacêuticos a desbravarem a saúde coletiva, sendo preceptor dos alunos de vários cursos da Unifor em seus estágios.

Eu e a Unifor nunca nos deixamos. Desde que me formei até hoje, ela sempre me acompanhou nestes processos. Professores trazem alunos para conhecerem um pouco minha experiência. Sempre tivemos essa parceria para além da sala de aula”, diz, orgulhoso. Foi a Universidade, aliás, que o indicou ao prêmio Sereia de Ouro em 2019, quando 50 profissionais foram homenageados por fazerem a diferença socialmente.

Fisioterapia na vanguarda

A fisioterapeuta Juliana Lerche enveredou por serviços de vanguarda para trazer melhorias e bem-estar para mulheres. Foi assim que, há duas décadas, ela começou a desbravar o mundo da fisioterapia pélvica e obstétrica. Ainda não existe esse serviço na cidade? Não tem problema, vamos criá-lo. “Fomos a primeira clínica que teve oficinas de apoio à maternidade e paternidade, serviços voltados para gestantes, para o pós-parto e exercícios para a gestante”, conta.

A clínica Harmonia Materno-Infantil nasceu em uma época em que não existia nem pilates na capital cearense. Lá, Juliana ampliou o olhar para gestantes, puérperas e outras mulheres enquanto dava informação em saúde, já que é também professora universitária. 

Desde a formatura, Juliana atuou nos cuidados com crianças e mulheres. Na UTI neonatal, foi crescendo sua empatia e apreço com as mães no pós-parto. Fez pós-graduação em Desenvolvimento Infantil, mas logo trabalhou em um serviço da Prefeitura de Fortaleza voltado para a saúde da mulher. Foi lá que foi aprimorando a atuação multiprofissional. Depois saiu para abrir a clínica, que funciona há 21 anos

Em 2022, Juliana decidiu ampliar os serviços e criou uma nova clínica: a Harmonia Clínica Conceito, com enfoque mais personalizado e exclusivo. Ambas as clínicas são multiprofissionais e incluem também fonoaudiólogos, fisioterapeutas, acupunturistas etc. “Hoje eu atendo na Harmonia Clínica Conceito e faço a parte de gestão da Harmonia Materno-Infantil”, explica.

Para ela, a vontade de empreender sempre esteve dentro de si e ganhou força com o incentivo dos pais, que sempre a estimularam a criar o que ainda não existe. Juliana sempre foi muito estudiosa e encontrou, na academia, espaço para disseminar tudo o que aprendia na prática e nos cursos de pós-graduação no Brasil e no exterior.


“Dentro da fisioterapia pélvica e obstétrica, temos a possibilidade de impactar a qualidade de vida das mulheres. E trazer não só saúde, mas, em determinados casos, a dignidade mesmo”Juliana Lerche, fisioterapeuta, empresária e egressa da Unifor

Inspirada profissionalmente pela possibilidade de levar bem-estar e transformar a vida de mulheres, Juliana diz que a Unifor foi fundamental para a sua jornada. Foi lá que teve acesso aos melhores professores durante a graduação em Fisioterapia. E foi para lá que voltou depois para fazer o Mestrado em Saúde Coletiva

Encontrou ali uma instituição repaginada, com estrutura física aperfeiçoada e corpo docente de excelência. Por isso, tem dois filhos que estudam na Universidade, um na graduação e outra na pós-graduação. “A Unifor é inspiradora. Ela tem o que precisa para ensinar e para ajudar a trabalhar no mercado”, diz.

Para Juliana, sucesso profissional é poder viver do trabalho de uma maneira digna e justa. “A Unifor me ajudou a, de alguma forma, ser referência. Tenho colegas e professores que procuram o meu atendimento. Acho que isso é um reflexo do trabalho ético. E também faz parte do sucesso”, aponta.

A enfermagem em lugar de destaque

Aline Gouveia Martins é uma enfermeira que mergulha na gestão pública para aprimorar o Sistema Único de Saúde (SUS) e exaltar sua classe, dedicada ao cuidar. Depois de crescer pelos corredores de um grande hospital da cidade onde a mãe trabalhava, ela decidiu cursar Enfermagem na Unifor. “Entrei na Enfermagem consciente da profissão e do que eu queria”, revela.

Aline sonhava em trabalhar na saúde pública e dar o devido destaque à enfermagem na gestão do SUS. “Eu consegui realizar isso”, orgulha-se. Ela foi a primeira enfermeira a assumir a Secretaria Adjunta da Saúde de Fortaleza. Antes disso, atuou em muitas frentes, do atendimento à gestão. 

No município de Cariús, a quase 500 km de Fortaleza, atuou na implementação do então Programa de Saúde da Família (PSF). Depois, seguiu para a cidade de Alto Santo, onde coordenou a Vigilância Epidemiológica e a Vigilância Sanitária. Logo veio a primeira aprovação em concurso, quando foi trabalhar na Estratégia de Saúde da Família em Aracoiaba. Não demorou muito para ser convidada para coordenar a Atenção Primária do município, onde assumiu interinamente a Secretaria da Saúde algumas vezes.

Logo viriam mais aprovações em concursos, como o do Hospital Waldemar de Alcântara. Isso a levou de volta para Fortaleza. Na capital, ampliou a experiência de gestão. Foi articuladora e coordenadora de saúde da Regional VI, a maior da cidade, com mais de 600 mil habitantes.

Em seguida, tornou-se coordenadora geral de todas as Regionais. Foi este caminho que desembocou na secretaria adjunta da saúde do município e na presidência da Fundação de Apoio à Gestão Integrada em Saúde de Fortaleza (Fagifor). Com sentimento de orgulho de toda esta jornada profissional, Aline está agora de volta à Regional VI.


“O que me move é a certeza da missão de ser servidora pública. Servir ao público não se resume a um vínculo de trabalho, é uma vocação. Você sentir empatia e ter a possibilidade de ajudar a população não tem preço”Aline Gouveia, enfermeira, gestora pública e egressa da Unifor

Em todo este percurso, Aline conta que a Unifor foi a base de tudo. “Estive em uma universidade extremamente preparada que me deu todos os elementos possíveis para a formação de um bom profissional. Tudo que eu faço hoje, atribuo a dados que tive na Universidade de Fortaleza. Falar na Unifor, para mim, remete a organização e seriedade”, declara.

Aline diz que alcançou um sucesso maior do que o que sonhou nos tempos de universitária. No meio do caminho, foi se especializando com pós-graduação e mestrado. Como não lembrar do quão gratificante é conseguir começar uma campanha de vacinação como a da covid-19 em plena pandemia?

“Na minha trajetória, meu foco sempre foi servir as pessoas. Os fatos que surgiram na minha vida foram consequências disso. Não foi planejado assumir os cargos que eu assumi. Não pensava: ‘quero um dia ser secretária adjunta da saúde do município’. Alcancei mais do que eu esperava”, conta.

Sucesso lhe parece uma palavra tão imensa quanto relativa, que depende tanto das expectativas do profissional quanto de como a comunidade o vê. Mas, para Aline, é possível simplificar a definição e inspirar as novas gerações.

Sucesso profissional é você estar em um local em que você é bom para o serviço e o serviço também é bom para você. É uma via de mão dupla. No meu caso, sucesso é eu conseguir trazer o que a população precisa no momento certo”, finaliza.
 

+ 1º episódio | Histórias que inspiram: A dedicação ao mundo jurídico

+ 2º episódio | Histórias que inspiram: Com a palavra, os profissionais da Tecnologia