ter, 23 março 2021 19:31
Por que estudar as cidades? Mestrandos da Universidade de Fortaleza discutem o tema
Discentes do curso de Pós-Graduação em Ciências da Cidade explicam a importância dos estudos sobre as áreas urbanas
Em seu livro “Cidades para um pequeno planeta”, o arquiteto italiano Richard Rogers caracteriza as cidades como centros de atividades culturais e comerciais dos seres humanos. Além desses dois aspectos, os centros urbanos também podem ser caracterizados como locais que impulsionam atividades políticas e sociais, e, atualmente, tecnológicas.
Em 2018, mais de 54% da população mundial residia em áreas urbanas. Com o crescimento do setor industrial e tecnológico, esse número tende a aumentar de forma exponencial. Esse fator, que muitos chamam de progresso, evidencia ainda mais as diferenças de níveis no desenvolvimento dos centros urbanos, seja no âmbito social, cultural, econômico ou político, resultando em formas de planejamento urbano e processos de desenvolvimento diferentes para cada uma dessas cidades.
Para trazer um panorama sobre o planejamento urbano e sua importância para as estruturas urbanas da cidade, dois alunos do Mestrado Profissional em Ciências da Cidade (MPCCidade), da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, abordam a importância dos estudos sobre as cidades e o que os motivaram a seguir essa área.
A cidade como um grande organismo
Para Cindy Palmeira, arquiteta graduada pela Unifor, o estudo sobre as cidades vem da vontade de agregar mais conhecimento em sua vida profissional. A aluna do MPCCidade, que atua como professora universitária atualmente, conta que sua motivação para ingressar no mestrado também vem da esperança de que a pós-graduação a ajude na hora de concorrer a uma vaga de docente em uma universidade pública.
De acordo com a arquiteta, o planejamento urbano é a base para o desenvolvimento de uma boa cidade. “O planejamento conta com uma visão sistemática da cidade como um grande organismo. Nele, precisam estar alinhadas propostas e soluções que contemplem transporte, saúde, educação, lazer e equipamentos públicos dispostos de maneira que beneficiem a vida da população”, explica ela.
Sendo assim, o planejamento urbano não é apenas uma forma de modificar o ambiente físico das cidades; os profissionais e estudiosos da área devem se comprometer com a procura de melhores soluções para a reestruturação dos espaços urbanos, dos quais eles também fazem parte. É importante que as áreas urbanas possuam iniciativas organizacionais que foquem não apenas nas infraestruturas físicas e suas implicações, mas também em projetos sociais, econômicos e culturais que trabalhem a questão da inclusão em cada um desses aspectos.
Planejamento urbano e sustentabilidade
Sobre o impacto do planejamento urbano na vida dos cidadãos, Paulo Vasconcellos, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e discente do MPCCidade, tem muito a dizer. O arquiteto, que tem especialização em Marketing e História da Arquitetura e da Arte, trabalha como planejador urbano na Prefeitura de Teresina e dá aulas sobre o assunto, o que o permite estar em contato com a temática a quase todo momento.
Para o professor, o planejamento urbano representa um grande benefício latente para as populações das cidades ao redor do Brasil, especialmente as que se encontram no nordeste do país e que, em sua grande maioria, possuem recursos orçamentários limitados. “O bom planejamento urbano vai otimizar esses recursos e tentar fazer com que as ações governamentais de curto, médio e longo prazo possam redundar em benefício direto para a qualidade de vida do cidadão”, pontua Vasconcellos
Atualmente, o desenvolvimento sustentável é um dos maiores desafios enfrentados por profissionais que estudam o assunto e trabalham na área, já que a maior parte do consumo energético mundial vem dos espaços urbanos, e a maioria dos resíduos são gerados neles. Mesmo com toda a tecnologia existente, ainda existe uma grande dificuldade em equilibrar a preservação dos recursos naturais, muitos já escassos, com a qualidade de vida exigida pelos cidadãos.
De acordo com o arquiteto, “o bom planejamento urbano é justamente aquele que busca um processo de desenvolvimento urbano sustentável em todos seus aspectos, de tal modo que falar em planejamento urbano e sustentabilidade praticamente tem o mesmo efeito”.
Mestrado em Ciências da Cidade
Cristina Romcy coordena o Mestrado Profissional em Ciências da Cidade da Unifor. (Foto: Ares Soares)
Direcionado a profissionais urbanos que desejam repensar a maneira como as instituições e organizações estão proporcionando mudanças nas cidades, o Mestrado Profissional em Ciências da Cidade (MPCCidade) usa uma abordagem baseada em evidências, e se baseia em um extenso programa interdisciplinar de pesquisa urbana e métodos de pesquisa que visam capacitar pesquisadores e cientistas, além de impulsioná-los a serem líderes urbanos do futuro.
A área de concentração do MPCCidade é focada nas Ciências da Cidade, e possui duas linhas de pesquisa: “Planejamento, gestão e relações sociais da cidade”, que proporciona uma reflexão e investigação ao projetar a cidade como ambiente urbano construído, com ênfase no processo de integração, e “Ciências e tecnologias de cidades”, compreendendo o estudo e a aplicação de tecnologias e processos para a formatação de cidades inteligentes e sustentáveis.
De acordo com Cristina Romcy, coordenadora do Mestrado, o propósito do MPCCidades é “aprimorar a formação teórica e prática dos graduados que desenvolvam suas atividades na área de cidade, e capacitá-los a pensar, estudar e propor soluções para as cidades e assim, qualificá-los como profissionais capazes de assumir responsabilidades e tomar decisões de modo objetivo, sistematizado e crítico para intervir na dinâmica da cidade no contexto da cidade contemporânea”.
O Mestrado Profissional em Ciências da Cidade da Unifor, de acordo com a coordenadora, desenvolve pesquisas que visam a integração da competência profissional do aluno com o conhecimento adquirido no curso na solução de problemas da cidade. O Mestrado está aberto para os graduados nas áreas de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, Tecnologia da Informação e demais áreas que orbitem as linhas de pesquisa do curso.
